Dia Nacional do Rio

Equipe da Semmam recolhe lixo do Rio Jacuípe no distrito de Ipuaçu

O diretor da Semmam, João Dias, destacou ao Acorda Cidade os problemas sociais e econômicos que a degradação ambiental gera para o município.

Equipe da Semman recolhe lixo do Rio Jacuípe no distrito de Ipuaçu
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O Dia Nacional do Rio é celebrado nesta quinta-feira (24). E para marcar a data, a equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam) recolheu resíduos de lixos residenciais nas margens do Rio Jacuípe, na comunidade Mergulho, no distrito de Governador João Durval Carneiro (Ipuaçu), em Feira de Santana.

O diretor do Departamento de Educação Ambiental, João Dias, alertou sobre o impacto da degradação ambiental e as consequências para a economia da região e para o crescimento de problemas sociais.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Aqui temos um criatório de peixes. Há 15 dias eu peguei 13 Tucunarés. Um quilo de Tucunaré gira em torno de R$30 a R$35. Se você destrói as pessoas não têm como viver e vão morar na rua, muitas não tem dinheiro e moram nos bairros mais pobres, aí com isso surge a favelização e também as facções criminosas que já ficaram fora de controle. Por isso, os órgãos governamentais e o poder judiciário precisam olhar para essas questões,” abordou.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

João Dias pontuou durante entrevista ao Acorda Cidade, que muitos resíduos residenciais estão sendo jogados nos riachos, que são afluentes do Rio Jacuípe.

“Encontramos preservativos, creme dental, seringas, capa de CD, pente, muitas coisas que vem da cidade. E a população do local não gosta de tirar esse lixo daqui, porque eles sentem-se revoltados com esse lixo das pessoas de fora, e não limpam porque não foram eles que jogaram. Existe uma cobrança da Associação dos Pescadores com o município para redes nos riachos, e eu como diretor da Semmam vamos aos órgão responsáveis para ser tomada uma medida mais enérgica para que essas redes sejam colocadas. O planeta está sofrendo, as pessoas estão sofrendo,” descreveu.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Mudança de sexo dos peixes

Na quarta-feira (23), o vereador Jurandy Carvalho (PL), teve uma de suas falas na Câmara Municipal, reproduzidas em diversos veículos e redes sociais após insinuar que o “xixi humano estaria afetando a vida marinha no rio Jacuípe”.

Conforme João Dias informou, os peixes podem mudar de sexo, mas ainda não existem estudos que comprovem que isso esteja acontecendo no Rio Jacuípe ou que esteja relacionado com a urina humana.

“Os peixes podem sim mudar de sexo, mas não temos certeza se está acontecendo no Rio Jacuípe. O que a gente sabe como pescador e como pesquisador, é que no Rio está desaparecendo várias espécies. A gente sabe, e podemos afirmar, que há por parte dos órgãos públicos um desinteresse total com os nossos rios, o Rio Paraguassu e o Rio Jacuípe. As espécies de peixes do Rio Jacuípe foi eu quem identifiquei, as que existem e as que desapareceram. E por não existirem estudos científicos, não podemos dizer que está acontecendo esse problemas, mas nós também não podemos descartar”, ressaltou.

Segundo João Dias, existem 22 riachos da bacia do Rio Jacuípe que trazem todo o resíduo para o Rio Jacuípe sem tratamento, como de contaminantes emergentes.

“Os contaminantes emergentes envolvem 500 contaminantes no mundo todo e segundo a ciência a parte mais preocupante desses contaminantes são os antibióticos, os anticoncepcionais e os antidepressivos. Eles são excretados nas fezes e na urina, a parte do princípio ativo que não foi absorvida pelo organismo, e o Brasil precisa ficar atento a essas questões, principalmente, a cidade de Feira de Santana. Porque a maior população está na bacia do Rio Jacuípe,” alertou.

Pouco peixe para muito rio

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Willian Costa, pescador do Rio Jacuípe, disse que ultimamente tem aparecido poucos peixes.

“Saio 4h30 às 5h para pescar camarões, mas está menos do que antes. Os peixes que mais encontramos aqui são Tilápia, Tucunaré, Traíra. Tem muita sujeira, encontramos garrafas pets, isopor, saco plástico, seringas com agulha,” relatou.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A Agente do Ecossistema de Inovação de Feira de Santana, Andreiza Vanin, que também estava participando da ação no distrito, contou ao Acorda Cidade, que a inovação está relacionada com o meio ambiente.

“O Ecossistema de Inovação reúne instituições que fomentam o empreendedorismo de inovação. E o meio ambiente faz parte das propostas e ações, inclusive o Ecossistema está envolvido na questão da requalificação da bacia do Rio Jacuípe,” contou.

Andreiza destacou que toda sociedade precisa estar envolvida no cuidado com o meio ambiente.

“A gente observa que a nossa cidade não preservou as suas águas, tem diversas lagoas que foram danificadas, casas foram construídas sobre riachos que passam pela cidade, riachos viraram esgotos e isso mostra a degradação. Nós não vivemos sem água, e cada um precisa pensar sobre isso e também precisam existir ações que levantem essa bandeira do cuidar da nossa água, dos nossos rios.”

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

As informações são do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.

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