Ney Silva
Imóveis fechados, lixos em quintais e até uma piscina em fase de construção podem estar contribuindo para uma epidemia de dengue e chikungunya no bairro Serraria Brasil em Feira de Santana. Pessoas que moram em casas no cruzamento das ruas Comandante Almiro e Cristovão Barreto são as mais prejudicadas com os focos do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Os moradores estimam que cerca de 100 pessoas estão com sintomas de dengue ou chikungunya. O comerciante Altamir Barros tem uma lanchonete no local. Ele e mais duas pessoas da família estão com sintomas das doenças.
“Estamos com uma epidemia de dengue, chikungunya. Em um pedaço pequeno de rua tem mais de 100 pessoas infectadas. É algo que não se explica. Tem a irresponsabilidade de muita gente que deixa lixo espalhado na rua e tem muitos focos. A Vigilância Sanitária já esteve aqui para averiguar e as pessoas precisam se conscientizar”, afirmou.
O taxista Ailton Costa está sem poder trabalhar. Ele disse que sente dores há alguns dias e já foi a duas unidades de saúde buscar atendimento. Ele relata que uma médica que o atendeu disse que os sintomas são de dengue e ele está aguardando o resultado do exame para ter a comprovação ou não.
“Desde o último domingo comecei a sentir dores no corpo e na segunda-feira não tive mais condições de trabalhar, fui na UPA do Clériston, me medicaram, mas não melhorei. Na terça fui pra UPA da Queimadinha e cada vez mais estou piorando. As pernas estão inchando e estou a semana toda sem trabalhar”, lamentou.
A cabeleireira Norma Carvalho disse que também está com suspeita de dengue. Além dela, duas funcionárias do salão não estão conseguindo trabalhar, com sintomas de dengue e chikungunya e ela teve que fechar o estabelecimento. Segundo ela, o problema já foi informado a prefeitura, mas a informação é que não tem material para o combate ao mosquito.
“Desde o dia primeiro duas funcionárias estão com os sintomas. Eu abri o salão ainda esta semana, mas depois comecei a sentir febre e dor no corpo, fiquei internada o dia todo, fiz o exame e deu suspeita de dengue. Agora vou fazer outro exame para confirmar, mas estou com dores e o corpo com manchas vermelhas. É muita gente doente e temos que saber o que está acontecendo”, afirmou.
A família da também cabeleireira Damiana Franco Pedra está com dengue. Segundo ela, já são cinco membros da família que tiveram a doença, sendo que dois já estão sem apresentar sintomas.
“O médico disse que só com quatro dias após o início dos sintomas que poderia fazer os exames para detectar se é dengue ou chikungunya. Mas de antemão ele disse que o diagnóstico é dengue. Eu já tenho oitos dias nessa situação e já não estou aguentando mais. É muita gente com dengue aqui nesse trecho do bairro”.
O coordenador de endemias da Vigilância Epidemiológica, Edilson Matos, disse que uma equipe está trabalhando no local para orientar a população e que as medidas necessárias já estão sendo tomadas com a presença de agentes de endemias no bairro para detectar focos. Ele confirmou que está faltando inseticida para o combate ao mosquito.
“Geralmente quanto tem essa quantidade de casos, tem um foco gerador, então a gente tem que eliminar primeiro. Como não tem o inseticida, eu vou ter que arrumar algum inseticida para fazer o bloqueio para cortar a cadeia de transmissão e evitar novas infecções. Quem faz o trabalho de investigação é a Vigilância Epidemiológica e fazendo esse trabalho, ela vai confirmar se é chikungunya ou não”, informou.
Edilson Matos confirmou que o número de pessoas que apresentam os sintomas da dengue e chikungunya na Serraria Brasil pode passar de 100. Ele orientou que quem apresentar os sintomas, deve procurar um posto de saúde mais próximo para que a notificação seja feita e a pessoa receba as orientações necessárias.
“Quando as pessoas fazem a notificação, nós, de imediato, mandamos um agente ir até o local fazer o trabalho. Já comunicamos a prefeitura a necessidade de fazer um trabalho cuidadoso no bairro para a gente eliminar os focos e assim diminuir a cadeia de transmissão do mosquito.”
De acordo com o coordenador, uma piscina em uma situação crítica foi encontrada no bairro. Além disso, ele citou que os agentes de endemias encontraram um terreno baldio com muitas vasilhas que acumulam água e servem de criadouro para o mosquito Aedes Aegypti.
“Pedimos a população que redobre os cuidados, as pessoas devem fazer a parte deles e se tiver algum terreno baldio, deve informar a secretaria de serviços públicos”.