Feira de Santana

Falta de água: gerente diz que Embasa opera no limite da sua capacidade em Feira de Santana

Alguns moradores reclamam de estarem mais de um mês sem água encanada.

Laiane Cruz

Há vários dias as reclamações sobre a falta de água são constantes, especialmente nos distritos de Feira de Santana. Alguns moradores reclamam de estarem mais de um mês sem água encanada. A gerente da Empresa Baiana de Saneamento e Águas (Embasa), Taís Dias, concedeu uma entrevista ao Acorda Cidade, para falar sobre o assunto.

Acorda Cidade – Porque vem ocorrendo essa falta de água constante em nossa cidade?

Taís Dias – O nosso sistema já opera no limite da sua capacidade, de forma ininterrupta com sua vazão máxima. E a gente já oferta, para Feira e outros cinco municípios que também são atendidos pelo nosso sistema integrado, a vazão máxima que a gente pode produzir na nossa estação de tratamento. Alguns problemas de abastecimento que tem acontecido em alguns pontos da nossa cidade tem duas causas: a primeira delas é o crescimento que se deu no município de Feira ao longo dos últimos 10 a 15 anos, pela expansão imobiliária, principalmente do programa Minha Casa, Minha Vida e dos empreendimentos particulares. Apenas no ano passado, a Embasa agregou ao seu sistema mais de dez mil novas ligações. Então o nosso sistema não conseguiu acompanhar esse crescimento e hoje se encontra no limite. A outra causa que devemos destacar é o período atual que nós estamos vivendo, que o intenso verão e a elevação das temperaturas, e a população muda seus hábitos e gasta um pouco mais de água para amenizar os efeitos do calor intenso. A gente tem registrado um aumento de cerca de 30% no consumo dos nossos usuários e as nossas redes ficam despressurizadas. E temos dificuldade de abastecer alguns pontos da cidade, que são os mais altos e os mais distantes, especialmente na zona rural pela distância do nosso centro produtor. Por isso é importante que a população coloque reservatórios em suas residências para que no período da noite ela possa armazenar água e usar durante o dia.

Acorda Cidade – Quais são os pontos mais altos de Feira de Santana?

Taís Dias – O Jardim Cruzeiro é um dos pontos mais altos e a gente tem dificuldade de abastecer. E a zona rural de Feira, mas notadamente o distrito de Maria Quitéria.

Acorda Cidade – Hoje qual é a vazão da Embasa, saindo de Conceição da Feira para cá?

Taís Dias – O nosso sistema hoje tem capacidade de produzir em média 1.350 litros por segundo.

Acorda Cidade – E a nossa necessidade seria de quanto hoje para abastecer bem a cidade?

Taís Dias – Hoje para abastecer bem a cidade, sem intermitências e sem manobras, a gente precisaria de uma vazão entre 1.900 e 2 mil litros por segundo.

Acorda Cidade – Mas a rede é que não suporta ou é um conjunto de fatores?

Taís Dias – Um conjunto de fatores. Não só a nossa rede, mas a adutora principal, que além de estar no limite de sua capacidade de escoamento, já tem anos de implantação, e precisa ser reabilitada. Dentro de quatro meses vamos conseguir ampliar para 1.500 litros com a troca de alguns equipamentos na nossa estação de bombeamento principal. Esse é apenas um dos investimentos que a Embasa vai realizar. Outro investimento importantíssimo que vai beneficiar a zona rural de Feira de Santana é a duplicação da adutora que abastece essa região, que fica entre as elevatórias 3, na Cidade Nova, e 4 que fica no entroncamento de tanquinho. A gente tem uma tubulação ali de 250 milímetros e vamos duplicar botando uma tubulação de 400 milímetros e resolvendo o problema da zona rural. A gente está iniciando o processo licitatório, porque somos uma empresa de economia mista e precisamos cumprir alguns rituais. Vamos licitar essa obra, e é previsto que seja em março.

Acorda Cidade – No caso de bairros que são baixos, como o Feira X, Jardim Acácia e mesmo assim falta água. Qual a justificativa?

Taís Dias – Como o sistema está no limite da sua capacidade, precisamos para abastecer toda a população utilizar a manobra, que é a alternância de abastecimento entre as localidades. Então inevitavelmente, apesar de topograficamente, alguns bairros serem favoráveis ao abastecimento, a gente tem feito essa alternância para nos ajudar a abastecer os pontos críticos da cidade. Por isso a gente pede a parceria da população, primeiro na questão adoção dos reservatórios domiciliares, depois no uso correto e racional da água, evitando desperdícios e também nos ajudar na denúncia de ligações clandestinas, que também é um dos problemas grandes na cidade de Feira de Santana. Somente no ano passado, nós já encontramos mais de 1.200 ligações clandestinas em nosso município. A existência dessas ligações clandestinas, além de se configurar como furto de água, e por essa razão ser considerado crime, ela prejudica bastante o abastecimento, podendo até contaminar a nossa água, porque a população não tem capacitação para executar ligação em nossas cidades. Além disso, com a ligação clandestina, por não pagar por essa água, o consumidor tem o hábito de desperdiçar e isso também prejudica bastante o abastecimento.

Acorda Cidade – O que justifica o distrito de Jaíba estar há dois meses sem água, e o povoado de Tanquinho, Maria Quitéria e Tiquaruçu há 24 dias?

Taís Dias – Essa é uma região que a gente tem muita dificuldade de abastecimento. O que estamos fazendo para minimizar essa questão é a adoção do carro-pipa. Nós estamos com um cronograma semanal de envio de carros-pipa a essas localidades e nós contamos com a ajuda fundamental dos representantes de associação na distribuição desses carros porque a gente deposita essa água na maioria das vezes em tanques comunitários para que a logística seja melhor e mais rápida e nossas equipes estão em campo verificando essas situações e adotando medidas de curtíssimo prazo para ajudar a pressurizar esses locais. No caso de Jaíba, ontem nós fizemos uma manutenção numa rede que alimenta um equipamento de bombeamento que ajuda a pressurizar essa rede para chegar em Jaíba e acredito dentre hoje e manhã essa situação deve estar resolvida.

Acorda Cidade – O governador anunciou R$ 300 milhões para fazer uma nova adutora. Como se dará isso?

Taís Dias – Esse recurso de R$ 300 milhões foi firmado junto ao Banco do Nordeste. Com esse dinheiro, a Embasa vai fazer a ampliação de todo o seu sistema produtor. Vamos ampliar a nossa estação de tratamento de água, localizada no município de Conceição da Feira, vamos trocar os equipamentos da captação, que pegam água do manancial, e vamos duplicar a adutora de água tratada, que vem de Conceição da Feira e tem uma extensão de 30 km até Feira de Santana. Será uma nova adutora, com diâmetro entre 1.400 e 1.500 milímetros. Esse sistema foi dimensionado pra um horizonte de 20 anos, então vamos mais que dobrar a capacidade do nosso sistema. O recurso já está garantido, porém ele será utilizado para um conjunto de ações aqui em Feira. Não só para ampliação do sistema produtor, mas também a construção de outro centro de reservação na região do Tomba. Esses projetos já estão sendo finalizados, e a expectativa é que eles sejam licitados ainda esse ano.

Acorda Cidade – Porque a Embasa cobra também das casas vazias que não têm consumo?

Taís Dias – A Embasa faz a leitura regulada de todos os hidrômetros, e se a casa estiver desabitada, a gente cobra a tarifa mínima, que se for considerar água e esgoto fica em média R$ 39. Se o cliente não estiver mais habitando o imóvel, ele tem que solicitar o desligamento da ligação, a partir daí a cobrança não será feita.

Acorda Cidade – Será implantada uma rede esgotamento no bairro Cidade Nova e adjacências?

Taís Dias – A ampliação da rede de esgotamento em Feira de Santana está em fase de projeto para que a gente possa concluir as necessidades de intervenções e captar recursos não só para ampliar o esgotamento das bacias existentes como implantar novas redes. Outra coisa que é importante esclarecer é que a Embasa só cobra o serviço de esgotamento onde ele está disponível. E onde a gente tem redes essa cobrança é feita independente do abastecimento de água, porque é lei. A partir do momento, que a empresa coloca o serviço à disposição do usuário na porta de sua residência, ele tem a obrigação de usar o nosso sistema, por uma questão até de saúde pública.

Acorda Cidade – As pessoas também podem se dirigir à empresa, não é? Fale sobre o atendimento.

Taís Dias – Nós temos duas lojas de atendimento presencial, uma no centro da cidade, na Rua Desembargador Felinto Bastos, nº 136, próximo ao Terminal Central, e outra na Rua Monsenhor Moisés do Couto, nº 1244, bairro Campo Limpo, a 350 metros da passarela da Cidade Nova.

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