Consumo de cigarro e bebidas alcoólicas são fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de laringe

Márcio Carvalho – A gente precisa dividir a laringe em três compartimentos básicos. A laringe é divida em três partes, uma que a gente chama de supra glote, aquela região acima da região glótica, acima das pregas vocais. A região glótica que é a localização das pregas vocais e a região infra glótica que já é a transição em direção a traquéia e o pulmão, fica abaixo das pregas vocais, então os sintomas vão se diferenciar de acordo com o local do problema. Lesões na super glote, que fica mais próximo da base da língua, a pessoa sente dor ao deglutir, é uma chance maior de sintoma ligada a esse problema, não nas faringites normais, é aquela dor que não está relacionada a uma gripe, a uma febre forte. A outra coisa é quando o sintoma é a nível da região glótica, ela está atingindo as  pregas vocais, então o sintoma principal são as alterações das voz, ou seja a rouquidão, agora não é uma rouquidão de pouco tempo, e sim uma rouquidão de mais de 30 dias sem nenhum outro sintoma inflamatório. E quando for na infra glótica, na transição já em direção a traquéia e o pulmão, o sintoma de falta de ar, de dispnéia, de dificuldade respiratória  persistente são típicas desse tipo de tumor.

AC – Existe a possibilidade de tirar a laringe parcial ou total sem a perda da voz?

Márcio Carvalho – Depende do que a chama de estadiamento do tumor que é classificar qual é o tipo, o que está invadindo e qual é o tipo de cirurgia que vai precisar ser feita, então o tratamento vai desde uma cirurgia que vai tirar o tumor localizado na prega vocal. Há o complemento só de radioterapia ou radioterapia mais quimioterapia, ou radioterapia, quimioterapia e cirurgia combinadas. A cirurgia grande basicamente se divide em laringectomia parcial e total, existe também a laringectomia com esvaziamento cervical. Então com a retirada parcial ou total da laringe, não perde a voz por completo. Existe um trabalho feito com um fonoaudiólogo.

AC – Feira de Santana está preparada para combater esse tipo de câncer?

Márcio Carvalho – A prefeitura dispõe através do SUS o serviço de otorrino que faz esse diagnóstico e que tem acesso a vídeo larindoscopia se for a necessidade. O município também tem feito a cirurgia de cabeça e pescoço. Lógico que a demanda vai ser sempre maior do que a capacidade de atendimento, e para achar esse equilíbrio é realmente muito difícil.

AC – Quais são as chances de cura do câncer de laringe?

Márcio Carvalho – O câncer um pouco mais localizado, sem necessidade de cirurgia, onde o paciente faz o diagnóstico precoce, a chance de cura é de 80%.

AC – Quem faz uso constante da voz precisa ter algum tipo de precaução?

Márcio Carvalho – Relacionado ao câncer de laringe, não necessariamente o uso da voz, o mau uso dela é que poderia ser também um fator indicativo crônico. Para os profissionais da voz nós temos dois recados. Um é hidratação, tomar bastante liquido e o outro é escolher um período do dia para fazer um repouso vocal de pelo menos 30 minutos.

AC – De um modo geral, o que é o câncer?

Márcio Carvalho – É desencadeado por um defeito na reprodução da célula que se reproduz de forma errada, não só em quantidade, mas em qualidade, não é uma célula saudável e ela passa a se reproduzir naquela localização onde o tumor se desencadeia. É uma reprodução acelerada e desordenada de células em determinado local.

AC – qual é a diferença entre a radioterapia e a quimioterapia?

Márcio Carvalho – A quimioterapia não é uma substância química que se coloca através do sangue, é uma medicação que vai através do sangue agir no local. A radioterapia é feita através de um aparelho como se fosse um bombeamento local, feito através de um aparelho radiativo. Não são todos os tumores que respondem a radioterapia.

 AC – Estresse pode ser um fator para o desenvolvimento do câncer?

Sim ajuda. Esses níveis de estresse levam a uma alimentação ruim, a hábitos de vida não saudáveis.