Gabriel Gonçalves
O que se tornou prático em meio a tecnologia para realizar pedidos alimentícios através de aplicativos, está se tornando um transtorno para os entregadores de delivery. De acordo com as informações prestadas pelos trabalhadores, além de sofrerem constantes assaltos, agora estão sendo vítimas de golpes aplicados por clientes que negam o recebimento dos produtos para que uma nova entrega seja feita.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o entregador Josué Almeida explicou que o golpe se intensificou em Feira de Santana há mais de quatro meses e mesmo sendo vítimas, são os entregadores que são punidos com suspensão de até 72 horas sem poder trabalhar.
"A gente chega no restaurante, pega o pedido e dá a saída no próprio aplicativo para a entrega. Não são todos os clientes, mas alguns usam de má fé e respondem ao aplicativo que não receberam o pedido. Eles acham que estão prejudicando a empresa do aplicativo, mas na verdade estão nos prejudicando, porque nós que somos motoboy, somos punidos por até 72 horas sem trabalhar, às vezes essa punição é definitiva e para quem tem como única fonte de renda, é complicado", explicou.
Ainda de acordo com Josué, os entregadores não conseguem ter o direito de resposta com o aplicativo e a qualquer momento, podem perder o emprego pela falta de consideração dos clientes.
"A gente não consegue entrar em contato com o aplicativo e é muito complicado por não ter um canal que possamos nos comunicar. Eu acredito que o aplicativo deveria ter uma confirmação de entrega do próprio entregador, vamos supor, eu chego na residência, faço a entrega, mas para finalizar, o cliente precisa me confirmar número de telefone, ou SMS, que seja enviado pelo próprio aplicativo para finalizar a corrida", destacou Josué.
Trabalhando desde 2019 como entregador, Rodney da Silva já ficou 10 dias sem trabalhar devido a punição que o próprio aplicativo aplicou. De acordo com Rodney, uma cliente afirmou que não tinha recebido o pedido, quando na verdade, o pedido já tinha sido entregue por outro entregador.
"Eu fiquei 10 dias bloqueado por uma cliente que deu um bug no sistema e outra que disse que não recebeu o pedido e o pedido já tinha sido entregue a ela por outro entregador e a empresa do aplicativo não perdoa, não explica o motivo e não nos dá a chance de defesa", disse o entregador ao Acorda Cidade.
Após a punição, Rodney se sentiu desmotivado pelo acontecimento e explicou que acontece em determinados restaurantes.
"Nós somos penalizados sem chance nenhuma de defesa. Eu me senti um lixo descartado. Isso já aconteceu em vários restaurantes, porque é o aplicativo que chama e aí, existem os clientes mal intencionados. A gente entrega o pedido e aí só Deus na causa para que o cliente não possa fazer nada, porque tem muitos que fazem isso para receber um novo pedido. Quem tem apenas essa fonte de renda, pai de família, é complicado ser penalizado injustamente", finalizou.
Nesta matéria, os entregadores estão se referindo ao aplicativo iFood. Sobre a situação a empresa enviou o posicionamento a seguir ao Acorda Cidade. Leia na íntegra:
O iFood, ao tomar conhecimento desse tipo de ocorrência, apura os fatos para tomar as medidas cabíveis. Nestes casos, os cadastros podem ser inativados temporariamente para as devidas investigações.
Para evitar esse tipo de situação, a empresa lançou uma funcionalidade denominada “handshake” – ou aperto de mão -. Essa funcionalidade traz mais segurança para os consumidores que passam a ter uma forma de se certificar a identidade do entregador e, para o entregador, há uma garantia de que o pedido foi finalizado com o código correto, prevenindo extravios de pessoas se passando por destinatários ou mesmo o cancelamento de pedido por supostamente não ter sido entregue. Tanto entregador como consumidor recebem um código em seus aplicativos para conferência no ato da entrega. Vale ressaltar que esse fluxo é realizado para entregas nas quais o consumidor informa que quer encontrar o entregador – não para entregas sem contato. A funcionalidade está passando por melhorias e logo estará disponível para todo Brasil.
O iFood reforça que continua comprometido, como sempre esteve, a criar iniciativas para melhorar a experiência dos entregadores, sempre baseadas em escuta ativa e constante.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade