Dores nas costas, dor de cabeça com causa desconhecida, psoríase (descamação da pele) e compulsão em arrancar os cabelos (Tricotilomania), podem ser problemas emocionais expressados fisicamente, derivado de um estresse psicossocial. Diversas enfermidades decorrentes de somatização tornaram-se muito comuns atualmente. Elas são consequências do grande nível de stress e emoções intensas provocadas, geralmente, por inúmeros fatores da vida moderna.
O problema é que tudo isso acaba se refletindo na saúde de maneira negativa. A mente vai ficando exausta e o corpo vai sofrendo as consequências. Dessa unificação entre emoções intensas e o corpo é que oriunda as doenças psicossomáticas ou transtornos somatoformes, como os médicos chamam.
É interessante saber diferenciar as doenças mentais das psicossomáticas ou somatoformes. As primeiras se caracterizam por sintomas "mentais" essencialmente, embora possa haver manifestações físicas associadas. Nos transtornos somatoformes, as emoções associadas não são percebidas ou sentidas pela pessoa, que não consegue estabelecer uma relação entre o conflito ou estresse emocional e a manifestação física.
Há uma intima relação entre as emoções e um complexo sistema que envolve aspectos neuroimunoendócrinos. Assim, as emoções geram mudanças nos sistemas imunes e endócrinos, e estes por sua vez, geram as manifestações físicas.
Mas para ter certeza de que uma doença tem origem psicológica (psicossomática), deve-se desconsiderar, inicialmente, todas as causas orgânicas. Por esse motivo, recomenda-se uma série de exames antes de concluir o diagnostico, uma vez que, mesmo a enfermidade sendo emocional, o paciente precisará de tratamento médico. E como ensina o psiquiatra Norton José Barbosa Caldeira, presidente da Associação Mineira de Medicina Psicossomática, ‘‘Os sintomas que ele apresenta não são imaginários e, portanto, exigem cuidados especiais’’.
Durante uma entrevista via e-mail, o Prof. Dr. Mario Rodrigues Louzã Neto, médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria explicou que as doenças psicossomáticas implicam em uma lesão no organismo, não apenas numa manifestação fisiológica. “Todo estresse ou conflito emocional que não é gerenciado de um modo psíquico (em geral por uma incapacidade de a pessoa reconhecer seu próprio estado emocional) pode ser transformado em uma sensação corporal (somatização) ou numa doença propriamente dita (doença psicossomática)”, completou.
AS DOENÇAS
As pessoas que tendem a somatizar têm uma característica de personalidade chamada "alexitimia", uma incapacidade de reconhecer seus estados emocionais. O ideal seria que as pessoas procurassem auxilio psicoterápico antes que sobreviessem os conflitos emocionais, mas, por conta de não reconhecerem seus conflitos emocionais, elas acabam não abrindo a possibilidade de buscar tratamento antes que surjam os sintomas físicos.
Há um grande número de sintomas/doenças que podem ser provocadas por distúrbios emocionais. Incluem dores em geral, cefaleia (dor de cabeça), vertigens, manifestações gastrointestinais, disfunções sexuais, vitiligo (perda do pigmento da pele) e a alopécia (perda espontânea de pêlos do corpo), artrite, asma (a falta de ar muitas vezes é uma estratégia do subconsciente), síndrome do pânico, etc. Segundo Dr. Mario Louzã, grande problema do somatizador ou do portador de doença psicossomática é o não-reconhecimento de que o problema está no aspecto emocional e não no físico. “Assim, a tendência dessas pessoas é procurar o clínico geral e não um psiquiatra para o tratamento”, explicou.
A expressão “Mente sã, corpo são”, se adequa a esse cuidado com as emoção, a fim de não deixa-las interferir de maneira negativa no cotidiano. O tratamento de transtornos somatoformes prescrito pelo médico inclui sessões de terapia, técnicas de relaxamento e reprogramação mental, visando amparar o paciente durante as crises e ajuda-lo a seguir uma forma mais otimista de viver.