Laiane Cruz
No último sábado (18), boa parte dos feirantes da Rua Marechal Deodoro relocou suas barracas para o canteiro central da via, a fim de abrir espaço para a continuidade das obras de requalificação do local, que fazem parte do Projeto Novo Centro.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Segundo os feirantes, eles buscam junto ao governo municipal a permanência deles na Marechal e a readequação da feira por meio de um projeto que foi apresentado à prefeitura.
De acordo com Elizete dos Santos, vendedora de frutas e verduras, com a mudança, a feira ficou mais organizada e os clientes continuam indo ao encontro deles.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“Ficou ótimo, a gente está mais organizado, os clientes vêm ao nosso encontro. A gente só não pode sair daqui, porque os clientes não vão atrás da gente lá no Centro de Abastecimento. Mas daqui até próximo ao posto Brasinha, os clientes vêm”, afirmou.
Ela revelou ainda que muitos vendedores ambulantes têm saído do Centro de Abastecimento para comercializar frutas na Marechal Deodoro, por falta de vendas no entreposto comercial.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“Lá no Centro de Abastecimento, o prefeito sabe que não é viável para a gente. Lá é um setor de atacadista, pra quem já está há muitos anos lá e tem sua clientela, tudo bem. Mas tem pequenos comerciantes que vendem no varejo, que estão subindo para cá com o carrinho de mão, porque não tem cliente lá para comprar e estão correndo da violência.”
Outra comerciante, Edneide Ribeiro, que faz parte do movimento 'Marechal Resiste', informou que a decisão de partir para o canteiro central ganhou a adesão da maior parte dos feirantes. Ela reclamou que os trabalhadores e a prefeitura continuam sem diálogo e nega que o atraso das obras do Novo Centro esteja acontecendo por causa dos feirantes.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“Nós nos reunimos na sexta à tarde e decidimos. Como existe essa falta de diálogo com a prefeitura, que insiste em dizer que os feirantes empatam as obras da Marechal, decidimos mudar para a parte onde já está pronta a obra. Nos relocamos no sábado. Não teve a interferência da prefeitura, o grupo que está unido e tentando se organizar. O secretário Carlos Brito diz que a gente empata a obra, mas a gente sabe que têm problemas de verbas que não vieram, que a Caixa Econômica embargou verba, e algumas pessoas resistem lá, mas a maioria veio e estamos dispostos a colaborar para que as obras terminem.”
Ela sugeriu ainda a Superintendência Municipal de Trânsito (SMT) dê um apoio no local para organizar a passagem dos carros. “O trânsito está meio confuso e a gente precisa que a prefeitura dê esse suporte. O trânsito poderia ser fechado lá na frente entre o Beco de Santana e o Beco de Mocó, porque aí ficava uma feira sem trânsito.”
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Decisão de governo
O Secretário Municipal de Planejamento, Carlos Brito, declarou que apesar do gesto de vontade dos feirantes em colaborar, a decisão de retirar as barracas do local permanece. Para ele, as conversas só poderão existir, após a conclusão das obras de revitalização.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“Eu acho que qualquer ação para continuidade das obras é um gesto de boa vontade, mas ninguém pode escamotear a verdade, entendemos que a obra para ser concluída é preciso que a rua esteja limpa e é isso que é a pretensão do governo.”
O secretário disse que recebeu o projeto de padronização das barracas defendido pelos feirantes e que está analisando toda a situação juntamente com os técnicos da prefeitura.
“Esse projeto que eu não tinha conhecimento, recebi uma cópia, a princípio fui olhar e é um trabalho de conclusão de curso, mas não deixa de ser uma contribuição para o projeto que está ali. Entretanto, a determinação do prefeito é que a Marechal tem que ficar limpa. Porque tem alguns escritos aí falando em tradição, da feira, da atividade econômica, o ciclo econômico. E eu não discordo que o ciclo econômico existe, mas uma coisa primordial em qualquer lugar é que o direito de um cidadão termina quando começa o do outro. E quando você não tem o direito de andar livremente numa rua, onde é cerceada o seu direito, você tem que protestar, não pode se conformar. E quando se fala em tradição de feira, a feira livre tradicional era um dia na semana, na segunda-feira. Nunca houve nesta cidade essa ocupação por parte do comércio informal feira livre a semana toda. A feira começava no sábado e na segunda-feira, às 17h30, as barracas estavam desarmadas e guardadas, e a Marechal estava limpa, sem nenhuma barraca comercializando.”
Brito enfatizou que a obra tem que ser terminada. “A gente precisa respeitar o direito do cidadão, do feirense de ir e vir, que precisa ter de volta a rua, precisa ter livre acesso à Marechal Deodoro, que há muitos anos não se tem, então essa é uma decisão de governo. Proposta, diálogo, temos que ter, é primordial em qualquer tipo de impasse. Mas só podemos conversar depois da retirada. E outra coisa é que o projeto apresentado por eles tem a proposta de 60 pontos comerciais, mas ali tem mais de 200 comerciantes, então esse é um aspecto que precisa ser conversado e mandei para o setor técnico avaliar toda a situação. Mas a princípio a relocação tem que acontecer.”
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade