Feira de Santana

Em celebração a Senhora Sant'Ana, Dom Zanoni chama à atenção para a indiferença das pessoas aos números de mortos na cidade

Por conta da pandemia, a celebração foi realizada neste ano com uma carretada pelas ruas da cidade após uma missa, sem a presença de grande público.

Andrea Trindade

A missa e a procissão realizada anualmente em homenagem a Senhora Sant’Ana, no dia 26 de julho, foi realizada de uma forma diferente neste ano por conta da pandemia de covid-19. A missa foi celebrada sem a presença do público, como tem ocorrido em todas as demais celebrações, e a passeata pelas ruas da cidade com milhares de fiéis foi substituída por uma carreata.

Como bem frisou o arcebispo metropolitano Dom Zanoni de Castro em entrevista ao Acorda Cidade, a pandemia convocou o mundo a optar por uma vida diferente, de isolamento social, mas também de responsabilidade, de cuidado com a vida, modificando até mesmo formas de celebrar tradições religiosas muito antigas.

“Esta solenidade de Senhora Sant’Ana marca a nossa história. A devoção de um casal português , Ana Brandoa e Domingos Barbosa de Araújo, marcaram a nossa cultura, nossa tradição, e a origem desta cidade. É o nome dado a essa metrópole, a nossa arquidiocese e na nossa província eclesiástica. Nessa pandemia, nesta oportunidade em que fomos chamados a ter uma vida diferenciada, do isolamento social, da responsabilidade, cuidar da vida, de não transmitir o vírus, nós realizamos a missa na catedral sem a presença do povo, fomos para as ruas sem cortejo, sem passeata para que o cuidado e o essencial do cristianismo seja vivido e experimentado”, declarou.

Durante a missa, o arcebispo chamou a atenção da população para com o comportamento social e cristão e para o respeito ao número de mortos. Segundo ele, as pessoas têm agido com heresias e indiferenças, e que as pessoas precisam compartilhar e viver os ensinamentos que os Senhora Sant’Ana e São Joaquim, avós de Jesus, passaram para ele.

“Peçamos perdão a Deus perdão, porque temos reduzido a fé ao culto, limitando a experiência da presença de Deus ao tempo. E diante de situação de sofrimento do nosso povo, diante desta pandemia, nem sempre nossa postura de cristãos aponta o seguimento de Jesus. Quanta heresia, quanta blasfêmia, quando associa a fé Cristã ao sofrimento do povo, quanta irresponsabilidade no cuidado com as pessoas sobretudo os mais pobre, os mais vulneráveis. Quanta indiferença com o número de mortos em nossa cidade. Peçamos perdão quando apoiamos a desorientação, a falta de sensibilidade, a negação da ciência, da medicina. É um tempo difícil”, declarou o arcebispo citando também os problemas da Fake News, os homicídios, mortes de indígenas e quilombolas, e destruição de plantações.

Emocionada, a auxiliar administrativa Girlene Silva, disse é muito triste a situação causada pela pandemia, e que espera o momento em que todos possam se abraçar novamente e se reunir em multidão nas procissões.

A administradora Célia Campos disse que Senhora Sant’Ana tem um significado muito importante pra ela."Assisti todos os dias as novenas e ouvi sempre os padres falarem que é um ano atípico, e entendemos que agora ela vem a nossa casa. Em vez de a gente visitar a casa dela, ela visitou a nossa casa. Para mim, Sant’Ana tem um significado grande porque eu não cheguei a conhecer meus avós, e ela é para mim a avó que eu nunca tive. A fé supera tudo. Sem fé em Deus não somos nada”, afirmou.

O arcebispo emérito Dom Itamar Vian aguardou a passagem do cortejo motorizado em frente a residência dele e comentou sobre o momento. “É uma situação completamente diferente de todos os outros anos, mas nós pedidos que Sant’Ana, como padroeira das mães, dos professores, e de todos os necessitados, que nos livre desse vírus, e que possamos ter uma vida mais normal de hoje para adiante”, disse.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

Fotos: Ney Silva/Acorda Cidade

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