Feira de Santana

Em audiência realizada em Feira, ex-ministro diz que reforma acaba com a Previdência Social

Ele classifica o projeto do presidente Jair Bolsonaro como muito ruim e diz que vai destruir a previdência pública brasileira.

Ney Silva e Daniela Cardoso

Atualizada às 19:58

Ministro da Previdência Social em 2015 e 2016 no governo Dilma, Miguel Rosseto participou, na tarde desta segunda-feira (15), de uma audiência pública na Associação Comercial em Feira de Santana sobre a reforma da Previdência. Ele classifica o projeto do presidente Jair Bolsonaro como "muito ruim" e diz que vai "destruir a previdência pública brasileira".

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Esse projeto do governo federal, do presidente Jair Bolsonaro, é muito ruim para o Brasil. Não é um projeto de reforma e sim de destruição da previdência pública. Eles querem acabar com o INSS e construir um regime de capitalização privado, sem garantias do governo”, afirmou Rosseto.

Ele disse que não existe nenhum descontrole nos gastos da Previdência Social e que o problema da previdência é um problema dos municípios, dos estados e do Brasil, que é a recessão econômica. O ex-ministro disse também que o país está há quatro anos sem ter crescimento econômico e que nos últimos anos foram mais de 4 milhões de postos de trabalho perdidos, o que, segundo ele, tira o financiamento da previdência e da saúde.

Na opinião do ex-ministro Miguel Rosseto a arrecadação caiu bastante nos últimos quatro anos, pois nesse período seis milhões e quatrocentos mil contribuintes do INSS deixaram de pagar a previdência, porque perderam o emprego e não têm mais renda. Segundo ele, o governo quer acabar com o INSS e transformar as agências do INSS como se fossem bancos privados, excluindo vários brasileiros, como agricultores, assalariados, juventude, idosos. Ele questiona quem vai conseguir um emprego com carteira assinada com 65 anos. Segundo Rosseto o governo vai transformar os idosos em indigentes sociais e classificou o projeto como tragédia social.

O debate foi promovido pelos deputados Zé Neto (federal) e Robson Almeida (estadual) e reuniu sindicalistas e representantes de setores da sociedade. O deputado Zé Neto explica o objetivo de promover esse debate sobre a reforma da previdência.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“O mais importante é a gente mostrar à população o que está acontecendo com o Brasil. Muitas pessoas não estão tendo consciência do grau de dificuldade que o Brasil pode enfrentar se continuarmos sem enxergar a importância da previdência, especialmente para as cidades do interior do Brasil. A cada 10 cidades brasileiras, sete tem mais dinheiro na previdência do que dinheiro que chega para manter a prefeitura pelo FPM. Não podemos admitir que tenhamos uma nova previdência capitalizada, o que vai obrigar os trabalhadores a irem para a mão dos bancos. Isso vai gerar menos dinheiro circulando. Acho isso grave e temos que esclarecer a população”, afirmou.

De acordo com o deputado federal, o PT é contra a reforma. Ele destacou que existem muitas outras questões a serem discutidas no Brasil e que a reforma da previdência não é o melhor caminho. Zé Neto ainda sugeriu que o governo federal mexa nos ‘privilégios’ dos próprios políticos.

“Vamos mexer naqueles privilegiados que ganham salários absurdos. Eu sou político, sou deputado e me aposento com cinco mil e oitocentos, que é o teto máximo, eu pago previdência e estou falando com conhecimento de causa. Todos tem que pagar um preço, menos a classe trabalhadora”, afirmou.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Na opinião do deputado estadual Robson Almeida, a discussão sobre a previdência é o tema mais importante do momento. Segundo ele, a população ainda tem muitas dúvidas sobre o tema e muitas classes estão preocupadas.

“Vamos continuar no mês de abril e maio fazendo essa discussão, aprofundando o conteúdo da proposta que tramita no Congresso Nacional para que a população tenha pleno conhecimento da repercussão dessas medidas na vida delas. O que se trata hoje é discutir o direito a aposentadoria, que está em risco, caso essa reforma prospere no Congresso Nacional”, afirmou.

Robinson falou ainda que por onde as discussões já foram feitas, houve um interesse grande da população e demonstrou o desejo de fazer caravanas em bairros populares de Feira, com materiais informativos, além de reuniões e entrevistas para esclarecer a proposta da reforma da previdência.
 

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