Feira de Santana

Economista explica que inflação dos alimentos está relacionada com diminuição da oferta

Ele afirmou que o momento atual é de inflação chamada de 'inflação de ofertas' ou 'inflação de custo'.

Rachel Pinto

O economista Roberval Araújo, concedeu uma entrevista ao Acorda Cidade e comentou sobre a inflação dos alimentos nesta pandemia da covid-19, a relação com lei da oferta e da procura e também como é possível a população se adaptar a este cenário em que o dinheiro está curto diante de tantos aumentos de preços.

Ele afirmou que o momento atual é de inflação chamada de “inflação de ofertas” ou “inflação de custo”. De acordo com ele, por causa da crise econômica causada pandemia, houve um aumento de insumos produtivos para as indústrias. Muitos produtores estão sofrendo com problemas logísticos, armazenagem e movimentação de carga.

“Isso tem gerado uma certa dificuldade de distribuição de suprimentos. Essa inflação está sendo trazida para as indústrias de uma forma geral, não só no segmento de alimentação, por conta da indisponibilidade dos insumos e dos materiais para produção. Atrelado a isso, temos a questão da pandemia, que tem afetado o acesso aos mercados, aos restaurantes, com todas as restrições e escalas para poder entrar e consumir alguns itens. Isso também tem afetado essa disponibilidade. A oferta tem ficado mais rara, porque não tem a abundância de produtos como se tinha antes, como os mercados abertos 24 como antes e com o acesso. Hoje, você tem acesso restrito para os idosos, por exemplo. Esta realidade está atrelada ao insumo e disponibilidade”, ressaltou em entrevista ao Acorda Cidade.

Aumento no preço do arroz e óleo de soja

Roberval pontuou durante a entrevista ao Acorda Cidade, sobre o aumento de preços de alguns produtos como o arroz e óleo de soja que têm chamado muito a atenção nos últimos dias. Para ele, essa subida de preços pode ser configurada em falta de estratégia do governo e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

“Ela existe, mas não está sendo utilizada. A Conab é uma instituição do governo que precisa manter estoques reguladores dos itens básicos, como feijão, arroz, trigo, farinha, esses alimentos que são essenciais para a população e para a economia. Eles precisam ser comprados pelo governo, estocados, para evitar essa crise de abastecimento. Então, se houver uma falha na safra, de qualquer item e o país não tiver estoque regulador, ele vai sofrer uma inflação. A Conab, precisa ter estoques de produtos básicos”, acrescentou.

Controle de orçamento e disciplina

O economista deu ainda algumas dicas de como não deixar o orçamento estourar. Na opinião dele, é preciso cortar tudo aquilo que não é fundamental no momento e comprar apenas o necessário. De acordo com Roberval, em período de crise, as pessoas precisam buscar o que de fato é essencial e também adotarem a capacidade de adaptação.

“Devem fazer a troca do arroz pelo macarrão. Vai comprar a carne que está cara, troca pelo frango. O frango está caro, troca pela carne de soja. Precisa achar uma forma de alternativa até mesmo com uma nutricionista. Assim, dá pra substituir um item mais caro por um mais econômico para conseguir sobreviver. E é claro, manter o orçamento dentro do possível com aquilo que é necessário, com uma redução desses aumentos. Nesse momento, se não tiver uma disciplina, o custo do orçamento vai passar para uma situação impossível de se pagar com o salário. O Sesi, tem um programa muito interessante, que é uma cozinha econômica, tem o Mesa Brasil do Sesc e o Cozinha Brasil do Sesi, onde ensina a trabalhar com alimentos inclusive, que nós costumamos fazer pouco uso. Exemplo, ao comer uma banana, é costume nosso jogar a casca da banana fora. Existe uma receita fantástica para se produzir um bolo com a casca da banana. Há uma criatividade que a gente pode fazer. Sucos com casca de maracujá, coisas que jogamos no lixo. Existem atitudes que podemos através da criatividade ter uma alternativa nesse momento de crise”, frisou.

Roberval Araújo destacou que o momento de crise é também uma oportunidade de aprendizado. Um aprendizado que segundo ele, pode ser levado para o futuro.

“Não precisa voltar a ter os gastos que tinha antes. Pode fazer a redução do orçamento mudando os gastos com alimentação, fazendo compras e trocando proteínas como citei. Utilizando a criatividade, reduzindo o orçamento naquilo que é possível e vai ajustando para manter o gasto um pouco menor naquilo que gasta. Os parcelamentos, normalmente vem com juros. Então, quando for num site e vê que é sem juros e sempre que possível, pagar à vista porque tem desconto. Se for parcelar, parcelar em cotas que consiga fazer e que não tenha os juros embutido”, recomendou.

Roberval Araújo relatou que acredita que os preços dos produtos vão se estabilizar com a retomada da economia.

“A notícia não é que devemos perpetuar uma crise, pelo contrário, a crise vai ser diminuída. Espero que tenhamos em breve uma recuperação da economia”, finalizou.

 

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