Pelo 7º ano consecutivo a EndoMarcha é realizada em Feira de Santana, uma caminhada que tem o objeto de informar e conscientizar sobre a endometriose, doença que atinge uma a cada 10 mulheres. O evento, realizado na Avenida Getúlio Vargas na manhã este sábado (29), reuniu mulheres com endometriose e pessoas que têm algum familiar com a doença.
A enfermeira Ely Rosângela Carvalho é uma dessas pessoas. Ela tem uma filha de 15 anos, que foi diagnosticada com a doença aos 11 anos. Ao Acorda Cidade ela conta como foi o caminho até o diagnóstico e tratamento.
“Ela menstruou aos 9 anos e durante o primeiro ano foi tudo muito tranquilo, ciclo normal, sem dores. A partir dos 10 anos começaram algumas alterações, sentindo cólicas fortes, desmaios, precisando ir para o hospital. Ela ficava incapacitada, perdia aula. Quando percebi que estava fora do normal, comecei a buscar informações e médicos que pudessem me dar alguma resposta. Só que vinha um problema porque os ginecologistas não queriam atender pela idade dela. Encontrei em Salvador uma médica, que pediu uma ressonância e me encaminhou para uma especialista. Assim a gente conseguiu o diagnóstico”.
Ely conta que o foco da endometriose na filha era no músculo de sustentação do útero e por isso ela sentia as cólicas muito intensas, com dores até mesmo nas pernas. A partir do diagnóstico, iniciou-se o tratamento com anticoncepcional. Porém, há dois anos a enfermeira conta que a filha sentiu uma dor muito forte e precisou fazer uma cirurgia.
“Há dois anos ela já estava com isso controlado, mas sentiu uma dor muito intensa, foi para emergência, onde ficou internada cinco dias, até que relatei o histórico dela e a médica fez um exame específico e identificou o problema. Ela fez uma cirurgia de urgência, porque foi identificado alguns focos que já estavam fibróticos e ela já estava com a alça intestinal um pouco comprometida. São coisas que se não for o olhar de uma pessoa que já saiba que tem, é tratado no hospital como uma coisa simples”, relatou.
A mãe da jovem conta que atualmente ela vive bem, com os cuidados necessários como atividade física e uma boa alimentação, que são essenciais para o controle da endometriose.
A coordenadora da EndoMarcha em Feira de Santana, Layane Cedraz, destaca a importância de falar sobre a endometriose e informar a população. Segundo ela, muitas mulheres não sabem que tem doença.
“O nosso grande desafio é conscientizar a população. Essa é uma doença que leva de 7 a 12 anos para fechar um diagnóstico. Uma em cada 10 mulheres é portadora da doença e nossa bandeira é levar essa discussão para as universidades para falar sobre a remoção total das lesões, já que ainda existem muitos profissionais que afirmam que a endometriose não tem cura. Ao longo do percurso distribuímos panfletos com informações, tiramos dúvidas, trocamos informações”, afirmou.
Outra luta da EndoMarcha, segundo Layane, é que o Sistema Único de Saúde (SUS) tenha um serviço especializado para que as mulheres possam ter informações e tratamento adequado. “Não existe um centro especializado no SUS voltado para o diagnóstico e tratamento da endometriose e esse é um dos grandes pontos de luta”, disse ao Acorda Cidade.
Além de Feira de Santana, outras três cidades brasileiras (Boa Vista no estado de Roraima, São Paulo e Brasília), recebem a EndoMarcha de forma simultânea.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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