Uma rápida pesquisa nas redes sobre afogamentos vai mostrar diversos casos antigos e atuais de crianças, jovens e adultos que morreram vítimas do acidente. No último domingo (21), duas crianças de 7 anos morreram afogadas na cidade de Ibititá. Uma tentou salvar a outra e também acabou morrendo.
Para falar sobre os riscos de afogamento e formas de preveni-lo, o Acorda Cidade conversou com o professor de Educação Física, Rodrigo Araújo, que compartilhou algumas informações e realizou uma alerta sobre a importância do Dia Mundial de Prevenção do Afogamento, celebrado neste dia 25 de julho.
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A data instituída pela Organização Mundial da Saúde (ONU) tem o objetivo de revelar à sociedade que, por dia, morrem mil pessoas afogadas no mundo. No Brasil, a cada uma hora e meia, uma pessoa morre afogada, como contou o especialista em natação.
“O afogamento é a segunda causa de mortes entre crianças de um a quatro anos e esse é um dado muito alarmante. Estamos num período de inverno, ainda que não haja muito fluxo de pessoas em ambientes aquáticos devido à temperatura mais baixa, mas não devemos perder a oportunidade de orientar a sociedade dentro contextos de segurança aquática. Moramos num país tropical, onde o verão é muito forte, o calor, as pessoas saem mais para piscinas, praias, rios, represas na zona rural. Então, precisamos que essas informações cheguem até a sociedade para que elas possam estar cada vez mais informadas”, declarou o professor ao portal Acorda Cidade.
Para evitar afogamentos, aprender a nadar é fundamental para todas as idades. Segundo o professor, saber nadar não garante o não afogamento, mas ajuda a compreender o espaço aquático, promovendo assim mais segurança. Ele deu outras dicas:
- Evite o uso de álcool, de outras drogas que possam tirar o reflexo do banhista porque isso pode gerar afogamento;
- Evitar mergulhar de cabeça em praias, rios você pode se chocar com banco de areia, pode se chocar com a pedra, gerar um trauma e consequentemente o afogamento;
- Não entre de vez em locais aquáticos que você não conhece, principalmente, se estiver sozinho;
- Evitar brincadeiras de empurrar, brincadeiras de fingir afogamento, porque isso pode trazer consequências ruins. As pessoas podem achar que é engano e realmente pode acontecer de verdade;
- Evitar se alimentar e logo depois entrar no espaço aquático para poder nadar. Isso pode gerar uma congestão do alimento e consequentemente o afogamento.
Crianças
“São quesitos básicos que a gente precisa deixar a sociedade alertada. Complemento também com a questão da fiscalização para com as crianças. Todo adulto responsável por uma criança precisa estar 100% vigilante dentro do ambiente aquático. Um momento de distração é um momento que realmente pode causar um afogamento”, alertou.
Aulas de natação
De acordo com as orientações de Rodrigo Araújo, a aula de natação vai muito além de aprender a nadar. Compõe técnicas e estilos da natação, assim como, maneiras de como sair de situações de perigos em ambientes aquáticos.
“Se uma piscina é muito funda, ele vai querer atravessar, é necessário muito cuidado, porque ele pode não ter tanta técnica, quanto condicionamento físico adequado para poder atravessar. A gente explica que, chegando numa situação dessa de risco e a piscina não dá pé, que ele possa, por exemplo, descer, bater o pé no fundo da piscina, é dar os saltos para frente até chegar à borda da piscina”, explicou.
Em casos de perigo, gritar por socorro é fundamental, tanto para quem está se afogando (se conseguir), mas também para pessoas que estão de fora. Essas e outras questões são discutidas e apontadas pela Sobrasa, a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático.
“Uma pessoa que está se afogando, a gente deve orientar que essa pessoa grite por socorro; pessoas que estão acompanhando essa pessoa também gritem por socorro para que alguém que tenha conhecimento adequado possa fazer esse socorrismo. Eu até relato que tem pessoas que passam por esse momento de afogamento e até correm o risco de morrer ou até mesmo morrem muitas vezes por vergonha. Porque tem muitas pessoas que têm vergonha de gritar, porque vai juntar aquela quantidade de pessoas ali e acabam sentindo vergonha por isso, isso é um dado também que já foi feito”, apontou.
Criança sozinha e água concentrada não combinam
Acidentes aquáticos envolvendo crianças vão além de espaços como piscinas, rios e praias. Por descuido de segundos, crianças morrem afogadas em tanques de peixes, piscinas plásticas menores e até em baldes, como o caso de Jasmine Sena, de quatro anos, que morreu no quintal de casa em Feira de Santana.
Em 2023, mesmo ano da ocorrência, houve um aumento de 50% dos afogamentos com crianças de 0 a 14 anos no estado. Os dados são da Organização Aldeias Infantis SOS, baseados no DataSUS.
O professor ressaltou a responsabilidade dos pais de começar desde cedo com orientações para evitar esse tipo de acidente.
“O papel dos pais prioritariamente é colocar as crianças em uma aula de natação. Desde os seis meses de vida, a gente já pode inserir as crianças em ambiente aquático para estimulação aquática e, posteriormente, os ensinos técnicos da natação. As crianças vão aprender o ato de flutuar, o ato de se deslocar e depois as técnicas complementares. Outra questão é nunca perder a criança da vigilância”, disse em entrevista ao Acorda Cidade.
Se a criança está na água, os responsáveis devem estar também. Não confie em boias, pois elas trazem falsa sensação de segurança. Podem soltar do braço, podem fazer a criança virar numa posição que ela não consiga voltar e gerar o afogamento também.
“Eu costumo dizer que 100% de afogamento de crianças é por falta de vigilância de responsáveis”.
Entre rios e praias, Rodrigo alertou que todos podem ser ainda perigosos, a depender do local. Uma praia pode ter ondas mais revoltas e um rio pode desencadear uma enxurrada de água que também pode matar.
“O ideal é procurar um local que seja adequado para banho. Verifique se há nesse local a bandeirinha vermelha, se é um local impróprio para banho e procurar um salva-vidas na faixa de areia para perguntar qual o local mais adequado para banho para que isso seja mais seguro”, explicou.
Primeiros Socorros
Para evitar esses tipos de acidente, além de muitos outros como incidentes domésticos, o professor ressalta o conhecimento indispensável de primeiros socorros. Informações que deveriam ser mais disseminadas em escolas, no ambiente de trabalho e que poderiam ajudar a salvar muitas vidas.
“Temos a Lei Lucas, criada recentemente por conta de um processo de engasgo. Então, assim, as escolas hoje têm que anualmente reciclar os seus funcionários. Julgo de extrema importância que a sociedade saiba ao menos a condição básica de salvar uma pessoa de um engasgo, de um processo de afogamento que já é um pouco mais complicado, porque a pessoa para adentrar o ambiente aquático, para tentar salvar outro, ela tem que ter conhecimentos técnicos para fazê-lo, porque senão ao invés de se perder uma pessoa pode se perder duas por afogamento como aconteceu agora em Ibititá”, afirmou.
Reanimação de um afogamento
A reanimação cardiopulmonar só é feita quando as pessoas não estão com batimentos cardíacos, nem respiração. Uma pessoa retirada da água, o socorrista que está ali fazendo toda a prestação de serviço, vai observar se há respiração e pulsação.
“Em caso de ser pulsação e respiração zero, ele vai fazer a ventilação mecânica e a massagem cardíaca. Em caso dele ter consciência, vai estar em posição lateral de segurança para que essa água possa ir correndo, ele possa ir golfando a água e possa ir recuperando a sua consciência e ser encaminhado para o hospital o mais rápido possível”. Isso porque pode ter entrado água nos pulmões e isso pode gerar outros problemas.
Para quem tem medo de aprender a nadar, o professor indica buscar uma escola especializada, com um profissional qualificado para iniciar a orientação.
“Não é somente aprendeu, vou sair porque eu já sei. É manter ativo. A natação é uma modalidade muito diferente das modalidades de terra. Nós seres humanos somos seres terrestres, então, em condição de terra, corrida, ciclismo, seja outra qualquer modalidade terrestre é um pouco mais tranquilo da gente conseguir fazer um socorro em caso de uma queda, desmaio, pode levar para o hospital, ficar em observação e depois retornar para casa. O afogamento é questão de dois, três, cinco minutos. A gente já pode perder uma pessoa”, disse.
Duas vezes por semana é o ideal para manter as técnicas apuradas, ganhar ritmo e condicionamento físico para nadar tranquilamente.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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