Neste domingo (12) é comemorado o Dia das Mães, data em que celebra o amor e o cuidado pelos filhos vindos de uma mulher. E, por coincidência ou não, no mesmo dia, é comemorado a profissão que também se dedica à proteção, atenção e precaução de pacientes, os enfermeiros.
A enfermagem, que tem origem milenar, apesar de ser evidenciada anualmente, ainda carrega inúmeros desafios, como melhores condições de trabalho e o pagamento do piso, instituído por lei, em que muitas vezes não é executado.
Mas, ao contrário do que muitos pensam sobre a profissão, a enfermagem também é executada com muito amor e carinho. Esse é o caso da enfermeira e feirense Juanita Araújo Silva, de 39 anos. Neste dia em que se comemora o Dia Internacional da Enfermagem, o Acorda Cidade conversou com a profissional para saber os principais desafios e virtudes da profissão que requer muita dedicação.
E, a trajetória de Juanita com a atividade teve início ainda na juventude, quando aos 16 anos, iniciou um curso de técnico de enfermagem. A partir daí, o amor pela profissão só cresceu.
“Primeiro eu fiz o curso técnico de enfermagem, comecei com 16 anos, terminei com 18. Comecei a trabalhar como técnica de enfermagem e, atuando como técnica de enfermagem, eu consegui fazer a faculdade de Enfermagem. Quando eu era criança, pré-adolescente, eu tinha problemas de asma. Tinha que fazer medicação, um dia sim, um dia não, intramuscular. E eu era apaixonada pela enfermeira que aplicava as medicações em mim. Dizia para mim mesma que eu ia ser enfermeira também. E aí foi que me deu essa motivação para eu crescer e pensar nisso. Depois da morte do meu pai, que me incentivou a crescer, a estudar e ser alguém melhor, aí eu continuei e hoje estou aqui”, disse.
Apesar de parecidos, os cargos de técnico e enfermeiros são distintos. Questionada sobre a diferença, a profissional destacou que ambas possuem períodos de formação. Juanita também contou sobre os trabalhos que realiza atualmente como enfermeira em unidades de saúde do município.
“O técnico de enfermagem estuda dois anos, já o enfermeiro ele estuda cinco anos na graduação, faz a faculdade, como o médico também faz, como o psicólogo também faz, fisioterapeutas, dentre outras áreas. A diferença é essa, o tempo de formação. Hoje eu trabalho no Hospital Unimed de Feira de Santana, atuo na clínica médica, mas também a gente passa por outros setores, como emergência infantil, adulto, triagem, UTI. E também hoje eu trabalho no Santa Emília. Eu trabalhava no centro cirúrgico e agora eu estou na UTI, como enfermeira da UTI”, explicou.
Diante dos comentários que envolvem a enfermagem, principalmente sobre a falta de “sentimento” ao outro, Juanita enfatizou que apesar de lidar com situações difíceis diariamente, que os profissionais se colocam no lugar do paciente. Esse é também um lema que ela carrega, quando o assunto é cuidar.
“Eu sempre levo comigo de se colocar no lugar do outro. A gente sentir a dor do outro, a gente sentir a dor de um parente, de um paciente e infelizmente a gente vê a morte ou morrer desse paciente. É o que mais a gente sofre na nossa área, porque algumas pessoas acham que a gente não tem sentimento, mas a gente tem. A gente sente também a dor do outro. Eu amo cuidar. Na verdade, essa profissão eu escolhi por amor. Claro que eu quero ter uma renda financeira, uma renda melhor. Mas o que mais me atrai é o amor, é o cuidar um do outro”, frisou.
Além de atuar como enfermeira em dois hospitais da cidade, Juanita Araújo também é professora. Ela comentou sobre o papel da formação na preparação de futuros enfermeiros, como também, os principais desafios enfrentados pela nova geração que sonham com a profissão, mas que precisam aliar os estudos com outras atividades e com a rotina no dia a dia.
“Eu sou professora de técnicos de enfermagem. Então, eu acho que o aprendizado do técnico de enfermagem é fundamental. E hoje eu sou professora da Etae, que é uma das melhores escolas de Feira de Santana e eu visto a camisa da Etae e procuro sempre ensinar tudo aquilo que eu sei de uma maneira correta, prática, para que o meu aluno aprenda de verdade e queira ir realmente para um ambiente de trabalho, querendo mostrar para que veio, querendo mostrar que o amor, que a humanização e que cuidar um do outro depende muito de cada um querer e de poder também, o que não é fácil, mas que eles conseguem. Alguns estudantes, muitos deles trabalham e por trabalhar, às vezes ele não tem tanto tempo de se dedicar. Então, a gente vê uma diferença muito grande de uma turma que não trabalha, que só estuda, e de uma turma que trabalha e está estudando para conseguir algo melhor. Então, infelizmente, os que trabalham acabam tendo uma deficiência no estudo, tem que se esforçar mais, tem que tentar se debruçar mais para os estudos, nos livros, para poder conseguir alcançar o seu objetivo. Fora o cansaço, de trabalhar o dia todo e estudar à noite, é bem complicado”, enfatizou.
Piso Salarial
Assim como mencionado no início desta matéria, apesar das atividades realizadas pelos profissionais de enfermagem, o piso salarial nacional, instituído pela Lei nº 14.434/2022 ainda não é aplicado em unidades de saúde públicas e privadas do país.
Esta é uma luta de toda a categoria, pela defesa dos seus direitos. Sobre este assunto, a enfermeira comentou que o cumprimento do piso é uma necessidade principalmente aos profissionais de Feira de Santana que tanto se dedicam à profissão.
“Em Feira de Santana, ao menos nas redes privadas, ainda não foi pago. Infelizmente a gente não sabe se vai ser também. A gente trabalha muito, a gente dá o sangue, a gente veste a camisa da unidade. A gente veste a camisa por onde a gente passa. E o profissional de saúde, tanto o técnico de enfermagem quanto o enfermeiro é merecedor disso. É um direito nosso e é merecedor”, reforçou.
Momentos marcantes
Todo profissional experiente carrega grandes momentos em que pôde vivenciar em sua trajetória. Na enfermagem, a gratidão também está presente nestes momentos. Ao lembrar de situações que marcaram sua vida, Juanita contou sobre o atendimento que realizou em bebês e que os reencontrou depois de muitos anos.
“Eu lembro de quando eu era recém-formada, tinha uma criança, que era cardiopata, um bebezinho pequeno. E aí, nesse dia, ela fez uma cirurgia cardíaca no meu plantão. Anos depois, essa mãe me encontrou com essa criança e ela me reconheceu. Ela chorou, ela agradeceu. Isso é fundamental, isso é importante e eu acabei chorando também junto com ela. Fora a minha experiência no HEC, aqueles prematuros, aquelas crianças pequenas e as mães, até hoje, mandam para mim fotos das crianças maiores. Isso me emociona, isso para mim é gratificante. O amor que eu ganhei dessas mães, desses bebês, a consideração, o respeito que eles têm por nós, quando a gente faz um trabalho humanizado e com dedicação”, afirmou.
A enfermeira concluiu ainda desejando um Feliz Dia da Enfermagem a todos os técnicos e enfermeiros que trabalham com dedicação na prevenção, reabilitação e recuperação da saúde dos pacientes.
“Eu quero desejar a todos os profissionais da área de saúde, técnicos de enfermagem, enfermeiros e em especial, a minha equipe do Hospital Unimed e do Hospital Santa Emília um feliz dia. Eu tenho um coração muito grande e muito apegado a eles, amo meus técnicos de enfermagem, sem eles, a gente não pode fazer nada. Então, a equipe tem que trabalhar juntos, em conjunto. A equipe tem que trabalhar o tempo todo ali, alinhado, porque senão o plantão não dá certo. Então, eu quero desejar feliz dia do técnico de enfermagem, feliz dia dos enfermeiros para todos e para toda nossa equipe”, finalizou.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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