Gabriel Gonçalves
O Mercado de Arte Popular (MAP) de Feira de Santana foi palco da programação do Dia do Cordelista, comemorado nesta sexta-feira (19). A data homenageia o nascimento do poeta brasileiro Leandro Gomes de Barros, considerado o pioneiro da literatura de cordel no país.
O primeiro evento em alusão ao dia, promovido pela Secretaria de Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico (Settdec), surpreendeu o folheteiro e cordelista Jurivaldo Alves, que há muitos anos possui um box no Mercado de Arte Popular.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
"Esse evento aqui está sendo um maior prazer em realizar, porque faz com que o conhecimento possa chegar para mais pessoas, principalmente os adolescentes. Hoje o cordel está presente nas salas de aula, e antigamente eu viajava bastante apresentando o material, mas a idade vai chegando e hoje fico aqui no Mercado de Arte. Não só aqui, mas todo o Brasil passou por um momento em que tudo parou, então tive essa ideia em movimentar, fomentar a cultura e, pensando em algo simples, se tornou este grande evento que está acontecendo no dia de hoje", declarou.
Para o cordelista Jurivaldo Alves, o cordel não é apenas lido, mas também pode ser cantado. De acordo com ele, a leitura do material desenvolve e incentiva muitas pessoas a poderem ter o conhecimento das histórias passadas.
"Aqui dentro da nossa programação, vamos contar com a presença de alguns artistas, até porque o cordel não é apenas lido, ele pode ser cantado. Estaremos exibindo logo mais um documentário e, graças a Deus, superando minhas expectativas, até porque a leitura do cordel desenvolve e muito o conhecimento das pessoas. O conteúdo é tão bom que as pessoas transmitem para outros", afirmou.
Trabalhando há mais de 30 anos com xilogravura, o artista Luiz Natividade destacou que o trabalho é produzido paralelo com a literatura do cordel.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
"Essa é uma arte de talhar na madeira inventada pelos chineses lá no Século VI e que chega ao Brasil com os jesuítas. Tornou-se a arte de habilidade manual e é um casamento perfeito com a literatura de cordel. A capa do cordel em xilogravura é a tradução para o analfabeto, que vai ler a capa do livro. E a xilogravura é uma arte de salão, uma arte de poder aquisitivo, decorativa, e tem várias funções, como ilustrar jornais e capas de livro, que começou justamente na madeira, daí que vem o nome 'xilo', madeira em latim. Depois foi introduzindo outros materiais como o plástico, linóleo. Eu, por exemplo, trabalho com o Eucatex, porque é leve, fácil de cortar e é encontrado em qualquer lugar", disse.
Fotos: Ney Silva/Acorda Cidade
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade