Feira de Santana

Dia do Canhoto: profissionais lembram das dificuldades encontradas durante à infância

De acordo com uma servidora pública, o pai obrigou colocar uma sacola plástica na mão esquerda para evitar de usar.

oto: TV Globo/ Reprodução
oto: TV Globo/ Reprodução

Pode ser uma data que muitas pessoas podem não levar a sério ou simplesmente nem saberem que existe, mas neste sábado (13), é comemorado o Dia Mundial do Canhoto.

A data surgiu no Reino Unido e foi criada com um intuito de conscientizar as pessoas sobre os desafios que um canhoto enfrenta em uma sociedade onde 90% da população é destra.

Para quem ainda não tem conhecimento, canhoto é a pessoa que escreve ou utiliza predominantemente com a mão esquerda, enquanto uma pessoa destra utiliza a mão direita para realizar a maioria das atividades corriqueiras, como escrever, por exemplo.

Osmário de Jesus é um dos exemplos entre os 10% da população brasileira. Ao Acorda Cidade, ele contou que atualmente não encontra muitas barreiras por ser canhoto, mas destacou as dificuldades que tinha na época de escola.

“Eu acredito que não seja difícil ser canhoto, até porque nós que somos canhotos escrevemos da mesma pessoas que são destras. Até dizem que os canhotos são mais inteligentes, mas é questão de brincadeira mesmo. Eu lembro que tinha dificuldades na época da escola, na carteira da sala de aula, que não era apropriada para o canhoto, mas sempre escrevi com naturalidade, não tive maiores dificuldades, até o mouse aqui do computador, eu consigo manusear com a mão direita e, no futebol, eu chuto com a direita também”, informou.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

Ainda de acordo com Osmário, várias tentativas já foram feitas para escrever com a mão direita, mas segundo ele, a caligrafia não é a mesma.

“Eu já tentei escrever com a direita, mas não vai. Realmente só com a esquerda, até por questão de caligrafia não sai como a da esquerda e essa questão de preconceito nem rola, porque é algo que se tornou normal, é apenas uma característica da pessoa com relação ao destro. Com o passar do tempo, a gente vai compreendendo bem os nossos direitos, vamos estudando, aperfeiçoando e se tornando um ser humano melhor, então naturalmente as pessoas vão respeitando essas características peculiares”, disse.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

A servidora pública Joelia Figueiredo da Silva contou à reportagem do Acorda Cidade que sofreu durante a infância. De nove filhos, ela foi a única canhota.

“Ainda hoje, eu sinto algumas dificuldades, principalmente na hora de assinar algo, eu preciso girar o papel, mas na infância eu fui muito criticada. De nove filhos, todos os meus oito irmãos são destros, e eu fui a única canhota. Meu pai colocava um saco plástico na minha mão para que eu evitasse de usar e fazer tudo apenas com a mão direita. Eu tentava escrever com a direita, mas a letra não ficava legal, até questão de dormir é pro lado esquerdo”, explicou.

Segundo Joelia, mesmo depois de tantos preconceitos, a recompensa foi feita através da caligrafia.

“Todo mundo hoje acha a minha letra muito bonita, tanto que meu pai na época, ele era professor e me chamava para ajudar ele na correção das provas, dizia que minha letra era muito bonita, até aqui mesmo no trabalho, qualquer coisa, sempre me colocam para escrever por conta da caligrafia”, afirmou.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

O jornalista Denivaldo dos Santos também é canhoto. Ele informou à reportagem do Acorda Cidade que logo no início também encontrou dificuldades por conta das carteiras escolares.

“Hoje praticamente já normalizaram essa questão das carteiras, mas antes era terrível, eu tinha muita dificuldade. Com o tempo, eu fui aprendendo a mexer com as duas mãos, o mouse, por exemplo, mas se for para abrir uma porta, é com a mão esquerda, para abrir a porta de um carro, com a mão esquerda, quando alguém vem me cumprimentar, é com a mão esquerda e a outra pessoa com a direita, então tem que cruzar os braços, mas eu fui me adaptando com as coisas, até assinar o nome com a mão direita eu precisei aprender, porque a professora na época, batia com a régua nos dedos”, concluiu.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.

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Josineide Alves

Sou canhota e passei dificuldade na escola porque não tinha carteira apropriada. Eu só consigo escrever com o caderno deitado,tem pessoas que acham estranho quando me vêem escrevendo, mas acham a minha caligrafia muito bonita e me pedem para escrever.

Eliene Almeida Morais

A minha dificuldade mesmo era na época da escola,que não tinha carteira pra canhoto.Pra escreve até hoje tenho que virar o papel.