Gabriel Gonçalves
É comum ouvir de alguém ou ler em alguma página a famosa frase 'ano novo, vida nova', como um período para transformação e mudanças que são estabelecidas para serem realizadas no ano seguinte.
Para muitas pessoas, a virada de ano é como uma virada de chave, deixando os resultados negativos para trás e imaginando realizar modificações com o propósito de atingir metas.
Em entrevista ao Acorda Cidade, a psicóloga Amanda Brito destacou que este tipo de pensamento pode ser caracterizado como um movimento natural, ao encerrar mais um ciclo.
"Eu acho que esse é um movimento natural relacionado ao sentimento de encerramento, um final de ciclo que o ano nos traz. Acho que é importante a gente pensar um pouco sobre a diferença também, entre aquilo que a gente deseja e as metas que estabelecemos. Isso é um desejo de condição constante do indivíduo e independe do período que isso possa se manifestar. As metas, às vezes, a gente deixa para elaborar no final do ano, para justamente ter um tempo de organização dos projetos que já foram iniciados e tenham um tempo para serem concluídos", disse.
Para a psicóloga, os planos variam bastante de indivíduo para indivíduo, mas entre os mais listados estão a perda de peso, novas formações acadêmicas e até mesmo ingressar em algum relacionamento.
"Isso pode variar bastante, pois existem pessoas que colocam como metas a perda de peso, ingressar em um relacionamento, metas relacionadas ao mercado de trabalho, novas formações acadêmicas e eu acho essencial, porque as pessoas podem fazer pontes de um sentimento de esperança, especialmente nesse momento delicado que estamos vivendo. A gente se sente cansado com a sensação de que os anos estão se repetindo, as nossas possibilidades estão mais escassas, então quando a gente elabora metas, de certa maneira, a gente se empenha e faz algum movimento, aquele sentimento de esperança e que as coisas possam melhorar no próximo ano, apesar de todas as dificuldades", citou.
Frustrações
Ao Acorda Cidade, a psicóloga Amanda Brito informou que mesmo com planejamentos traçados, as pessoas devem ter ciência de que algo às vezes pode 'fugir' do controle.
"Quando nós elaboramos metas, apesar de traçar planejamentos, a gente precisa ter ciência que as coisas às vezes podem fugir do nosso controle, então isso pode sim gerar um sentimento de frustração e também, especialmente, quando a gente trata da conjuntura da pandemia da Covid-19. Nós ainda não temos um período estabelecido para que isso termine, então a gente não sabe por quanto tempo a gente vai precisar adiar determinados projetos. É preciso continuar trabalhando dentro das condições que temos nesse momento. Sérgio Cortella traz uma frase que eu acho sensacional: 'fazer o seu melhor na condição que você tem até ter condições para fazer melhor ainda'", afirmou.
Ainda de acordo com Amanda Brito, não existe uma 'receita de bolo' para encarar as frustações. Segundo ela, nesse momento, é importante entender que nem tudo que está organizado poderá ter o resultado 100%.
"Não existe uma maneira fácil, como uma receita. Realmente é preciso tolerar e entender que nem tudo pode passar pelo nosso crivo, pelo nosso controle e as coisas, às vezes, não vão acontecer da forma como a gente imaginou e que não é por isso que o mundo desanda, então a gente precisa realinhar estas metas, nem sempre abandonar os planos, mas poder realinhar dentro da realidade que nós temos e isso requer paciência, requer tranquilidade para que tenhamos esse sentimento de esperança e de Fé que as coisas irão melhorar", concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade