Diante do aumento das temperaturas, as árvores reafirmam sua importância na natureza porque proporcionam sombra e ajudam a reduzir o calor nesses períodos de seca. Ao Acorda Cidade, o diretor do Departamento de Áreas Verdes da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Sesp), João Falcão, contou que em 2018 foi realizado um mapeamento das árvores em 70% da área da cidade.
“O município levantou quantas árvores tinham, que tipo, a espécie, tamanho, idade, e chegou-se a um número de 62.610. Nossa estimativa hoje, considerando o nosso trabalho de planejamento com manutenção e poda, é que Feira tem no mínimo, 100 mil árvores, isso em área pública, nós não estamos considerando as áreas privadas”, analisou.
Segundo João, que também é engenheiro agrônomo, para uma melhor qualidade do ar, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o ideal, seria três árvores por habitante. Estima-se que Feira de Santana esteja bem distante, comparado a mais de 650 mil moradores para 100 mil unidades.
O engenheiro também destacou alguns benefícios que as árvores proporcionam para o ambiente.
“O ideal era que a gente tivesse, no mínimo, três árvores para cada habitante. Então, a gente precisaria de 150 mil árvores. A gente está bem distante, mas existe uma série de fatores. A gente diz que criou um microclima porque as árvores vão filtrar o efeito solar direto, a ventilação melhora, todo esse tipo de situação direto, aquilo que você vê diretamente. Indiretamente, ele cria toda uma situação de fazer o bem para o meio ambiente. Então as árvores, para mim, são indispensáveis para qualquer comunidade”, explicou.
Um dos problemas que o diretor aponta é a solicitação para a remoção das árvores que tem aumentado na cidade.
“O meio ambiente tem brecado o máximo, principalmente quando não há uma motivação que realmente põe em risco. E você vê um índice muito grande que eu chamo de assassinato de árvores. Muitas árvores mortas, muitas vezes alguém fez esse mal, talvez para beneficiar não sei o quê. Alguns falam porque a fachada não aparece, está sujando muito, esse tipo de coisa. Por isso não se justifica remover. Agora, existem realmente situações em que é necessário remover árvores”, declarou.
Com um quantitativo em torno de 100 mil árvores para a segunda maior cidade do estado, em população, a falta delas nos ambientes é uma reclamação constante, principalmente dos defensores das causas ambientais no município. João explicou que planejamentos de arborização estão sendo desenvolvidos com a secretaria do Meio Ambiente.
“Fizemos um projeto onde uma das linhas de ação seria arborizar o maior número possível de logradouros. Por exemplo, definimos juntamente com o meio ambiente quais são as mudas, quais são as árvores que a gente deve utilizar, observando toda a situação. Sistema radicular, copa, desenvolvimento, a questão de buscar árvores que precisem de pouca poda, onde você não precisa tanto de interferir na árvore”, afirmou.
Em 21 de setembro deste ano, no Dia da Árvore, a Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Sesp) com o apoio de oficiais do 35º BI (Batalhão de Infantaria) plantou na avenida Noide Cerqueira cerca de 70 mudas de diferentes espécies, como Sibipuruna, Pau Brasil, Escova de Garrafa, Ipê Amarelo, que em três anos podem atingir 3,5 metros. A comunidade do entorno também participou da ação.
Para o João, o benefício que uma árvore pode trazer é muito grande ao se comparado com os problemas que as pessoas colocam em torno de sua manutenção.
“Entender que o benefício que ela traz é tão grande que o trabalho que ela vai dar é muito pouco. Então, se fala muito, que vai sujar a minha casa, cai muita folha, mas isso é o mínimo para o benefício que está. Isso é muito frequente aqui e se você perceber, muitas ruas de Feira já foram mais arborizadas do que hoje. O grande lance é que tem realmente árvores que foram plantadas, que não são as mais recomendadas para a calçada, isso é verdade. Mas a gente hoje tem uma série de estudos, tem uma série de informações, indicações de espécies que vai lhe dar muito pouco trabalho”, disse.
Essas árvores como Felício, Pata-de-vaca, Aroeira Chorona, Escova de Garrafa, são árvores que dão sombra e não provocará nenhum problema com o sistema radicular, destruindo estruturas da construção, danificando a rede de esgoto e de água. Seu crescimento também poderá ser direcionado conforme o podamento.
Segundo João, a manutenção das árvores da cidade é realizada respeitando a urbanização e principalmente sem danificar as árvores.
“A árvore tem que conviver com fiação, com iluminação, com sinaleira, com pista de asfalto, com as próprias posições passando, tem altura para você ver. Então, o nosso planejamento é para que a gente deixe as árvores, sem maltratá-las muito, deixe as árvores na condição de não haver essa interferência, e do mesmo jeito que as pessoas cobram a gente, que não podoa ou podoa demais, tem aqueles que falam, está cobrindo a sinaleira, está cobrindo a iluminação, estou sendo roubado, as pessoas estão se escondendo nas árvores, então a gente busca atender todas essas situações”, pontuou.
Além disso, o diretor explicou que desde 2020 os órgãos municipais vêm trabalhando o replantio de árvores na cidade. A pandemia afetou algumas ações, mas desde então cerca de duas mil árvores já foram plantadas.
Para podar uma árvore é preciso a autorização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semman). A Lei n° 120/18 estabelece regras que regulamentam o simples plantio e qualquer intervenção em áreas arborizadas. Para finalizar, o engenheiro também fez uma ressalva sobre a manutenção das árvores por conta própria.
“Nenhuma árvore pode ser, mexida, podada, removida, cortada, seja em área urbana ou em área pública, seja em área privada, sem a devida autorização do meio ambiente. Não é porque você está no seu passeio, está no interior de sua residência ou de sua chácara, ou de sua fazenda, que você pode remover, mexer nas árvores sem autorização do meio ambiente. Uma árvore é patrimônio mundial”, reforçou.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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