A Federação Internacional de Futebol (FIFA) não estabeleceu concretamente uma música oficial da Copa do Mundo. Em vez disso, produziu uma trilha sonora oficial do campeonato. Mas isso não impediu que compositores baianos também representassem o Brasil com composições pensadas para Copa do Mundo 2022.
Um desses compositores é o Valter das Virgens, coordenador de eventos, natural de Irará.
“Eu canto desde os 12 anos, quando eu saí do interior. Já saí com o sonho de cantar e viver da música. Eu aprendi a tocar com um professor que dava aula de inglês e ele me deu algumas aulas de violão. Quando cheguei a Salvador tinha um amigo meu que tocava bateria e tinha uma banda e os amigos deles me davam algumas dicas de violão. Eu tocava muito no colégio, cheguei a fazer alguns barzinhos, mas a música não dava para pagar as contas, então comecei a trabalhar desde os meus 13 anos, no comércio local e depois no ramo de restaurante,” contou.
Valter teve a ideia de gravar uma música para Copa por conta da situação atual do seu pai, que segundo ele foi o criador da canção.
“Essa música da Copa meu pai cantava quando eu era criança, porque na realidade meu pai não me criou, quem me criou foi minha mãe e meus avós. Meu pai aparecia uma vez ou outra, tocava violão, e eu lembro que em uma das vezes que ele esteve lá, acho que foi em 1994, ele cantou essa música da Copa do Mundo, só que era bem diferente, aí eu tive a ideia de gravar agora por conta de um momento difícil que ele está passando. Ele está doente, precisa de alguns recursos, aí dei uma mexida, fui ao estúdio de um amigo meu e gravei,” descreveu.
Valter contou que a música “Papagaio Amarelo” fala sobre a Seleção Brasileira e a ideia de gravá-la surgiu no período das eleições 2022.
“Muitas pessoas estavam usando a camisa verde e amarelo, aí fiquei com um pouco de receio de gravar a música antes e que isso prejudicasse o lançamento, ou as pessoas pensassem que estávamos fazendo propaganda política,” disse.
A música foi produzida com um amigo, contou Valter.
“A música foi produzida com meu amigo Saulo. E além disso gravei outras músicas também. Desde que surgiu o Youtube, eu produzo músicas e posto na internet, porque é um meio que a gente tem para divulgar. Eu já cheguei a fazer 5 mil cópias de CDs e distribuir para as pessoas. Hoje com a internet a gente tem um termômetro de quem está escutando. Com o CD não, hoje o CD não existe mais, hoje a gente disponibiliza. Eu acredito que eu já passei de uns 100 mil downloads de CDs nas plataformas e isso é bom para mim, porque eu sou um artista independente,” abordou.
Valter ressaltou que o cenário da música é complicado quando não se tem investimento.
“Quando a gente vê um artista estourado, tem um investimento alto por trás, tem empresários, investidor. Tem uma série de pessoas que trabalham para aquele artista estourar. E o público gosta de quem está fazendo sucesso. Aqui na Bahia não se dá apoio aos artistas iniciantes. Por muitas vezes pedi oportunidades em cidades do interior e nunca me deram oportunidade, meu trabalho não é ruim, não sou melhor nem pior do que ninguém, mas muitos preferem trazer os artistas de fora, e isso dificulta, é ruim,” ressaltou.
Valter das Virgens observou que as pessoas estão pouco esperançosas com a Copa do Mundo.
“Vejo algumas ruas pintadas, mas ainda tímidas. Acredito que as pessoas vão acordar mais. Tem pessoas tímidas ainda. Eu gosto da Seleção Brasileira, é o único time que paro para assistir, porque é a nossa Seleção, estão representando o nosso Brasil lá fora. Assisto a todos os jogos, amistosos, tenho uma coleção de camisas da Copa do Mundo estou sempre vestido quando tem jogo,” frisou.
O jornalista, empresário, cantor e compositor Raimundo Lima, também conhecido como Raille, começou a cantar profissionalmente em 2018.
“Atualmente eu resido em Salvador, eu tenho um prazer de dizer que sou de Feira de Santana. Sou empresário no Brasil e na Angola e nos últimos anos estou enfrentando esse desafio como cantor e compositor. Eu divido o meu tempo morando em Salvador e em Angola, há 23 anos tenho residência na África. Comecei a cantar em 2018, quando eu gravei a primeira versão de uma música para a Copa do Mundo, com a participação de Armandinho Macedo, do Trio Elétrico Dodó e Osmar, e de lá para cá já gravei cinco discos, além desses cinco mais quatro, gravei o ‘Eclético’, escolhido como o segundo melhor disco da Bahia no ano passado e recebi a premiação este ano e sou também o primeiro cantor do Brasil a gravar em 32D, uma nova tecnologia, o disco Imersão Eclética,” revelou.
Raille disse ao Acorda Cidade que já gravou uma música para a Seleção de Angola e isso foi uma das iniciativas para gravar também uma música para a Seleção brasileira.
“Eu estava em Angola fiz uma música para a Seleção de Angola, em 2006, a pedido da Rádio Nacional de Angola, e quando estávamos acompanhando os jogos em Angola e meus amigos foram lá em casa assistir ao jogo do Brasil, eu pensei que não poderia ficar sem fazer também uma música para o Brasil, aí fiz a música ‘É Hexa’. A música fala muito sobre o nosso time ser o melhor do mundo, afinal nós somos a Seleção com o maior número de títulos,” contou.
A primeira versão da música para a Copa foi gravada em 2018.
“Agora a nova versão foi gravada em groove arrastado, está mais atualizada, modificada, modernizada. E gravei sozinho com uma banda maravilhosa, pontuou.
Para a produção da música, Raille contou com a contribuição de outros parceiros.
“Eu fiz a composição, o Luan Almeida fez um arranjo muito bom para essa música e os instrumentos gravamos em vários estúdios, tivemos também um arranjo vocal do Tito Bahiense, que foi há 16 anos backing vocal da Ivete Sangalo e agora está em carreira solo e fomos para o estúdio. Ficou muito interessante, na minha opinião, fiz também um vídeo para a música, no mês passado,” informou.
Ao Acorda Cidade, Raimundo Lima salientou que o sentimento de patriotismo foi sua inspiração.
“Porque na música eu elevo o meu país, sobretudo a gente que mora fora tem essa necessidade, e eu sinto muito prazer de ter esse sentimento de patriota legítimo e não de patriota por ocasião ou por politicagem. Eu amo esse país de verdade. O meu sentimento é de estar contribuindo com uma música de qualidade e diversificando também a minha produção musical. Sou muito eclético, eu gravo MPB, Samba, Rock e músicas africanas tenho uma produção diversificada,” elencou.
Raimundo avaliou que a Copa do Mundo é importante para elevar a autoestima do país.
“Os técnicos muitas vezes atrapalham, e a questão é saber se os técnicos vão escalar bem os nossos jogadores. Acho que a Copa vai ser muito boa para o nosso país nesse momento e para a nossa autoestima, principalmente, depois de tantos problemas sofridos nos últimos anos,” concluiu.
Links:
Música “Papagaio Amarelo”
https://www.youtube.com/watch?v=zW8Nu7fGdps
Música “É HEXA”
https://www.youtube.com/watch?v=08lqx-nAJMo
Confira as músicas da Copa do Mundo 2022
Trilha sonora oficial:
Hayya Hayya (Better Together) – Trinidad Cardona, Davido, Aisha -> Ouça aqui
Arhbo – Ozuna feat. GIMS -> Ouça aqui
Light The Sky – Rahma, Balqees, Nora, Manal -> Ouça aqui
Músicas feitas para a Copa da FIFA Catar 2022:
The World Is Yours to Take – Lil Baby -> Ouça aqui
Tukoh Taka – Nicki Minaj, Maluma, Myriam Fares -> Ouça aqui (música oficial da Fanfest)
Dreamers – Jung Kook (BTS) -> Ouça aqui (música lançada na abertura da Copa)
As informações são da jornalista e produtora do Acorda Cidade Maylla Nunes.
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