Natural do conjunto Feira VII, em Feira de Santana na Bahia, Matheus Hava (@matheus.hava) celebra o sucesso no cenário da moda internacional. Matheus, revelado na área em 2021, iniciou sua trajetória vendendo acarajés nas ruas da cidade onde nasceu, junto com sua mãe até os 17 anos. Aos 20, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a vender sacolés e bolos na zona norte da capital fluminense para ajudar a aumentar a renda familiar.
📲 NOTÍCIAS: siga o canal do Acorda Cidade no WhatsApp
Hoje, Matheus é um nome em ascensão na moda internacional, tendo trabalhado para grifes renomadas como Armani, Missoni, Lacoste e Calvin Klein, além da montadora Mercedes-Benz. Ele também já foi destaque em editoriais de publicações internacionais como Marie Claire Hong Kong, L’Officiel Tailândia, The Perfect Man e Man In Town.
A infância de Matheus foi marcada pela humildade e superação. “Minha vó sempre vendeu acarajé e quando eu tinha 4 anos, ela passou os conhecimentos na área para minha mãe. Minha mãe sempre foi uma mulher de valores, sábia, guerreira e determinada. Essas foram sem dúvidas as maiores riquezas que aprendi e carrego comigo. Desde então, trabalhei com minha mãe diariamente, até os meus 17 anos. Era um trabalho puxado, mas que me enche de orgulho. Sempre enfrentei o que fosse preciso para poder evoluir e buscar um futuro melhor. Começava a produção de acarajés durante a noite e finalizava pela manhã. Após o almoço, saía para vender nas ruas, até o final do dia. A produção era diária, porque não tinha como armazenar grandes produções em casa. No Rio, carregava uma mala com pães, bolos e coxinhas, além de uma bolsa térmica com aproximadamente 60 sacolés, que eu mesmo produzia. Durante três anos, a atividade garantiu a minha renda durante a estada no Rio de Janeiro. Eu comprava as mercadorias, produzia tudo e saía para vender. Sempre me empenhei para poder conquistar melhores condições”, relatou.
O sonho de ser modelo
No início da carreira os principais desafios enfrentados foram financiar os custos de vida, além das barreiras culturais e linguísticas no exterior.
“Sem dúvida foi uma das partes mais difíceis, pois no começo da carreira não se tem uma frequência de trabalhos estável. Já fora do Brasil, o idioma e as diferentes culturas se tornam grandes obstáculos, mas acredito que isso também foi um ponto positivo pois me forçou a me dedicar ainda mais para aprender. Lembro de tirar 30 minutos todos os dias para estudar idioma por aplicativos e no Youtube, o que me levou a fluência em pouco mais de dois anos”, contou.
Além de vender alimentos, Matheus fez cursos de barbeiro, dreadmaker, confeiteiro e trabalhou como panfleteiro e atendente de caixa. Ao assinar com a agência Way Model, seu primeiro trabalho surgiu em menos de dois meses, com uma campanha para uma marca de jeans.
“Além do material que produzimos para o book [que é o primeiro passo para começar a ser apresentado para as marcas], meu primeiro trabalho foi uma campanha para uma marca de jeans. Desde então, trabalhos e mais trabalhos começaram a surgir. Hoje, trabalho como modelo no mercado internacional e, tudo o que fiz me ajudou a chegar até aqui, me tornar quem sou e lutar para conquistar os meus maiores sonhos. Apesar de ter sido um sonho que permaneceu adormecido por muitos anos pelo fato de não acreditar ser possível na minha adolescência. Nunca fiz curso para modelar, muitas coisas em minha vida aconteceram no modo: ‘comece com o que se tem hoje, com o conhecimento que possui e aprenda o máximo que puder com cada experiência’. Modelar e falar inglês não foram diferentes, claro que mesmo não fazendo curso eu estudo e dedicação é sempre necessária, então estou sempre me atualizando, buscando conhecimento”, relembrou.
Carreira internacional
A carreira internacional de Matheus começou em Berlim, passando por Milão e, finalmente, Londres, onde sempre sonhou em viver. Ele também já trabalhou na Áustria, Hungria e Polônia. Seus maiores ídolos na moda são Alton Mason, Emilly Nunes e Jordan Barret.
“Vivia sonhando e pesquisando formas de poder visitar e morar aqui um dia, mas nunca imaginei que seria a moda que realizaria meu sonho. Acho que por esse motivo e pelo fato de ser uma pessoa adaptável e resiliente, não tive muita dificuldade com adaptação”, contou.
Ao Acorda Cidade, Matheus disse aos jovens que desejam seguir a carreira de modelo que não é fácil, no entanto, pontuou que com dedicação, tudo é possível.
“Não é uma carreira fácil como aparenta ser, principalmente no começo. Com muita dedicação e força de vontade esse sonho pode se tornar realidade e ser incrível, então eu diria que a chave é nunca desistir até atingir. Sei que soa clichê, mas pensei em desistir várias vezes. Graças a Deus, não fiz”, afirmou.
Paralelamente à moda, o jovem baiano também tem o desejo de ingressar na Atuação. Ele estuda na “IDSA – Identity School Of Acting“, em Londres, e estreou em um curta-metragem sobre Michelangelo, gravado em Viena.
“Hoje, estudando Atuação em Londres, tenho recalculado minhas rotas, porém tenho certeza que modelar e atuar são carreiras distintas mas que podem andar paralelamente. Deixar de modelar nunca foi uma opção, seguirei carreira nas duas áreas. Foi uma paixão ao ver um musical pela primeira vez, isso só aconteceu quando eu tinha 25 anos de idade, quando pisei em um teatro pela primeira vez. Não era parte da minha realidade. Eu nunca vou esquecer aquela experiência, foi surreal e inesquecível, naquele dia mais uma chama nasceu dentro de mim, pela dramaturgia”, destacou.
Representatividade
Aos 27 anos, Matheus Hava continua sua jornada de crescimento pessoal e profissional, buscando sempre novas oportunidades e formas de passar mais tempo com sua família. Recentemente, Matheus estrelou a nova campanha mundial “Versace + Elton John Aids Foundation For Pride 2024” da Versace, marca italiana de moda de luxo, em prol da comunidade LGBTQIAPN+.
“Foi uma longa jornada de luta contra o preconceito e aceitação até me aceitar como homem gay, mesmo após já ter aberto isso para família e amigos, aos 18 anos de idade. Hoje, poder fazer parte de uma causa tão linda e necessária faz meu coração transbordar. Eu estou extremamente feliz por ter tido essa oportunidade. É a realização de um sonho fazer parte desta campanha, não só pelo fato da Versace ser uma marca para qual sempre sonhei trabalhar, mas pela causa incrível que a campanha carrega, onde parte do lucro das vendas é destinado para a Elton John AIDS Foundation”, frisou.
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram