Gabriel Gonçalves
Trabalhando há 18 anos no ramo do entretenimento, em específico, shows realizados no município de Feira de Santana, o produtor Rogério Alves, precisou mudar a atuação do mercado de trabalho em virtude da pandemia, que proibiu shows presenciais com grande público. Por conta da grande quantidade de pessoas que estariam juntas, em determinados espaços e a possibilidade de contaminação.
Sendo obrigado a interromper todos os eventos que já estavam pré-agendados, Rogério precisou buscar novas dinâmicas, para ser inserido de volta no mercado de trabalho. Foi pensando nisso, que surgiu a oportunidade de comercializar ovos de galinha, os chamados ovos de quintal ou ovos caipira.
"Com a chegada da pandemia, fomos forçados a ter que parar com nossas atividades em 2020, logo depois do Carnaval não deu para fazer mais nada, nenhum tipo de show, evento, nada por conta da pandemia. Então ficamos buscando alguma coisa para se reinventar, porque foi um baque, aquele impacto de repente, porque bateu um desespero, meu Deus, o que é que eu vou fazer agora, os shows foram cancelados, todos os eventos cancelados, pedimos direção a Deus e veio essa ideia de criar galinhas para passar o tempo, começamos com 100 aves e graças a Deus, deu certo", explicou.
Saindo de uma rotina agitada por trás das produções de shows e eventos, hoje Rogério se sente feliz pela atual atividade no campo. Para ele, essa foi uma grande oportunidade que teve durante a pandemia.
"Essa minha rotina mudou radicalmente, porque a gente sai de uma vida agitada da noite, aquela correria da produção, aquela pilha de nervos e vem aqui para um canto, mais sossegado. Hoje eu me sinto feliz, só tenho a agradecer a Deus por essa oportunidade, por essa porta que se abriu", relatou.
Por dia, cerca de 500 a 600 ovos são entregues no centro comercial, mas esta programação só é feita a tarde, porque pela manhã, Rogério já possui outros compromissos com as famosas 'meninas do Roger'.
"Geralmente, às 4h da manhã já estou acordado e nosso dia aqui já começa bem cedo. Nossa primeira ação do dia é dar comida para elas, por volta de 8h30, a gente solta, elas ficam por aqui mesmo no campo, colhemos os ovos até meio-dia e na parte da tarde, saímos para entregar. Hoje, nós estamos com uma faixa de 500 a 600 ovos por dia, mas isso pode ser aumentado, porque temos aí algumas galinhas que estão em fase inicial e essa produção pode chegar de 800 a 900 ovos por dia", explicou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Algo inusitado, mas que acontece. Fazendo parte do processo de produção, as galinhas durante as refeições, também fazem o uso de suco de cenoura com beterraba. Segundo Rogério, tem como objetivo manter a qualidade dos ovos que são produzidos.
"Essas galinhas possuem a liberdade para comer o que encontrarem aqui no campo, ciscarem o chão, mas a gente também dá muito couve-flor, suco, tem gente que não acredita, mas nós aqui disponibilizamos suco de cenoura, suco de beterraba, ou então despejamos a cenoura ralada, beterraba ralada, melancia, mamão, alimentos naturais, além do milho como ração que elas consomem", destacou.
Com 1.000 galinhas atualmente, Rogério informou a reportagem do Acorda Cidade, que a nova atividade no campo está rendendo uma boa renda e mesmo com o custo alto do milho e da soja, foi preciso reajustar os valores, mas nada que seja de impacto na produção.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"A gente trabalha com uma demanda reprimida para o nosso segmento de ovos caipira, ovos de quintal, e nos últimos dias, nos últimos meses, a gente sofreu um pouquinho, tivemos uma queda por conta do alto custo do milho e da soja que está atrapalhando bastante nossa criação e nós tivemos que reajustar os nossos valores. A demanda deu uma caída, mas nada que venha a impactar a gente nesse momento. Logo no início tínhamos clientes de varejo e hoje atendemos também os clientes de atacado, como proprietários de mercadinhos e hortifrutis", explicou.
Após toda essa mudança na área de atuação, questionado se voltaria para a área do entretenimento, Rogério afirmou que sim, mas que as novas companheiras, estão despertando um interesse magnífico.
"Hoje eu estou feliz com que estou fazendo, muito feliz mesmo, isso eu não nego. Retornar com minha outra atividade, só a Deus pertence, a gente pode sim voltar com os shows, mas as 'meninas do Roger', aqui como eu trato elas, não vou largar de jeito nenhum. A gente tem sim a vontade de voltar com os shows, mas quando tudo for possível e seguro, mas isso aqui eu não largo", afirmou.
Também envolvido no mundo do entretenimento, porém voltado para a arte visual, o produtor de vídeo, Roberto de Souza Cordeiro, precisou guardar os equipamentos, por não ter eventos para serem filmados.
Trabalhando há mais de 30 anos em Feira de Santana, Roberto informou ao Acorda Cidade, que esta foi a primeira vez que precisou interromper os trabalhos e o último evento que trabalhou, foi em fevereiro do ano passado.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Eu trabalho com produção de vídeo, vídeos sociais, institucionais, documentários, há mais de 30 anos. O último trabalho que nós fizemos foi em fevereiro de 2020, porque em março a pandemia teve início, e aí, de lá para cá, não tivemos mais nenhum tipo de evento e as empresas também deram uma parada nessa questão de produção de vídeo institucional", explicou.
O dia a dia de Roberto também precisou passar por mudanças e ao perceber que a pandemia pode levar mais tempo do que muitos imaginam, decidiu se reinventar no mercado de trabalho, migrando para o setor de ciclismo.
"A minha rotina mudou completamente e quando eu vi que realmente essa pandemia fosse durar bastante tempo, eu resolvi empreender em um novo negócio. Atualmente eu abri uma loja online, a bikebahia.com.br, onde nesse portal o cliente encontra vestuários, acessórios, tudo para a área de bicicleta, além de bicicletas para trilhas e também para passeio em asfalto", disse.
Roberto informou que após a pandemia, o número de buscas por este setor cresceu bastante, o que tem impulsionado bastante as vendas.
"Hoje em dia, o pessoal procura muito por sapatilha, vestuários, capacetes, faróis e por conta da pandemia, teve esse impulsionamento no mercado. Hoje o pessoal não vai muito nas academias por conta da exposição ao vírus e prefere da melhor forma, se exercitar andando de bicicleta", destacou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Mesmo após a liberação de eventos, podendo retomar com as atividades de produção de vídeo, ele informou ao Acorda Cidade que a nova atividade do setor de bikes, será mantida.
"Hoje eu posso dizer que sinto bastante falta do trabalho no qual fiz durante toda minha vida, porém, mesmo podendo voltar ao normal, assim nós esperamos, eu vou continuar com a Bike Bahia. Apesar de todo negócio no início ser um pouco devagar, estamos de forma crescente agora, a procura está sendo boa e posso dizer que isso facilitou devido ao meu conhecimento que tenho na cidade, então as pessoas, se sentem confortáveis em querer comprar pelo site", explicou.
Para iniciar com a nova atividade, Roberto explicou que não teve a necessidade de vender os equipamentos para adquirir os acessórios para o setor do ciclismo, mas destacou que ainda nessa fase inicial, ainda não é possível obter uma renda, considerada como sustentável.
"Este é um ramo lucrativo, que dá para suprir as necessidades, mas por ainda estar em uma fase inicial, ainda não é possível considerar uma renda que possa ser de sustento, mas tenho certeza que daqui para frente, teremos resultados positivos. Graças a Deus, eu já tinha uma reserva, porque como eu já estava há bastante tempo no ramo de filmagem, sempre tive uma boa clientela, então eu tive essa possibilidade de não precisar vender os equipamentos e iniciar a outra atividade com o capital que estava guardado", concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade