Daniela Cardoso
A espera e a chegada de um bebê sempre trazem muita expectativa para as mães, especialmente para aquelas que estão tendo essa sensação pela primeira vez. Em meio a um momento cheio de mudanças e transformações, as mamães de primeira viagem experimentam diversos sentimentos como ansiedade, expectativa e medo. E atualmente, com a pandemia do novo coronavírus, a rotina de cuidados de um bebê recém-nascido, que naturalmente já costuma ser intensa, exige ainda mais atenção. E aquela ajudinha que os avôs e parentes costumam oferecer? Bem, com o isolamento social que o momento exige, essa ajuda teve que ser dispensada e as mães precisaram se adaptar a essas mudanças.
A nutricionista Monique Pita, mãe do pequeno Gabriel de cinco meses, viveu essa realidade de isolamento social e de cuidados redobrados, antes mesmo da pandemia do coronavírus chegar no Brasil. Gabriel inspirava cuidados especiais por ter nascido com baixo peso e as tradicionais visitas de parentes e amigos, já estavam suspensas desde os primeiros dias de vida do bebê. Quando as visitas foram liberadas, o coronavírus chegou e o isolamento e os cuidados tiveram que ser estendidos.
Foto: Arquivo Pessoal
“Nesse momento que começou a pandemia, foi quando o médico tinha liberado as visitas. Aí tivemos que suspender novamente. A gente não está recebendo nenhuma visita e em alguns momentos especiais, como em mesversários, nós fazemos uma chamada de vídeo para os parentes participarem. A criança tem uma imaturidade imunológica, que só chega a partir dos quatro anos de idade. O bebê também não tem todas as vacinas, que são tomadas ao longo de cada mês, até completar um ano de idade e esse é um dos motivos para a gente não expor ele. Além do coronavírus, existem outras doenças que podem contaminar o bebê e o principal cuidado que estamos tendo é ficar em casa”, afirmou.
Dentro de casa e sem contar com a ajuda de pessoas de fora. Assim tem sido a rotina e o grande desafio, segundo Monique Pita relatou ao Acorda Cidade, é encarar o isolamento social, que pra ela já dura cinco meses, desde a chegada do filho. Ela diz que tem passado os dias tentando controlar a ansiedade e com o coração de mãe cheio de cuidado e amor.
Foto: Karol Freire
“Desde quando ele nasceu eu não tenho saído. É difícil ficar em casa o tempo todo, sem poder receber ninguém, até pra ajudar, pois a pessoa que me ajudava, pedi pra que não viesse mais por conta do coronavírus. Então tem que saber lidar e controlar as emoções nesse momento”.
Momento de aprendizado
As mudanças na vida das mamães começam antes mesmo da chegada do bebê. Para a psicóloga Marina Queiroz, o momento ainda é de espera. Aos nove meses de gestação, ela aguarda a chagada do filho há qualquer momento. Ciente de todas as mudanças físicas, emocionais e sociais, que estão acontecendo na vida, ela já guarda lições que serão válidas para sempre.
“Uma das coisas que precisei aprender foi reduzir o meu ritmo de vida, desacelerar o trabalho e todas as mudanças da gravidez me trouxeram e fortaleceram aprendizados como, por exemplo, que não adianta exigir de mim aquilo que não posso dar, que preciso respeitar os limites do meu corpo”, declarou.
A psicóloga destaca que durante os nove meses de gestação a expectativa o tempo inteiro é que o bebê venha com saúde e diante do cenário de pandemia que estamos vivendo, ela afirma que essa expectativa ficou ainda mais forte.
Foto: Cláudia Antonelli
“Que ele venha e se mantenha saudável. O resto a gente pode construir juntos. Essa situação que estamos vivendo me assusta na medida certa para tomar as precauções necessárias, me faz ter responsabilidade, cuidado, me faz proteger a mim e aos outros. Não estou em pânico e não me permito ficar ansiosa. Desejo que a chegada do meu filho nesse cenário seja leve, apesar de todas as circunstâncias. Isso é também em relação a experiência que vamos ter juntos, eu não vou romantizar a maternidade e quero que essa relação construída seja leve apesar de ser trabalhosa”, afirmou ao Acorda Cidade.
Marina ainda comentou sobre o necessário afastamento social que o momento exige. Ela lembrou que a gravidez e a chegada de um bebê, mexem muito com as emoções das mães e que é necessário ter um apoio emocional para enfrentar as dificuldades.
“É importante para a mulher que vai parir que ela tenha uma boa rede de apoio emocional, principalmente. Pois no período pós-parto imediato a mulher passa por muitas oscilações hormonais que podem provocar muitos desconfortos, então isolem-se apenas fisicamente, mas mantenham contato com pessoas que possam ajudar emocionalmente a atravessar esse momento”, destacou.
As informações são do repórter Ney Silva do Acorda Cidade