Conheça os melhores roteiros gastronômicos para visitar em Feira de Santana, segundo consultora

Neste domingo (18), a nossa querida Feira de Santana está completando 189 anos de emancipação política. Em todos esse anos, Feira foi apreciada e temperada de diversas formas, por meio de culturas de outros lugares e pela arte e criatividade dos próprios feirenses que sabem como agradar o paladar de quem chega e deixar sabores memoráveis em quem passa pela cidade.

A consultora gastronômica, Monia da Hora, conta ao Acorda Cidade como a cultura feirense alimenta e enriquece paladares.

“A gente está passando por um momento crucial, uma metamorfose no seguimento gastronômico. Há 10 anos, a gente tinha um cenário na gastronomia de Feira, e atualmente estamos caminhando para um cenário bem positivo, aonde as pessoas têm procurado mais a gastronomia, têm se qualificado, e isso mesmo que faz a nossa sociedade rodar,” contou.

Monia destacou a importância de valorizar os bons profissionais da culinária.

“Quando eu tenho um empreendimento, que eu emprego um profissional qualificado, automaticamente, tenho que reciclar aquelas pessoas que estão ali inseridas, que são da área, mas às vezes não têm uma formação, um curso técnico, algo que possibilite esse profissional a exercer sua função de cozinheiro. Então isso, para mim, já é um ponto importante, porque agora temos graduações, escolas técnicas, o sistema S, que eu fiz parte e tem um comprometimento gastronômico muito grande, mas agora a gente tem na cidade uma escola chamada Instituto Gastronômico, cursos de Gastronomia, perspectivas de pós-graduação e na minha época de estudante, eu não tinha nada disso. Tive que ir para Salvador, fazer muito curso online, ir para São Paulo, então agora Feira de Santana está trabalhando, educando o mercado, para ter profissionais competentes atuando dentro do seguimento de alimentação. Isso movimenta nossa gastronomia, nossa economia, e faz a cidade crescer, através da alimentação,” descreveu.

Conforme a Consultora Gastronômica, Feira de Santana é a própria cultura da alimentação e isso é o que faz com que esse segmento gastronômico cresça cada dia mais.

“Feira de Santana é a cultura. Está em uma localização estratégica, é uma cidade de passagem. E assim conta nossa história, começamos desse jeito, com os tropeiros que passavam no século XVIII, e assim foi se construindo Feira de Santana, uma grande Feira, com um excelente trabalho e estamos aqui. Então a cidade precisa ter um seguimento alimentar muito forte, precisa existir ações, um movimento de segurar um na mão do outro, os empresários junto com as universidades, junto com as escolas técnicas, e fazer um movimento de qualificação. Isso é o que nós queremos para nossa cidade. Estamos em um território estratégico, somos a segunda maior cidade da Bahia, e não podemos perder nossa cultura gastronômica, que é sertaneja,” ressaltou.

A economia sertaneja é um ponto forte dentro da cultura de Feira de Santana.

“Temos uma culinária sertaneja, que também é muito forte… do sertão, precisamos valorizar esses ingredientes regionais, aprender a fazer preparações com ingredientes que antes não era valorizados, como o queijo coalho, a carne de bode, uma carne do sol, e temos aprender a descolonizar o pensamento e tudo que foi imposto. Temos que aprender que a cultura da nossa alimentação, do nosso futuro, depende de nós, do dono do restaurante que está empreendendo e colocando sua marca para funcionar, depende dos profissionais que estão atuando na cozinha, então é um ciclo, algo que circula em prol da gastronomia,” destacou.

Monia da Hora contou ao Acorda Cidade sobre sua alegria de participar da inauguração do Instituto Gastronômico de Feira de Santana.

“Tive oportunidade de fazer parte do processo, de ver os meus alunos lá. Então esse é o meu trabalho, de falar mais da cultura da nossa cidade, da nossa alimentação, dos povos que aqui habitaram, é trazer esse resgate desde o processo colonial até os dias de hoje. Isso que está acontecendo é uma revolução, pois há 10 anos não tinha isso. Hoje a gente está tendo nossa sede própria de um instituto internacional, então são mudanças históricas e especiais,” salientou.

Locais para encantar paladares em Feira de Santana

A Consultora, Monia da Hora, descreveu ao Acorda Cidade alguns lugares que ela considera como diferenciais em Feira de Santana. Confira abaixo e adicione na sua lista!

Dona Ana da Maniçoba

“Tradicionalmente falando, eu acho que um dos primeiros lugares que as pessoas devem conhecer em Feira de Santana é o restaurante de dona Ana da maniçoba que fica no Mercado de Arte Popular. É uma mulher negra, que fez sua trajetória em uma caminhada de 45 anos, quando eu nem sonhava o que era a gastronomia, e dona Ana já fazia maniçoba. Eu não tenho como falar de nenhum ambiente em Feira de Santana sem falar da nossa querida Ana da Maniçoba, que é um patrimônio para a cidade, é importante para nossa gastronomia. Esse trabalho que ela desenvolveu é muito forte, muito intenso. Eu sou fã de dona Ana, como mulher e cozinheira. Ela já está senhora e não tem mais o pique. Quem trabalha são os filhos, ela continua na produção da maniçoba, mas quem administra todo o processo são os filhos e o neto, mas ela é uma pioneira. E falando da maniçoba, em um contexto geral, é um prato típico que veio de Cachoeira, e por Feira de Santana ter feito parte de Cachoeira, se tornou um prato típico da cidade,” relatou.

Abrigo Predileto

“Esse local fez parte da minha formação como mulher, como profissional, eu vinha para Feira de Santana tirar férias e ia para lá com minha tia tomar sorvete. E o Abrigo tem mais de 100 anos, é um patrimônio, tombado, que precisa ser preservado. Infelizmente, o sorvete da Princesinha, que fazia a composição do cardápio, não existe mais e foi uma perda para nossa cidade. Mas o Abrigo Predileto continua vendendo o tradicional doce de leite com sorvete,” relembrou.

Feijão de Dona Glória e Roque da Cebola

“Dona Glória, Seu Roque e a Fernanda, são uma família que trabalham na feitura desse feijão há mais de 40 anos. Como não pensar em um feijão tropeiro, apesar de ter sido uma preparação sulista na época do ouro e não nasceu em Feira de Santana, mas faz parte da identidade da nossa cultura, porque os homens que aqui passavam se alimentavam à base de feijão, carne seca e farinha, matéria-prima crucial do feijão tropeiro. Então o feijão de Dona Glória é um patrimônio também para nossa cidade,” contou.