Feira de Santana

Conheça o significado do Natal para as diferentes religiões

O Natal é cultuado e celebrado de maneiras distintas pelos católicos, espíritas e evangélicos.

Presépio de Natal
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

O Natal, há mais de 1.600 anos, é marcado por celebrações em diversos países. No Brasil a data é celebrada no dia 25 de dezembro. Nesse período, diferentes religiões vivem o tempo natalino de uma forma única, já que cada uma carrega em si significados particulares entre os devotos e fiéis.

Espiritismo

Marcos Machado, diretor da Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB), explicou ao Acorda Cidade o entendimento da Doutrina Espírita sobre o Natal.

“Nós, espíritas, temos o entendimento de que Jesus é o modelo e guia da humanidade, e isso inclusive é uma informação dada pelos espíritos da codificação espírita. Então, Jesus, sendo nosso guia, é aquele que deve ser seguido sempre. E esse seguimento, as reflexões sobre seus ensinamentos, devem ser diariamente. É lógico que o dia 25 acaba tendo um simbolismo maior e esse significado faz com que a gente possa aproveitar esse período, ainda mais para compreendermos as propostas de Jesus para cada um de nós, seja individualmente, seja a nível de uma vivência coletiva. Também é uma data para que a gente possa refletir mais sobre a vida, questões de grande importância e valores que a cada dia mais precisam ser implantados em cada um de nós. Jesus nos trouxe uma proposta de iluminação, de evolução, e que pudéssemos dar um significado diferente, até porque vivemos em um mundo em que o materialismo se faz muito presente, inclusive nesse período em que as celebrações podem estar focadas em presentes, em alimentos. E claro, somos humanos, e em família, entre amigos, podemos estar confraternizando, mas não podemos esquecer da essência maior”, observou.

Doutor Marcus Machado, diretor da Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB). (Foto: Ney Silva/Acorda Cidade)
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Representação de Cristo

A doutrina espírita, segundo Marcos Machado, não utiliza símbolos nesse período.

“Não há necessidade. Os símbolos que precisamos dar destaque são os símbolos interiores de renovação do perdão, amor, paciência, justiça, humildade, a fim de sermos representantes de Cristo aqui na terra. Não temos nenhum tipo de culto para esse período. É um momento de reflexão, de oração, de pedir, de agradecer. E, sobretudo, de pedir para sermos pessoas melhores, para nos transformamos em pessoas mais justas, mais humanas. Jesus inclusive nos apresentou as bem-aventuranças e se nós tivermos condições de segui-las aqui na Terra nós podemos estar fazendo um grande processo de transformação interior e mais ainda, assim como ele que conseguiu mudar a história da humanidade, nós podemos mudar a nossa história. Quando damos um passo dessa maneira, isso acaba refletindo na vida de outras pessoas. Quando uma pessoa vive de maneira diferenciada na Terra, isso faz com que outros sejam estimulados e percebam que é possível também ser diferente, e foi justamente isso que Jesus trouxe de legado para todos nós, nos ensinando que Ele venceu o mundo, então a nós também cabe esse desafio de vencermos a nós mesmos e acima de tudo vencer aquelas propostas materiais que o mundo nos traz e que nesse momento, infelizmente, está muito em evidência”, pontuou.

Importância da reflexão individual

Marcos Machado relatou que o Espiritismo não possui nenhum tipo de culto ou dogma para esta época, o Natal é uma celebração interior.

“A essência da celebração tem que estar na nossa alma e não em presentes ou em alimentos. Nós podemos fazer uma noite de confraternização com os nossos familiares, mas é importante saber que não estamos ali por causa daqueles apetrechos. É um momento de confraternização já que estamos em uma vida em família, entre amigos, precisamos trabalhar a cordialidade e buscar que algum tipo de desavença que haja entre nós possa ser desfeito. E aí vale a pena um momento como esse de se confraternizar e de levar o seu coração de uma maneira mais pura, principalmente para aqueles que convivemos e também àqueles que não temos uma convivência tão presente. É importante lembrarmos dessas pessoas e quem sabe, se possível, ter um momento de perdão com o outro e consigo mesmo. Vivemos um momento difícil no nosso país, diversas coisas aconteceram, tantas pessoas e famílias fizeram com que relações mais próximas fossem desfeitas, então vem agora esse momento muito importante, porque Jesus supera a tudo e a todos aqui no mundo e muitas vezes a gente busca seguir pessoas no mundo, que espiritualmente não nos levam a nada. E aí quando Jesus nos fala sobre a vida eterna e a vida no mundo espiritual a isso sim que devemos dar valor”, destacou.

Marcos Machado convida as pessoas para que exercitem a autoreflexão.

“Nesse período as pessoas devem parar e pensar um pouco sobre as próprias vidas, sobre os seus valores éticos e morais que são aqueles que, se quisermos, nada nem ninguém tirará de nós.  Viver em plenitude, viver em paz deve ser uma busca central na nossa celebração do Natal”, concluiu.

Catolicismo

Padre Julio Santa Bárbara, pároco da Paróquia Imaculada Conceição, contou ao Acorda Cidade o que significa o Natal para a Igreja Católica.

“O Natal é o nascimento do menino Deus. Existem muitas experiências de Natal, porque muitas pessoas nascem, mas estamos falando de um Natal especial, do nascimento do Salvador, do Messias. Quando falamos do Natal é importante que olhemos para a bíblia e para o Ministério de Salvação para que a gente entenda que por muito tempo Deus, pai, prometeu a salvação da humanidade. Diante da experiência do pecado, do distanciamento das pessoas, das fraquezas da humanidade, de situações de egoísmo e outras coisas mais, Deus prometeu a salvação para a humanidade e a partir daí o povo de Israel alimentou uma grande expectativa da vinda do Messias e para nós essa vinda se concretizou na pessoa de Jesus Cristo”, explicou.

Padre Júlio Santa Bárbara, da Paróquia Imaculada Conceição. (Foto: Ney Silva/Acorda Cidade)
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O padre ressaltou que Jesus é para a religião Católica o Salvador e o Messias esperado.

“Todas as religiões com seu ritos, símbolos, liturgias, procuram se aproximar e se elevar a Deus. E de modo especial, a gente fala que não se trata mais da humanidade se elevar a Deus, agora Deus que veio para a humanidade. Nesse sentido, o Natal do menino Jesus tem essa grande importância para todos nós. Falar do menino Deus é falar da salvação da humanidade e redenção humana, é falar sobre a grande alegria e esperança que Jesus Cristo trouxe para todo nós. O Natal do menino Deus é uma grande data e a Igreja, diante das celebrações diante da vida de Jesus, propõe tempos fortes de preparação, como o Advento”, descreveu.

Paróquia Imaculada Conceição
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

Símbolos

O padre Julio afirmou ao Acorda Cidade que os símbolos são importantes para a celebração do Natal.

“Os símbolos nos ajudam a nos conectar com os mistérios divinos. No Advento temos a coroa com quatro velas, e a cada semana a gente acende uma vela para dizer que estamos nos aproximando da grande celebração do Natal. Temos o presépio que é um grande símbolo dessa época, no qual temos Jesus, Maria, José e outras figuras como os reis magos, animais. A história do presépio iniciou com São Francisco de Assis, que montou pela primeira vez um presépio, e a partir daí a espiritualidade do presépio é vivido a cada ano como celebração do menino Deus”, disse.

Missas

Após o tempo do Advento, o pároco relatou ao Acorda Cidade acontecem várias missas para celebrar a chegada do Natal.

“As duas grandes celebrações são da Noite Santa do Natal e do Dia Santo de Natal. Aqui na Paróquia Imaculada Conceição no dia 24 a Noite Santa do Natal e o Dia Santo no dia 25. Em todas as igrejas da cidade, igrejas do centro, celebraremos o nascimento do menino Deus”, elencou.

O padre Julio compartilhou com o Acorda Cidade uma poesia relacionada ao sentido do Natal.

“Natal é uma pessoa que ousou acontecer no coração da humanidade. A sua presença é sentida no peito inflamado, nas mãos entrelaçadas, nos ouvidos emprestados à dor do outro. O Natal é explosão de sentido e luz no coração das pessoas. Os seus cantos carregam sonhos nas próprias asas e marcham para um tempo novo que brotará das nossas semeaduras e colheitas. O Natal é você aqui, em mim, é eu lá em tantos que cravam a esperança. Neste chão que deveras pisamos, da convicção palmilhada, nos vêm um sorriso divino. Feliz Natal, poesia e luz, é festa do Deus menino, é Natal verdadeiramente”, declamou.

Natal para os Evangélicos

O pastor Jadson Magalhães Limeira, da Igreja Batista Central, explicou que o tempo do Natal representa a salvação para todos os homens.

“O Natal é um tempo que faz menção ao episódio mais importante da história humana, o nascimento de Jesus. Natal é mais do que comprar vestidos de gala, é muito mais do que troca de presentes, ou qualquer outra coisa parecida. Na verdade, Deus é o idealizador do plano de resgate da humanidade”, contou.

Jadson Magalhães destacou que o centro do Natal não deve ser o comércio, mas sim Jesus.

“No Antigo Testamento nós vamos encontrar a construção do cenário para a vinda do Cristo amado. O Natal não deveria ser um tempo simplesmente de comilança ou qualquer coisa parecida, tem que ir além. Não deveria ter como o centro o Papai Noel, mas Jesus. Não deveríamos fortalecer os negócios, mas a mensagem central, a vida abundante trazida por Cristo”, ressaltou.

O nascimento do menino Jesus, segundo o pastor, é extremamente importante.

“Esse plano maior, grandioso, e de Deus, é esse sacrifício colocado na cruz, é o amor pregado. Ele é quem se entrega para o resgate de todos nós e esta é a maior mensagem e este o maior plano de salvação trazido de Deus para toda humanidade”.

Jadson informou que nem todas as igrejas Evangélicas utilizam símbolos de Natal. No entanto, destacou que a maioria das igrejas celebram a data.

“Poucas igrejas Evangélicas usam símbolos de Natal, como a árvore, guirlanda e outras coisas. Mas a maioria das igrejas evangélicas celebram o Natal com cultos de gratidão; corais se apresentam trazendo essa mensagem e anunciando a palavra de salvação”, evidenciou.

O pastor deixou uma mensagem de acolhimento nesse tempo de celebração.

“Cristo nasceu, morreu, mas não nos esqueçamos que ele ressuscitou. Jesus está vivo e ele reina, o nome dele é esperança. Cristo Jesus está contigo todos os dias até a consumação dos séculos, é uma promessa e nós não podemos nos esquecer, que ele não é homem para que minta e nem filho de homem para que se arrependa. Àquele que prometeu ele sempre cumpriu, mantenhamos a nossa fé firme e forte, naquele que era, que é, e que sempre será. Jesus Cristo: o eterno, o presente, o maravilhoso. Para Ele toda honra, toda glória e todo louvor”, realçou.

Com informações do repórter Ney Silva e da jornalista e produtora do Acorda Cidade Maylla Nunes.

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