Feira de Santana

Conheça o primeiro astronauta de Feira de Santana

O biólogo Jadiel Mendes Cerqueira contou ao Acorda Cidade como começou o seu interesse pelo universo, como se tornou um astronauta análogo e as suas pretensões na carreira.

Astronauta feirense
Foto: Arquivo Pessoal

O astronauta também conhecido como ‘viajante das estrelas’ é uma profissão que se relaciona com a atuação humana na exploração do espaço. E Embora os astronautas sejam reconhecidos pelas suas missões espaciais, eles acabam passando a maior parte do tempo na Terra, participando de treinamento ou atuando como suporte de monitoramento para outras missões.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o primeiro astronauta análogo de Feira de Santana relatou como conseguiu alcançar esse posto que sempre sonhou, os passos que percorreu e as próximas etapas a serem ainda conquistadas em sua carreira.

Jadiel Mendes Cerqueira Junior, que atualmente mora em Salvador, é estudante do curso de Biologia na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Ele contou ao Acorda Cidade que a sua trajetória na Ufba começou em 2017, conquista alcançada por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Astronauta feirense
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Comecei o curso de licenciatura. Porém na Ufba são os dois, licenciatura e bacharelado, aí neste ano eu me formo em licenciatura, e ano que vem eu reingresso para terminar o bacharelado”, explicou.

O estudante de biologia desde pequeno sempre sonhou em ser astronauta. Ficava olhando para as estrelas durante a noite e imaginando como chegaria um dia até a imensidão do espaço.

“Eu brincava também de fazer foguetes, de fazer rádios e dizia que eu estava entrando em contato com extraterrestres, mas com o passar do tempo eu vi que era uma coisa muito difícil de se tornar, aí eu fui desistindo desse sonho e fui investindo em outro sonho que eu tinha que era o de ser biólogo”, contou.

No entanto, no período pandêmico em 2020, Jadiel começou a realizar cursos de astronomia e astrobiologia, de forma on-line, para aprender mais sobre o universo que nunca saiu dos seus sonhos.

Astronauta feirense
Foto: Arquivo Pessoal

“Eu tive a vontade de procurar saber se tinha algum curso de formação de astronautas. Foi quando eu conheci a Wogel Brasil SpaceLab que é uma estação espacial análoga que fica em Brasília e que se especializa nessa formação de astronautas análogos”. Um astronauta análogo é aquele que realiza simulações de missões espaciais, só que na Terra.

O que faz um astronauta?

Conforme Jadiel, um astronauta realiza diversas pesquisas no âmbito espacial. “Tem pesquisas voltadas para a área da astrobiologia, que é uma área que eu quero me especializar, astrofísica, química, física, astronomia, medicina espacial, direito espacial, que está se desenvolvendo agora. São diversas pesquisas que você faz aqui na Terra, mas no âmbito espacial”, observou.

Confinamento

A maioria dos cursos que Jadiel realizou foram a distância. No entanto, ele já fez um curso de simulação espacial, no qual ficou 48 horas confinado com outros estudantes e outras pessoas de diversas regiões do Brasil.

“Nesse local a gente tem um treinamento de simulação aérea com drones, dimensão espacial, aprendemos como é o planejamento de missões espaciais, e diversas outras opções e áreas que têm nessa pesquisa espacial”, indicou.

Flutuar

Jadiel Mendes disse ao Acorda Cidade que já teve a experiência de flutuar. Isso aconteceu em um simulador de gravidade na SpaceLab.

“A gente ficava pendurado pelos cabos, e eles iam treinando e movimentando a gente pelos cabos”.

Estações espaciais análogas

No Estado da Bahia existem aproximadamente cinco astronautas, disse Jadiel.

“Tem três em Salvador, eu em Feira de Santana e um em Eunápolis. Aqui no Brasil tem poucos, mas é uma área que está começando a se desenvolver. No Brasil tem duas estações espaciais análogas que é a Wogel Brasil SpaceLab em Brasília e a Habitat Marte que fica no Rio Grande do Norte”, elencou.

O estudante pontuou que a sensação de ser o primeiro astronauta feirense é enriquecedora.

“Eu sempre quis ser um astronauta, achava que esse era um sonho muito distante de ser realizado. E aí eu me tornei um astronauta análogo. Ser o primeiro feirense astronauta para mim é como ser um ponto de apoio para crianças e outras pessoas que têm esse sonho e acham que é impossível de realizar. Eu quero que essas pessoas se espelhem na oportunidade que eu tive e façam também. Porque as estações espaciais análogas oferecem ainda esses cursos”, orientou.

Quanto tempo dura uma missão no espaço?

A depender do objetivo da missão, ela pode durar de meses a anos. “Uma missão dura muito tempo, porque é muito difícil você mandar alguém para o espaço. O custo é alto, os riscos de acidentes são altos, então quando uma pessoa é mandada para o espaço pode ter certeza que essa missão está há anos sendo planejada”, destacou.

Como é a alimentação no espaço?

Conforme o astronauta, a alimentação é muito regrada e seca. “No curso que eu fiz também teve essa questão de nutrição espacial. Então, a alimentação é regrada, porque o astronauta tem que se manter naquela dieta, tem que manter a saúde no espaço. Porque a microgravidade pode causar doenças, males no nosso corpo, degradação nos nossos músculos e a perda de cálcio nos nossos ossos. Então a alimentação é bastante regrada e geralmente é seca”, explicou.

Como funciona a profissão de astronauta?

As pessoas costumam imaginar que um astronauta apenas pilota um foguete, vai ao espaço ou faz registros fotográficos. No entanto, Jadiel ressaltou que o trabalho de um astronauta exige muito mais.

“A pesquisa que é desenvolvida no espaço serve para a gente entender o funcionamento do nosso próprio planeta. Tem pesquisas de simulações espaciais de estações análogas que eles simulam uma missão em Marte. Nessa missão em Marte são estudados planejamento de agricultura espacial, ou seja, como a gente vai plantar em Marte, já que Marte é um planeta seco, e a sua atmosfera é muito rica em dióxido de carbono, e aí a tendência é que o Planeta Terra se assemelhe à Marte no futuro, por conta do aquecimento global. E para evitar isso a gente costuma fazer estudos. O funcionamento desse estudo também pode ser utilizado aqui na Terra em regiões secas como na Caatinga, então é uma área que está em constante expansão”, esclareceu.

Jadiel relatou que ainda falta muito para ele se tornar um astronauta por completo, já que existem muitas exigências por parte das agências espaciais.

“Falta um mestrado, principalmente por conta das agências espaciais. Cada agência espacial tem seus critérios, a mais difícil que eu acredito que seja, para atuar, é a Nasa. Para atuar na Nasa o primeiro requisito é ser norte-americano, estadunidense. E no Brasil nós temos a Agência Espacial Brasileira só que as pesquisas espaciais brasileiras não têm muito investimento para mandar astronautas. Possivelmente, vai começar por agora com essa formação de astronautas análogos”, especificou.

O estudante de biologia não possui medo de altura e nem receios, caso um dia precise ir ao espaço.

“Eu não tenho medo de foguete, não tenho medo de avião, apesar de eu nunca ter entrado em um avião, por falta de oportunidade, eu ainda não tive condições financeiras, porém com o passar dos anos eu vou precisar viajar. Mas sempre me joguei de cabeça nas coisas”, assegurou.

Como ingressar na carreira?

Antigamente para uma pessoa ingressar na carreira de astronauta o único caminho era sendo um militar, mas hoje as oportunidades se ampliaram.

“Você tinha que ser pelo menos um piloto de caça. Com o passar dos anos a carreira deixou de ser militar e começou a se tornar civil. Então você pode ser um astronauta atuando aqui na Terra em estações análogas, nas agências espaciais, desenvolvendo pesquisas em laboratórios ou então você pode ir para o espaço também, mas para ir ao espaço é muito complicado”, diferenciou.

Como os foguetes retornam para a Terra?

Os foguetes de antigamente não davam ré, não tinha a SpaceX, porém o método era a cápsula voltando para a Terra. Então o foguete era lançado para o espaço, os estágios dos foguetes se separavam e quando ele chegava na atmosfera a cápsula se desprendia do resto do foguete, e é nessa capsula em que ficam os astronautas. É a capsula que retorna para a Terra, só que quando retorna para a Terra tem um paraquedas especializado e a aterrissagem acontece na água para diminuir o risco de acidentes. Porém, atualmente, com o desenvolvimento da SpaceX, que é uma agência privada espacial, do bilionário Elon Musk, diversas pesquisas foram desenvolvidas e agora a gente tem foguete que dá ré”, contou.

Astronautas
Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin, os tripulantes da histórica missão Apolo 11 | Foto: Nasa/BBC

O homem foi à Lua?

Jadiel contou que acredita na ida do Homem à lua e revelou que a Nasa está programando uma nova ida ao ambiente lunar. “O homem foi para o espaço, foi para a Lua, mas existem algumas pessoas que são céticas e não acreditam. A Nasa está planejando retornar para a lua, e no ano passado já teve sucesso com a missão Artemis que é um planejamento em que vai ter várias missões. A missão 1 era levar essa cápsula, dá uma volta ao redor da lua e voltar para Terra, justamente para planejar missões e para reduzir bastante o risco de acidentes”, concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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