Beatriz Xavier, de 13 anos, é uma bailarina que orgulha a cidade de Feira de Santana. Na sua primeira apresentação fora do estado da Bahia, ela representou todo o nordeste e conquistou o 2º lugar no Festival Internacional de Dança Goiás, na categoria de Repertório e Clássico livre. O Acorda Cidade foi até ela para conhecer mais sobre sua rotina e as aspirações para o futuro da pequena grande artista feirense.
“Eu cheguei lá pensando em me divertir, mostrar a minha dança e me desafiar, que é algo que nos impulsiona a continuar. Depois de me apresentar naqueles palcos imensos, eu venci o 2º lugar nas minhas duas coreografias de clássico livre e repertório. Foi uma emoção tão gigante que eu só fui perceber no dia seguinte”, declarou.
Muito dedicada, ela conta que em sua casa ‘respira arte, literatura e poesia’. A gigante bailarina estuda a arte do Ballet desde os três anos de idade e diz que conta com muita determinação para se manter diante das dificuldades que tem pela frente.
“Quando eu comecei com os três anos de idade, eu não tinha um objetivo formado. Foi a partir do meu crescimento que eu fui pegando forma e agora ele está fluindo na minha vida. Eu sempre gostei de dançar e uma das partes mais difíceis foi a constância. É muito difícil a gente continuar e treinar todos os dias, não desistir e utilizar dos erros e aprendizados para evoluir. A gente tem que olhar para frente, porque o que está atrás vai nos fazer continuar e crescer”.
A bailarina brinca que foi um divisor de águas participar no ano passado da seletiva da Escola de Teatro Bolshoi e foi neste momento que a brincadeira de dançar se tornou um grande sonho de carreira. “Ano passado eu despertei esse sonho, eu e a professora, com muitas conversas e reuniões, a minha família também, decidimos embarcar para o Bolshoi”, disse a jovem ao Acorda Cidade.
Além da dança, ela é atleta e tem o dom para as artes, principalmente com o corpo. Bia conta que sua alimentação saudável é fundamental para dar sustento a tanta dedicação. Ela leva uma rotina normal, acorda cedo, vai para escola e começa os ensaios ao fim da tarde, onde estuda repertório, ballet clássico, jazz e flexibilidade. “Levo uma vida normal como qualquer adolescente. Gasto horas em rede social de forma controlada, tenho amigos e amigas por todo lugar onde vou, gosto de estudar”, contou.
Ela está focada no ballet, mas conta que sempre gostou de praticar outros esportes e realizar outras atividades. “De extra eu realizo atividades como piano, ukulele, programação, aulas de matemática e redação, eu gosto de trabalhar línguas, o espanhol. Mas outro esporte que me toca é a natação, eu me sinto muito bem nadando e eu acho que me dá condicionamento físico”, conta.
A bailarina ganhou na premiação do festival de Goiás, uma bolsa de estudos para participar do The Rock School, na Pensilvânia. Ela conta que já está se preparando para as três semanas que vai passar fora do país, durante o curso. Além desse prêmio, Beatriz está colecionando premiações pelas escolas de dança no mundo afora.
Ela ganhou duas vezes no Ballace Kids na cidade de Camaçari, em 1º lugar em Ballet de Repertório e em 1º em Clássico livre. Ganhou a bolsa Summer Sanctuary of arts- Miami e também foi escolhida para representar o Brasil na seletiva no Gran Premio America Latina (Gpal), na Argentina. Nessas duas últimas ela não poderá cursar, pois está determinada em participar da última etapa do Youth America Grand Prix (Yagp) no Brasil, que será em setembro, no Rio de Janeiro, uma das seletivas mais importantes para bailarinas de 9 a 19 anos, a nível internacional que revelará grandes talentos do ballet do Brasil para o mundo.
Beatriz conta com muito orgulho que se inspira na força de seus pais, na dedicação de suas professoras, mas tem alguém em especial que faz seus olhos brilharem.
“Eu admiro muitos meus professores, porém quem continua dançando é a minha coach (profissional qualificado para ajudar uma pessoa no seu processo de transformação pessoal), Claryssa Barbosa, que é de Joinville. Ela teve uma trajetória muito bonita, ela foi muito forte e conseguiu atravessar essas barreiras do mundo da dança, que infelizmente existem, mas as bailarinas tem que enfrentar”.
A diretora da Escola de Ballet Ebateca e professora da bailarina, Isabel Veloso, acompanha a menina desde 2017. Ela conta como percebeu que Bia poderia ir muito além com a dança.
“Bia desde novinha, a gente percebeu esse diferencial dela. Ela sempre teve um olhar vibrante em relação a dança e ela sempre se espelhava em outras alunas mais velhas, de níveis mais avançados. Com o tempo ela foi amadurecendo e cada vez mais o registro do que ela aprendia na sala de aula, iria internalizando e ela por ser uma aluna muito atenta, ela conseguiu conquistas de forma muito rápida. Uma flexibilidade muito boa”, conta a professora.
Isabel conta cheia de orgulho sobre as dificuldades que Bia enfrentou, mas que a determinação, a disciplina e a ajuda da família foram fundamentais para o progresso da aluna.
“Muito dedicada, determinada, a família sempre apoiando, fazia aulas complementares e hoje ela é uma das alunas de físico mais belos da Ebateca e isso tudo além da naturalidade dela, tem também muito esforço, muito empenho e dedicação nesse empenho corporal. Bia é muito segura da sua técnica e ela tem conquistado resultados incríveis. Ela não falta, então enquanto a escola estava fechada nas férias, nem nas férias de janeiro, nem em junho, ela estava o tempo todo em treinamento”.
“Foi necessário ter muitas horas de treinamento, muita conversa porque exige do bailarino uma confiança emocional. Às vezes a gente diz: para tudo, hoje vamos conversar! É preciso ter essa atenção emocional, porque os sonhos da gente traz essa demanda, esse querer, então precisa estar tudo alinhado para que o bailarino esteja em equilíbrio, corpo e mente, para que tudo se torne bonito e consistente”, afirmou Isabel em entrevista ao Acorda Cidade.
Hoje, com as redes sociais, muitas crianças passam muito tempo na internet ou jogando virtualmente. Perde-se espaço para as brincadeiras, as danças, a conversa presencial entre amigos. Bia fala que muitas crianças estão com problemas de saúde mental, mas que ela gostaria que elas se espelhassem e encontrassem um propósito na vida para ajudar a superar esses momentos difíceis.
Beatriz é a prova de que o incentivo à arte, a educação, a cultura e ao esporte podem fazer na vida de uma criança. Sonhos como o dela só são possíveis, quando existe apoio dentro de casa, na escola e na vida.
Ela mesma organiza suas redes sociais e manda uma mensagem para as crianças e adolescentes que estão em seus processos de descobertas. “Tenham um sonho, acredite nele, não pensem em nenhum momento em algo que não sejam os seus objetivos, sejam incansáveis e façam escolhas de acordo com a música que toca em seu coração”, diz bailarina.
Para acompanhar a bailarina nas redes sociais, siga @beatrizxavier_bailarina
Com informação das repórteres Jaqueline Ferreira e Iasmim Santos
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram