Laiane Cruz
O Hospital de Traumatologia e Ortopedia de Feira de Santana (HTO), que foi assumido definitivamente na segunda-feira (7) pelo Grupo Nobre, terá a partir dos próximos dias atendimento 24h de emergência também para pediatria e clínica geral. A informação foi confirmada pelo empresário e presidente do Grupo Nobre em Feira de Santana, o professor Jodilton Souza, em entrevista ao Acorda Cidade nesta terça-feira (8).
De acordo com ele, os documentos foram assinados ontem, mas a negociação vinha ocorrendo há cerca de dois meses, e o objetivo é ampliar o atendimento do hospital também na parte de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com a instalação de novos leitos.
“Ontem assumimos definitivamente e estamos fazendo uma reestruturação na parte administrativa e parte médica, juntamente com doutor André Guimarães. E a partir da próxima semana não vai ser apenas um hospital de ortopedia, estamos implantando três pronto-atendimentos, que são um pediátrico, que há uma carência muito grande em Feira, um ortopédico, que já existe, e um clínico, para atender a todas as especialidades. Na parte pediátrica terá um atendimento geral, atendimento de UTI e apartamentos destinados à pediatria, além do ortopédico que já existe, com pronto-atendimento 24h, e iremos implantar um pronto-atendimento 24h para clínica geral”, informou o empresário.
Segundo Jodilton Souza, a expectativa é que dentro de 10 dias tudo esteja funcionando totalmente.
“A ortopedia já está funcionando 100%, a clínica geral deverá funcionar já a partir da próxima segunda-feira (14), e a pediatria em torno de 10 a 15 dias. Além disso, o hospital hoje já possui em atividade mais de 30 convênios. Estamos realinhando também a UTI, que hoje tem sete leitos e vamos ampliar para 10 leitos. Na próxima semana estará 100% aberta e Feira ganha mais um hospital de qualidade, com boa localização, que vai poder atender a comunidade com um todo.”
SUS
Além do atendimento particular e através de convênios, o presidente do Grupo Nobre pretende encaminhar as tratativas para ampliação dos atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do município.
Ele esclareceu que atualmente já são realizados atendimentos clínicos através do SUS em uma ala separada do hospital. No entanto, existe a possibilidade da oferta de novos serviços.
“Existe um contrato que é feito em uma área separada do hospital que atende apenas consulta pelo SUS. Eu já estive com doutor Marcelo Brito (secretário municipal de saúde), que a família dele era uma das acionistas do hospital, e ficou de nós realinharmos toda essa gestão para saber se vamos ampliar o serviço para outras especialidades ou se vamos deixar somente a clínica. Vai depender muito das cotas do SUS para a gente entender se iremos ampliar ou não”, adiantou.
Sobre a possibilidade de uma parceria para realização de cirurgias ortopédicas para pacientes do SUS em Feira de Santana, Jodilton Souza reiterou que tudo irá depender da contrapartida do município, frente à tabela de pagamentos do SUS.
“Isso vai depender também do poder público. Nós fazemos a gestão do Incardio, que é um apêndice da Santa Casa, e a parte de cardiologia atende pelo SUS e todos os meses a gente extrapola a cota que é liberada pra gente, a nível de cirurgia cardíaca, cateterismo, angioplastia. Para se ter uma ideia, em seis ou sete meses fizemos mais de 600 cirurgias cardíacas no Incardio pelo SUS, então é um trabalho social que engrandece muito o Grupo Nobre, porque a gente atende a sociedade como um todo. Agora, evidentemente, os valores que são repassados pelo SUS ao hospital nos dão um prejuízo muito grande. Então evidentemente que se houver possibilidade de o poder público municipal ou estadual fazer um convênio com o hospital para atender a toda essa necessidade, não vamos nos opor nem criar dificuldade. Agora é preciso que haja pelo poder público interesse a nível de valores, que possam ajudar a sobrevivência da instituição voltada para o SUS”, explicou.
Ele citou o exemplo de que vários municípios, quando fazem um convênio com hospital para uso do SUS, criam um percentual a mais da tabela para que dê subsistência ao hospital.
“Hoje temos um custo no Incardio em torno de R$ 1.300 a diária, de um paciente na UTI. O SUS paga R$ 614, então cada paciente está dando um prejuízo de R$ 700 se não complicar o caso. Mas evidente que vamos estar disponíveis, vamos ampliar o hospital, fazer um projeto de reformulação para ampliar os leitos de UTI. Agora é preciso que o poder público faça uma tratativa de ajuda ao projeto, para ajudar a sociedade. Como tenho um hospital voltado também para o atendimento das necessidades das minhas empresas, das faculdades, como campo de estágio, porque hoje com a proliferação de faculdades, estamos com muita dificuldade de estágios em instituições públicas, então a gente adquiriu mais esse hospital para criar possibilidades para a Unifan e para a Unef, para que os nossos alunos possam ter um campo de estágio que faça parte do próprio grupo.”
O empresário ressaltou que além da parte física e estrutural, os hospitais geridos pelo grupo precisam buscar também a humanização dos atendimentos e que irá trabalhar essa questão também no HTO.
“O mais importante de um hospital não é o edifício e sim o lado humano, das pessoas que trabalham lá, e é isso que vamos incutir na cabeça dos profissionais que estamos contratando, que o mais importante é o cliente que vai entrar lá, que tem que ser tratado com atendimento diferenciado, carinho, afetividade e acima de tudo com competência profissional. Mas com relação à parte física, estamos fazendo já um projeto de reforma, onde vamos fazer um hospital com quatro andares, com apartamentos ampliados, um grande empreendimento em Feira de Santana, pois temos espaços no terreno que estão sendo subutilizados.”
Outros investimentos
O prédio tem 16 andares e está localizado na Avenida Getúlio Vargas. O anúncio foi feito no dia 17 de novembro de 2021 por Jodilton Souza, durante a inauguração da escola bilíngue Maple Bear.
“É um super projeto, que já está em andamento a execução. Foi iniciada a reforma interna, já tivemos contato com a prefeitura para as pendências serem resolvidas, e programei para quarta de manhã uma reunião com o secretário da Fazenda Expedito Eloy, para fazer as tratativas tanto do HTO quanto do Amayo, e com certeza teremos dois empreendimentos de referência em Feira de Santana. A diferença é que o Amayo tem um potencial maior, em um prédio com 16 andares, e que vai ser utilizado um andar para uma especialidade. Então estamos esperando que dentro de um ano, no máximo, vamos colocar aquela unidade em andamento”, declarou.
Venda do Hospital Emec
Além da compra e construção de hospitais em Feira de Santana, o empresário e presidente do Grupo Nobre confirmou a informação de que, como acionista da operadora de plano de saúde União Médica, adquiriu 3% do Hospital Emec e terá participação na venda da unidade, quando for efetivada.
Segundo ele, o Grupo Nobre foi um dos interessados na compra do hospital da rede privada, no entanto, outras empresas ficaram à frente da negociação.
“O Grupo Nobre é acionista da União Médica, que adquiriu 3% do Hospital Emec, e quando nós fizemos essa conta, estivemos com a direção, fizemos a tratativa e foi feita a compra. No período que compramos, quando a diretoria resolveu colocar à venda o hospital, sondamos a possibilidade da União Médica comprar, mas se o plano não tivesse o suporte financeiro para comprar 100% das ações, alguns sócios da União Médica entrariam, como o Hief, o Grupo Nobre, só que isso não funcionou. Vieram outros grupos com cartas de possibilidade de compra e a gente terminou se afastando, foi quando surgiu a ideia do Amayo e a aquisição definitiva do HTO. Agora, caso o Emec seja vendido, a União Médica tem uma participação de 3% na venda”, informou.
Jodilton acrescentou que existem dois grupos interessados da compra do Hospital Emec e que estavam em negociação. “O grupo Mater Dei, que está fazendo um grande hospital no Rio Vermelho, em Salvador, é um grupo mineiro muito forte, e estava também em negociação com o Grupo Pátria, que é um Fundo de Investimentos que tem adquirido alguns planos de saúde e hospitais.”