Laiane Cruz
Ultrapassar os 100 anos de idade de fato não é para qualquer pessoa, ainda mais cheia de disposição e com um sorriso alegre no rosto, como é o caso da aposentada Risoleta Queiróz, que hoje (17) completou 105 anos de vida.
Natural da cidade de São Félix e moradora de Feira de Santana desde que se casou, a idosa não esconde a felicidade de completar idade nova, em sua trajetória centenária ao lado dos seus quatro filhos Benito, Romeu, Remo e Ada, e também dos netos.
“Eu me sinto bem, meus filhos cuidam de mim, eu não tenho o que dizer dos meus filhos. Tomo café, vou passear pelo quintal, eu não faço nada não. Moro no bairro Sobradinho”, contou a aniversariante.
O segredo de tanta vitalidade, segundo ela, é viver a vida de um jeito leve, brincando e sorrindo.
“Não tem segredo nenhum, tem que ficar é nessa idade mesmo, porque se é para ficar no canto não adianta, então a gente vai andar, vai lá para o quintal, vem, volta, conversa, brinca, você chega lá. o que os outros comerem eu como também e tá tudo bem”, brincou.
A idosa relatou ainda que mesmo debaixo da vigilância dos seus filhos, gosta de se manter ativa, dançar, se exercitar e também ajudar nas tarefas domésticas, além é claro de tomar o seu vinho de vez em quando.
“Eu quero fazer as coisas, meus filhos não deixam eu fazer. Às vezes eu quero fazer qualquer coisa, lavar um prato, fazer uma coisa assim e minha filha diz 'não mãe deixa aí, vai andar, brincar, passear aí no quintal', pronto eu vou. Tenho meus netinhos, eles vêm, me abraçam, me beijam, me agradam, eu agrado também eles e pronto. Eu sento, conto umas histórias, tem hora que eu sento no chão, tem hora que eu sento no sofá”, contou.
Foto: Kaio Vinicius/ Acorda Cidade
Coordenadora do Centro de Convivência Isa e Almerinda, Flávia Freitas, conhece de perto toda essa energia de Dona Risoleta, que era uma das idosas que participava das atividades de dança, música, educação física, ofertadas pela instituição.
Mas, segundo Flávia, por conta da pandemia, o centro de convivência suspendeu as atividades, e espera poder reabrir até o segundo semestre deste ano, à medida que os números da covid-19 foram diminuindo.
“Dona Risoleta é uma pessoa muito participativa, hoje ela está completando 105 anos. Ela fazia várias atividades, como aula de dança, de música, fisioterapia e a oficina da memória também. Ela é a mais velha da instituição, nossa matriarca. As outras têm em torno de 80 a 90”, contou Flávia Freitas.
Foto: Kaio Vinicius/ Acorda Cidade
Ela disse também que sente muita falta da convivência com os idosos e principalmente de Dona Risoleta, devido à troca de experiências que ela tinha com todos eles.
“Hoje eu sinto muito falta por estar um pouco afastada, devido à pandemia, mas era muito gratificante essa troca de experiência, pois quem dera chegar a essa idade que ela está hoje, com 105 anos. Então é muito gratificante participar do convívio.”
Iran Cruz, professora de música no Centro de Convivência, também relatou sobre a satisfação de conviver com Dona Risoleta e os demais idosos da instituição.
“Cada experiência, cada olhar no momento de cantar acontece o tempo todo quando eles estão juntos. É um grupo grande, que se encontrava todas as semanas. Por conta da pandemia tivemos que parar. E Dona Risoleta foi um presente pra gente, porque ela que faz a gente entender que a fé existe. Ela é muito saudável, gosta de cantar e dizer o que é certo e o que não é. A música faz muita diferença na vida dos idosos, e a gente vive a reflexão o tempo todo. A música é o nosso caminha e respirar. Além da música, eles também aprendem instrumentos, como a flauta doce e o violão.”
Foto: Kaio Vinicius/ Acorda Cidade
De acordo com Marcus Machado, que faz parte da diretoria e é bioquímico responsável do Laboratório Hief, que mantém o Centro de Convivência Isa e Almerinda, cerca de 400 idosos fazem parte da instituição.
“Nesse período nós suspendemos as atividades, pelo fato de ser um público bastante sensível à questão do coronavírus. Sabemos da repercussão que isso pode ter, o idoso tem muitas vezes comorbidades e o vírus tem um potencial maior de prejudicar essas pessoas. Então preferimos suspender as atividades, e de vez em quando temos algumas ações. Tem alguns eventos comemorativos que eles são convidados a participar. Esperamos que agora no meio do ano a gente retorne, é o nosso planejamento, agora que a pandemia começa a dar sinais de uma segurança maior, principalmente para esse público”, ressaltou.
Com informações do estagiário Kaio Vinicius do Acorda Cidade.