A semana começou com um encontro importante dos profissionais da educação no município de Feira de Santana. Na manhã desta segunda-feira (10), O Seminário de Combate à Violência discutiu com diversos setores da sociedade o combate a este mal dentro das escolas da rede municipal de ensino. O encontro aconteceu no Centro Municipal de Educação Inclusiva Colbert Martins da Silva.
A secretária de Educação, Anaci Paim, participou da palestra ao lado de estudantes, professores e gestores da educação, do Promotor de Justiça, Audo Rodrigues, além de representantes da Guarda Civil e da Polícia Civil da cidade para analisar, discutir e pensar melhorias para o combate da violência nas escolas.
Ao Acorda Cidade, a gestora da pasta deu alguns detalhes sobre o assunto e como as escolas da região tem percebido e atuado contra a violência.
“As razões da violência são muito amplas e decorrem de uma série de situações geradas por questões sociais, questões financeiras e também a falta de maturidade, de controle emocional das que agem de maneira brusca e sem ter a condição de respeitar o outro devidamente. Então o processo educacional pode e deve contribuir muito para melhorar essa condição”, disse.
Segundo Anaci, muitos casos de violência chegam até a escola, porque fora dela as crianças e adolescentes passam por situações que violam os seus direitos, o que acarreta uma série de mudanças em seus comportamentos.
“A violência vem de ambiente extraescolar e que traz situações muito desagradáveis de abuso sexual, por exemplo, onde crianças e adolescentes são abusadas por próprios membros das famílias e leva para escola uma série de mudanças do seu comportamento em reação a condição que elas são submetidas. A automutilação, por exemplo, é uma consequência. A criança que engravida na adolescência, resultante de um ato sexual de um membro da família, ela reage na escola de maneira assim bem diferenciada dos demais”, explicou.
Por serem desrespeitadas em outros ambientes e até mesmo convivendo em lugares que crianças e adolescentes não devem estar, por exemplo, próximo de pessoas envolvidas com a criminalidade, essas crianças também serão induzidas ao erro e ao desrespeito com o outro.
“Também a questão da violação de direitos, o direito que a pessoa tem de ter acesso à educação, de ter a condição de viver num ambiente de harmonia, de ter privações, de itens importantes para sua sobrevivência, como higiene, alimentação, punições desagradáveis que leva realmente a restringir os direitos. Também condições de ameaça, de estar submetendo a criança a uma aceitação de um ato violento, que se ela contar, ela será morta ou a família serão violentadas. Então, por essas ameaças elas deixam de estar desenvolvendo atividades e de denunciar essas ações. E por fim, a questão do ataque com agressões físicas”, pontuou.
Neste sentido, o seminário será sempre realizado buscando unir as forças da sociedade para assegurar todos os direitos e deveres da criança e do adolescentes no âmbito escolar.
“É contínuo, nós vamos abordar outros aspectos do próprio combate à violência que não foram abordados hoje, porque a temática ela sugere, impulsiona e motiva uma série de outros desdobramentos”, disse Anaci Paim ao Acorda Cidade.
A escola é o agente promotor da educação, mas para que o desenvolvimento dela funcione, é preciso a participação das famílias e de outras instituições públicas para orientar profissionais da área, bem como toda a comunidade escolar.
“O objetivo do seminário é reunir o promotor público, a Guarda Municipal, a delegacia de Polícia Civil para ter as orientações adequadas de como e quando recorrer para esses órgãos a fim de sanar as situações identificadas. São várias cases que apresentamos e a contribuição de cada um está sendo muito importante”, declarou.
Durante a palestra, o promotor de Justiça, Audo Rodrigues, ressaltou alguns problemas que existem dentro das escolas e que precisam de atuação imediata repressiva, mas também no âmbito da educação desses jovens. Ele destacou o uso do cigarro eletrônico, prática proibida, já que o equipamento é proibido, mas que mesmo assim, estão invadindo as escolas.
Ao Acorda Cidade, Karine Costa, diretora da Escola Municipal Celso Ribeiro, falou sobre a importância de discutir a temática da violência nas escolas. A professora conhece bem os casos recorrentes que tem acontecido nas unidades do município, mas também em todo o mundo.
“Muito importante essa discussão. Estar aí toda essa rede de proteção, todo o grupo, mostrando como o diretor escolar, a quem recorrer nas questões de violência, as responsabilidades. Foi muito interessante as palavras do promotor, agora seguem-se as outras autoridades e nós, gestores escolares, estamos muito satisfeitas, porque estamos sendo ouvidas nas nossas necessidades e dificuldades que temos enfrentado nas escolas”, observou a professora.
Ainda segundo a secretária, a redução da violência nas escolas perpassa na oferta dos direitos da criança e do adolescente fora dela e neste sentido, a família e o estado precisam garantir o cuidado e a proteção. Conhecer a situação de cada um também é fundamental.
“Mantendo aqui contato direto com as famílias para que elas tenham a permanente atuação no ambiente familiar, que tenha condição de estar acompanhando os filhos, fazendo monitoramento de como a criança se desloca para a escola, acompanhando, inclusive, o material que ela leva, fazendo a vistoria na mochila para evitar que a criança transporte materiais importantes que possa ferir o outro e dando a condição de ser acionada permanentemente quando a ocorrência existir, buscando o Conselho Tutelar, o Ministério Público e até mesmo a delegacia se o caso for esse. Então, é necessário um diálogo permanente para conhecer mais a família e saber qual é o ambiente que essa criança está vivendo”.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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