Laiane Cruz
Ônibus superlotados, falta de distanciamento social e sem medidas eficazes de controle e segurança contra a propagação da covid-19. Esse é o retrato do transporte público de Feira de Santana e em muitas cidades do país em meio a uma pandemia, que já perdura há mais de um ano.
A falta de opção de um meio de locomoção mais seguro faz com que milhares de passageiros precisem encarar ‘de peito aberto’ o coronavírus diariamente para chegar ao trabalho, ir ao centro da cidade ou para casa no final do dia. E a depender do bairro para onde se está indo, a quantidade de pessoas dentro do ônibus pode ser ainda maior.
A passageira Niuesla Almeida, moradora da Fazenda Candeal II, na zona rural de Feira de Santana, contou como é a sua rotina no transporte público para ir trabalhar todos os dias. Ela afirmou que para a localidade onde mora só tem um veículo disponível e sempre lotado. Às vezes, segundo Nieusla, a empresa disponibiliza mais um ônibus.
Diante da superlotação que precisa enfrentar cotidianamente, ela diz que sente muito medo de ser infectada, mas como disse ‘não tem outro jeito’.
“É complicado, porque sempre os ônibus estão cheios, lotados, e não têm nenhum cuidado. Eu tenho muito receio, e todo cuidado é pouco. A única coisa que eles fazem é esterilizar os ônibus, mas não tem álcool gel. Tenho medo de ser infectada. Mas tem que arriscar, porque senão a gente não tem nosso ganha pão”, desabafou.
A dona de casa Alzira de Jesus também utiliza o transporte todos os dias. Ela reclamou que os ônibus estão sempre muito lotados, principalmente por conta da frota reduzida.
“Não tem nenhum segurança, eles dedetizam aqui no terminal e acabou, é o povo um por cima do outro. Pra voltar pra casa, a gente tem que se arriscar, sem contar que foi reduzida a frota e o ônibus demora mais de uma hora”, relatou a dona de casa.
Ela afirmou ainda que muitos amigos já se contaminaram com a doença, inclusive uma vizinha, que suspeita ter pego a covid no transporte público indo e vindo do trabalho. “Eu uso máscara, álcool gel, procuro o distanciamento, mas nem sempre é possível. A gente faz o que pode, mas estou andando com medo.”
Para a usuária Mariana de Jesus, mesmo com a desinfecção feita pelas empresas antes da saída dos ônibus, a população não se sente segura, devido ao grande número de passageiros aglomerados.
“O transporte público está saindo diariamente do terminal superlotado, apesar que os trabalhadores batem o produto, mas sabendo que vai tudo aglomerado. Estão reduzindo a frota do transporte e estão indo um em cima do outro. Se eu for esperar que venha um vazio, chego atrasada no trabalho”, ressaltou.
Enfrentar essa realidade também não está nada fácil para dona Maria Cícera. Ela sai do Campo do Gado Novo para o local de trabalho na Artêmia Pires, no bairro SIM, e reclama que há muita aglomeração, principalmente nos horários de pico.
“As maiores dificuldades é essa aglomeração, de muita gente nos horários de pico, muito cheio. Saio com ônibus lotado e volto em ônibus lotado. A gente pede pra aumentar a frota, mas até agora eles não fizeram nada. Teve um dia que eu vim pendurada na porta do meio, pra não ficar sufocada. A segurança é péssima, as pessoas poderiam muito bem evitar, mas devido ter que cumprir horário, entra assim mesmo com todo mundo pegando os ônibus coletivos. Se ninguém pegasse, os empresários já tinham feito alguma coisa”, desabafou a trabalhadora, que afirmou sempre utilizar máscara e levar o álcool em gel na bolsa.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.
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