Andrea Trindade
Somente as fiscalizações para coibir as aglomerações de pessoas em Feira de Santana, não têm surtido resultado, pois são muitas pessoas descumprindo o distanciamento social em todas as partes da cidade. Diante disso, a prefeitura deverá anunciar nos próximos dias, novas restrições visando reduzir o número casos de covid-19 no município.
A situação, segundo o prefeito Colbert Martins Filho, é extremamente preocupante e não há previsão de novos leitos. Além disso, a médica infectologista Melissa Falcão, coordenadora do Comitê Municipal de Enfrentamento ao Coronavírus, informou que neste mês de dezembro, está sendo registrada a média de mil casos por semana.
Melissa informou ao Acorda Cidade que o comitê ainda está analisando quais serão estas medidas restritivas porque estão sendo verificadas maneiras de ter impactos menores principalmente para os comerciantes e proprietários de empreendimentos.
“Vamos ter que aumentar de alguma maneira, o rigor das nossas restrições. Vamos analisar como isso será feito, mas passamos por um período de só fiscalizar e o que estamos vendo é que as regras não estão sendo seguidas em grande parte. Estão acontecendo festas, confraternizações de empresas, então a empresa que faz uma confraternização em um momento como este acaba promovendo um surto de coronavírus dentro da empresa. Não temos ainda previsão de quando isso vai reduzir e se continuar com essas confraternizações agora no final do ano e em janeiro, a gente pode ter uma situação ainda pior do que estamos vivendo agora. Como será o nosso 2021 depende do comportamento que teremos no final deste 2020. Tivemos um ano tão difícil, de afastamento e sofrimento, e precisamos agora mais que nunca exercer a nossa fraternidade, botar o espírito de Natal para prevalecer e nos unirmos num objetivo único de controlar essa pandemia”, declarou Melissa em entrevista coletiva online na manhã desta terça-feira (22).
De acordo com ela, em dezembro o número de casos já ultrapassou o do mês do pico da pandemia, na primeira onda.
“Está chegando o Natal. Achávamos que estaríamos em uma situação melhor, mas na verdade estamos chegando em nosso pior momento. Tivemos nas primeiras três semanas de dezembro, 3.417 casos em três semanas, ou seja, são mais de mil casos semanais. Em 26 de junho tínhamos 3.066 casos, três meses após o primeiro caso. E agora em apenas três semanas, já ultrapassamos esse número. É uma situação realmente bem delicada, apesar de todos os avisos da imprensa, vemos que as pessoas não estão cumprindo o isolamento. Não estão tendo medo”, afirmou Melissa.
''Temos que escolher quem vai para a UTI''
Melissa destaca que as cidades vizinhas assim como no país inteiro também estão com números crescentes de casos. Ela voltou a destacar a ocupação em quase 100% dos leitos, e que as unidades já chegaram ao ponto de ter que escolher quem será encaminhado primeiro para a UTI.
“Quem convive mais diariamente, como quem trabalha nas unidades hospitalares está vendo isso mais de perto. A situação realmente mexe muito com a gente. A gente vê famílias internadas. Muitos casais idosos internados, filhos internados na mesma ala que os pais, então estamos vendo esse aumento crescente e não vemos um retorno da sociedade em relação ao que está acontecendo neste momento. Estamos realmente com nossa rede hospitalar cheia, praticamente 100% de ocupação na nossa rede pública e privada. Quem precisar de internamento não consegue de maneira imediata. Temos que escolher quem vai primeiro para a UTI, isso na área de saúde é terrível. Acontece na rede pública, mas nunca imaginei que até na rede privada a gente ia passar por uma situação dessa”, declarou.
Estabelecimentos interditados
O coordenador da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) Cleudson Almeida informou que no último final de semana, durante uma operação, 23 estabelecimentos foram fechados e notificados, e seis serão interditados, nesta terça-feira (22), considerando a conclusão do processo administrativo.
Já na operação Feira Quer Silêncio foram realizadas sete apreensões de equipamentos sonoros e uma advertência.
“Pontuamos que há o registro de grandes aglomerações em bares e avenidas importantes de nossa cidade. Há um respeito com relação aos funcionários dos estabelecimentos quanto ao uso dos equipamentos de proteção, mas não existe espaçamento de clientes fixado. Há uma quantidade muito grande de pessoas, e por conta disso não está sendo cumprido o horário de encerramento das atividades até às 23h. Isso tem sido muito notado durante as ações de fiscalização.
Medidas já adotadas pela prefeitura nesta segunda onda:
-Aumento do número de realizações de exames, mesmo das pessoas assintomáticas
-Aumento da fiscalização
-Horário do comércio foi estendido (quanto mais curto o horário de funcionamento. mais a aglomeração em espaços).
-Proibição de bebidas alcoólicas em espaços públicos
-Proibição de shows e apresentações musicais e de transmissão de jogos de futebol
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