Dia do Idoso

Com avanço da vacinação, casas de acolhimento retomam visitas de forma gradual em Feira de Santana

Com a pandemia, a população idosa precisou se adaptar à nova realidade, marcada pelo isolamento social, por meio do afastamento de familiares e amigos, mesmo os mais próximos.

Laiane Cruz

Comemorado nesta sexta-feira (1º), o Dia do Idoso foi criado para conscientizar a sociedade em torno das necessidades dessa parcela da população, que carece de mais políticas públicas que favoreçam sua autonomia e um envelhecimento saudável.

Com a pandemia, a população idosa precisou se adaptar à nova realidade, marcada pelo isolamento social, por meio do afastamento de familiares e amigos, mesmo os mais próximos. Um desafio que se tornou ainda mais difícil de enfrentar por idosos residentes de lares de acolhimento, que tiveram que cancelar eventos e visitas para proteger a saúde dos seus acolhidos.

Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

Atualmente, com a queda das taxas de infecção e internamentos por covid, aliado ao processo de vacinação, os lares já começam a abrir suas portas para a visita de familiares. No entanto, essa reabertura tem ocorrido de forma gradual e controlada.

De acordo com a coordenadora da Casa de Repouso Nosso Lar, Monalisa Carneiro, trinta idosos moram atualmente no local. Segundo ela, no início da pandemia foi muito difícil explicar aos idosos que eles não poderiam mais receber a visita dos seus filhos, irmãos e parentes próximos.

Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

“Eles não entendiam e tinha a sensação de que estavam sendo abandonados. Mas de forma lenta, nós explicamos a eles, com acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais, de que estávamos vivendo uma pandemia, que era uma doença muito contagiosa e pra eles não era uma coisa boa. Então eles foram entendendo aos poucos”, afirmou.

Com o avanço da vacinação contra a covid-19 e a aplicação da segunda dose nos idosos, Monalisa Pereira informou que já está sendo possível flexibilizar as visitas, porém com todos os cuidados de prevenção.

Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

“Durante a pandemia eles não recebiam visitas, só passaram a receber após a segunda dose da vacina. Fomos liberando as visitas aos poucos, de um familiar por idoso, mantendo o distanciamento, usando máscara, fazendo todo o processo de assepsia e cuidados. No período que eles estavam sem receber visitas, nós usamos o tablet para videochamada. Isso amenizou um pouco a saudade. Tivemos que cancelar projetos de faculdades, grupos religiosos, que vinham sempre aqui, que com isso eles tinham uma vida muito ativa. Agora estamos retornando aos poucos, e eles estão mais animados, com mais autoestima. Está sendo bem melhor depois que passamos a receber visitas, porém de forma controlada”, salientou.

Para a coordenadora do projeto, o Dia do Idoso precisa ser comemorado. No entanto, é preciso também um envolvimento maior da sociedade sobre as necessidades dessa população, que precisa de um acompanhamento mais individualizado.

“Feliz quem chega à fase de ser idoso. Nós temos o idoso como significado de sabedoria, maturidade, então pra gente é muito importante trabalhar com eles. É um aprendizado diário. É muito importante também a participação da sociedade junto às instituições que trabalham com idosos. Em épocas festivas, isso se intensifica, mas não é algo rotineiro. Agora mesmo estou fazendo campanha de arrecadação de fraldas”, frisou.

A enfermeira Isabela Machado, que atua na Associação Feirense de Assistência Social (Afas), também destacou a importância da participação da sociedade no atendimento às necessidades da população idosa, proporcionando a ela serviços com qualidade.

Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

“A sociedade estabeleceu esse dia para se lembrar desse público de uma forma mais ampliada sobre as necessidades deles. Nos leva a refletir enquanto profissionais de saúde no que podemos melhorar enquanto serviços para estar ofertando pra essa população, que precisa de uma atenção maior.É um público que precisa de um cuidado mais adequado, mais individualizado. Então esse dia é muito importante, e temos que saber também da importância da instituição para esse público. A importância do serviço que a gente oferta para estar acolhendo esse público, que muitas vezes não tem com quem ficar nessa fase da vida”, declarou.

Na Afas residem atualmente 42 idosos, que durante a pandemia, também tiveram as visitas suspensas, mas que agora já podem rever parentes mais próximos de forma programada.

“Hoje a gente já está conseguindo readequar essa questão de receber os parentes diretos, responsáveis por esses idosos, criando um protocolo interno e iniciando a retomada das visitas com bastante critérios. Hoje a gente marca horários, de forma individualizada, para que não choquem com os horários de outros idosos e familiares. E temos uma agenda pré-estabelecida pela instituição”, explicou.

Isabela Machado acredita que com a reabertura gradual do lar, os idosos se sentiram mais animados e elevaram também a sua autoestima.

“Além dos familiares, a gente recebia visitas de faculdades, escolas técnicas, que tinham esse diálogo e troca de saberes com esses idosos. Antes andava cheio, e hoje diariamente só tem os funcionários mesmo. Então, para amenizar, aderimos aos tablets, que trazem a imagem da família, e a gente faz chamadas de vídeo com os familiares, e isso diminui um pouco a questão da saudade.”

No Lar do Irmão Velho, a entrada de familiares também continua restrita. De acordo com a gerente da instituição, Edna Gonçalves Brito, as visitas começaram a ser retomadas, porém adotando uma série de regras para evitar a contaminação pelo coronavírus.

Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

“A pandemia trouxe muitas mudanças, e as visitas fazem muita falta para os idosos, porque nós suspendemos todo o acesso externo, exceto de alguns parentes, com todo o monitoramento possível. Tivemos que regular. Antes podiam vir vários familiares juntos, agora está limitada essa frequência, apesar de já estarem vacinados. Agora, nós estamos flexibilizando aos poucos, com muito cuidado, checando se esse visitante já está vacinado com as duas doses da vacina, para dar uma margem maior de segurança e trazer esse conforto para os idosos da presença familiar”, esclareceu.

Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

Edna Brito informou que 57 idosos da região de Feira de Santana residem no Lar do Irmão Velho. A instituição recebe pessoas de cerca de 42 municípios do entorno da cidade, e esses idosos residem no local em regime de longa permanência.

O idoso Lourival Tavares da Silva, 68 anos, mora no Lar do Irmão Velho. Para ele, chegar a essa fase da vida foi um privilégio. “Graças a Deus estou aí até hoje com 68 anos, batalhando. Por enquanto, aqui é bom, não tenho o que falar. Meus parentes moram aqui em Feira e tenho uma irmã em Brasília”, contou.

Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

Já Ernestina Cardoso Santana, 81 anos, mora há dois anos no Projeto Nosso Lar e já tomou a terceira dose da vacina contra a covid. Ela afirmou que se sente acolhida e protegida morando no local.

“Eu acho bom, cada uma no seu canto. Todas são amigas. Sou de Mundo Novo, e já moro aqui desde os 57. A gente merece amor e carinho nesse dia do idoso.”

Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.

 

Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais recentes
mais antigos Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários