Gabriel Gonçalves
No mês de agosto, os preços médios do óleo diesel, gasolina e etanol, voltaram a subir nos postos de combustíveis do Brasil. De acordo com o levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço da gasolina comum subiu 0,53%, para uma média de R$ 5,85 por litro.
Taxista há mais de oito anos em Feira de Santana, Léo Sampaio informou à reportagem do Acorda Cidade que a situação está ficando 'estreita' cada vez mais e destacou que a inclusão do GNV não resolve o problema.
"Está complicado, porque além do aumento do combustível, tem a questão dos aplicativos que só piora a situação. A gasolina está a quase R$ 6, e o caminho fica estreito, mas com Fé em Deus, tudo vai dar certo. Eu até mudei para o GNV, mas é preciso ter a gasolina no carro para poder funcionar, só o gás não suporta. Mas é um valor alto de investimento, e a praça já não está boa de clientes e com a gasolina nesse valor, só um milagre", disse.
Trabalhando há 22 anos como mototaxista, Osvaldo Leite explicou que a pandemia fez aumentar ainda mais as inflações e agora só resta 'colher os prejuízos'.
"Estamos em uma situação bastante complicada, porque a gasolina está cara, estamos tendo aí a questão da pandemia, a inflação estourada, o dólar estourado e nós vamos colher agora os prejuízos. Hoje a gente cobra um valor de R$ 7, R$ 8, e com isso o nosso lucro diminui. Fora isso, ainda tem manutenção de peças, que aumentou bastante, infelizmente o piso da cidade também está terrível, retorno das vias se tornaram longes, então fica complicado rodar aqui em Feira de Santana", destacou.
Motorista por aplicativo por três anos, Edvan Santos Maia, deixou de rodar há um ano e meio por diversos fatores, incluindo a alta do preço do combustível.
"Eu rodava preferencialmente pela Uber, porque na época ainda não tinha outras empresas atuando aqui na cidade e a gente pagava em torno de R$ 3, R$ 4 pelo preço da gasolina, e a minha desistência por parar de trabalhar foi por vários motivos. A pandemia foi muito importante nesta decisão em não querer mais trabalhar, seja o aumento do combustível, atrelado também ao grande número de violência que estávamos vendo em nossa cidade", disse.
Para Edvan, a probabilidade de retornar ao mercado ainda existe, caso as condições sejam favoráveis para a categoria.
"Vontade de retornar para este segmento, possa ser que eu tenha, havendo uma melhora na questão dos combustíveis e na verificação do perfil dos clientes e uma melhora na remuneração das viagens, que é baixa. Sem contar do piso aqui da cidade, estamos vendo aí muitos buracos e de qualquer forma, o carro também necessita de manutenção, não tem como trabalhar desta forma, então eu considero esses aumentos do combustível uma falta de respeito porque a gente tem uma certa limitação e a maioria dos veículos são movidos ao combustível, porque ter um investimento do GNV, o custo é altíssimo", informou.
Sem querer ser identificado, um motorista de aplicativo informou à reportagem do Acorda Cidade que trabalha apenas nos finais de semana. Os roteiros feitos pelas viagens fazem retirar do bolso, uma média de R$ 300 por semana.
"Eu estou trabalhando como motorista de aplicativo desde janeiro de 2018 aqui na cidade utilizando dois aplicativos que já são conceituados no mercado. Como eu trabalho sexta, sábado e domingo, eu gasto em média um valor de R$ 300, isso quando a rota for menor", explicou.
Fazendo um investimento maior, há seis meses o motorista instalou o kit de GNV para circular na cidade. De acordo com ele, após a experiência, tem ganhado um lucro de aproximadamente 50% comparado á gasolina.
"O lucro no combustível está sendo muito pouco e agora com o GNV, quando eu gasto, é cerca de R$ 150, ou seja, 50% de lucro ao comparar com a gasolina e o etanol não é viável, até porque meu veículo faz uma média de 7km por litro aqui na cidade, sendo que no GNV, faço mais de 16km por metro cúbico", afirmou.
De acordo com o secretário executivo do Sindicombustíveis Bahia, Marcelo Travassos, desde o início do ano, a gasolina já sofreu nove reajustes, equivalente a 52%.
"Hoje o preço da gasolina na bomba é composto pelo segmento de produção que é a refinaria com uma proporção de 27,73% e os tributos federais e estaduais, além do setor de comercialização que é composto pela distribuição pelo frete da revenda. Para que possamos ter uma ideia, o setor anterior ao da comercialização, ou seja, o produtor e o setor estatal através da tributação, representa entre 85 a 90% do preço do produto. A gasolina A na Petrobras e nas refinarias já sofreu nove reajustes de preços, o que representa aproximadamente 52% de reajuste de janeiro para cá. Isso significa um aumento de custo de R$ 0,94, R$ 0,95 nas refinarias", disse.
Ainda de acordo com o secretário, houve um aumento significativo que migrou para utilização do GNV nos veículos pelo constante aumento da gasolina. De acordo com ele, são consumidores que utilizam os carros como fonte de renda.
"O GNV há muito tempo já vem tendo um crescimento considerável, o que agravou agora com essa política de preços da Petrobras, fazendo com que a gasolina passasse a ter um preço muito alto, fazendo com que a opção pelo GNV se concretizassem, principalmente por conta da utilização de transportes por aplicativo, táxis, que usam bastante o veículo, então a economia é considerável", concluiu.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade