Rachel Pinto
Na terça-feira (26), um grupo de representantes de vários segmentos do comércio de Feira de Santana se reuniu para discutir soluções que possam conciliar a saúde e a economia da cidade durante o enfrentamento ao novo coronavírus (covid-19),e ainda durante a reunião, eles participaram do programa Acorda Cidade ao vivo (por telefone) expondo seus posicionamentos acerca das medidas que estão sendo tomadas pela prefeitura. (Confira aqui)
Nesta quarta-feira (27) o Acorda Cidade ouviu o prefeito Colbert Martins para falar sobre o assunto e ele rebateu as algumas opiniões dos empresários, afirmando que o fechamento do comércio não é uma questão específica sua, mas uma decisão acertada a partir de várias análises e do contexto da cidade para o enfrentamento do coronavírus, que provoca hospitalização e mortes. Ele destacou que tem como dever salvar vidas e que sempre tem buscado o diálogo com os empresários.
“Eu como prefeito e como médico, tenho a obrigação em defender as vidas. As pessoas estão arriscadas a morrer e a minha obrigação, meu dever neste momento é salvar vidas. Estamos conseguindo segurar o crescimento com base nas ações que todos tomamos lá atrás, e logo no primeiro momento, eu decidi que era necessário fazer aquele fechamento, diferentemente do que pensaram outros, eu estava fazendo o certo. Até agora o que se mostra o tempo inteiro, é que estamos certos. Eu sou cristão, sou religioso e defendemos o bem mais importante, que é a vida. Deus nos deu a vida e precisamos mantê-la antes de qualquer outra coisa, não existe dualidade nessa discussão. Estamos lutando contra o vírus e as armas de lutas do vírus são as armas de defender a vida. Eu acertei até agora e lá atrás, eu disse que quando houvesse problemas eu modificaria a minha decisão, modifiquei a decisão na hora correta, na hora correta desse aumento de casos, portanto a discussão não é se pode ou se não pode, a discussão é vida e eu como médico, como prefeito, estou defendendo a vida”, declarou.
Colbert comentou que o problema do coronavírus não está somente em Feira, mas afeta todo o Brasil e o mundo inteiro. Ele pontuou que assim como Feira de Santana, milhares de cidades estão sentindo os impactos sociais e econômicos da doença. Sobre a alegação dos empresários de que a economia da cidade pode retroceder dez anos após a pandemia, ele declarou que não há bases para essa discussão, uma vez que ao seu ver, a vida está em primeiro plano.
O prefeito relatou que os decretos são tomados conforme as alterações do cenário da cidade em relação a doença e que todas as suas decisões são tomadas ouvindo todos os segmentos.
“O grupo que eu mais ouvi foi o grupo dos empresários de Feira de Santana, o grupo dos banqueiros de Feira que também são representados pelos empresários e todos estão no mesmo entendimento e no mesmo interesse. Por isso já sei dos argumentos e sei que são argumentos sérios, mas neste momento o bem maior é a vida. Tivemos ontem 1.039 mortos, o Brasil tem mais 24.500 mortes hoje, é como se tirasse do mapa, uma cidade como Conceição da Feira, como se sumisse todo mundo. Com todo respeito a Conceição da Feira pela comparação, mas é como se apagasse, se desaparecesse do mapa. Eu defendo a vida”, salientou.
“Emprego para morto não é necessário”
Em sua defesa sobre o fechamento do comércio, Colbert analisou que as declarações dos empresários de que a cidade já conta com mais de 20 mil desempregados e a pressão para a reabertura, é um posicionamento e uma preocupação necessária da categoria, mas se não houver o fechamento, haverá muitos mortos e, na opinião dele, não será possível empregar mortos.
“O Brasil inteiro, a Bahia, Salvador, têm também e esses problemas econômicos e de emprego que devem ser solucionados sim, mas somente para quem estiver vivo, porque emprego para morto não é necessário. Essas informações dos principais escritórios de contabilidade que a economia vai recuar, isso tudo precisa de base científica e eu não sei desses dados que emergiram assim”, opinou.
Fiscalização das aglomerações
Colbert informou que ainda não pensa em fechamento total da cidade (lockdown), mas que a prefeitura tem atuado incisivamente na fiscalização das aglomerações e denúncias de estabelecimentos que não estão cumprindo as determinações do decreto municipal, seja no centro da cidade ou nos bairros. Para ele, os locais onde houve maior concentração de pessoas até o momento foram nas filas da Caixa Econômica Federal