Feira de Santana

Chuvas podem aumentar volume de água no rio Subaé e riachos de Feira de Santana trazendo riscos à população

Transbordamento em riachos traz riscos a imóveis construídos em área de preservação.

Laiane Cruz

Com o grande volume de chuvas em Feira de Santana, desde o dia 16 de abril, alguns riachos que cortam os bairros do município podem transbordar, trazendo riscos às famílias que construíram suas casas muito próximas à Área de Preservação Permanente (APP). Outro motivo de preocupação é a possibilidade de o Rio Subaé aumentar consideravelmente o seu volume de água, como ocorreu na última semana, impedindo o acesso ao bairro Aviário.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o chefe de Divisão de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semman), João Dias, explicou que Feira de Santana é um município muito bem drenado por rios. Temos três rios municipais, que são o rio Humildes, o rio São José e o Aguilhadas, em Governador João Durval (Ipuaçu), e mais sete rios intermunicipais.

Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

Segundo ele, todos os rios visitados pela equipe da Secretaria de Meio Ambiente estão com água e embora as chuvas tenham caído em grande volume, foram de baixa densidade, afastando problemas com cheias.

Na zona rural, a água foi absorvida pelos córregos e também pelo próprio solo. A quantidade que chegou aos rios não foi significativa. O Rio Jacuípe subiu cerca de meio metro e outros rios subiram cerca de 30 a 40 centímetros. O maior problema que nós tivemos foi com o rio urbano, que é o Rio Subaé. Ele dificultou o acesso ao bairro Aviário e na hora que estávamos lá fazendo o monitoramento, um motociclista tentou passar, só que a água estava levando. A gente conseguiu gritar e ele voltou. A gente até aproveita para pedir à população que não faça isso de forma nenhuma, porque pode ter bocas de lobo, buracos abertos e a pessoa ser sugada pela força da água, e dificilmente não irá a óbito”, alertou o chefe da divisão e ambientalista.

Para João Dias, além do transbordamento do Rio Subaé, a população deve ficar atenta com os riachos que cortam a cidade. De acordo com ele, muitas pessoas constroem suas casas em locais próximo ao riacho ou até mesmo dentro deles, aumentando o risco de alagamentos em residências e tragédias.

“Temos riachos importantes, o maior riacho de todos é o da Pindoba, que nasce no bairro Novo Horizonte e corta grande parte da região norte da cidade e vai para o Rio Pojuca. Esse riacho passa em bairros como o Papagaio, parte da Conceição, e o Santo Antônio dos Prazeres, sendo que na Conceição ele recebe os riachos da Mangabeira e da Cidade Nova, e no Santo Antônio dos Prazeres, recebe o Riacho das Pedras, que vem da Lagoa Grande. Então as pessoas por não respeitarem a APP (Área de Proteção Permanente), constroem próximo ao riacho, que quando recebe um volume grande de água das chuvas, gera muito risco para as pessoas. Tem casas construídas muito próximo, e no caso do riacho da Mangabeira, que é afluente do Riacho da Pindoba, tem casa dentro do riacho. Então a gente já conversou com a população e pede o auxílio da imprensa, para que não tenha tragédias na cidade. Estamos com um planeta doente, mudanças climáticas, aquecimento global, as chuvas, às vezes, vêm muito setorizadas e fortes e podem provocar tragédias na cidade”, orientou João Dias.

Foto: Divulgação/ João Dias

O ambientalista explicou que, além dos que foram citados, Feira também possui mais dois grande riachos, que são o Cipriano Barbosa, que as pessoas chama de canal e nasce na Avenida Maria Quitéria, no bairro São João, Ele passa pela Fonte do Lili, a Lagoa do Prato Raso, chega nas Baraúnas e se espalha, inundando grande parte do bairro.

“No passado havia lagoas de contenção nas Baraúnas e agora não tem mais. Depois esse riacho desce sentido ao Rio Jacuípe. Lá também tem casas na APP, o que é um grande risco para a população. O outro riacho é o da Espuma, que nasce no bairro Serraria Brasil, na Rua Vasco Filho, passa pelos Olhos D’Água, o Areal, o Jardim Acácia, a Vila Verde e entra no Feira X, quando chega no conjunto Feira X, ele recebe o Riacho do Fato, que é o da Chácara São Cosme, e grande parte da população do Feira X que ocupa a beira do riacho corre risco, com as chuvas intensas. Mais uma vez a gente pede à população que colabore neste sentido e estamos fazendo também um relatório para que a Semman possa colocar estações de monitoramento, inclusive, com sistemas de alarme para evitar uma tragédia no futuro.”

Previsão de chuvas

O chefe de divisão ambiental da Semmam, João Dias, destacou que para 2022, a previsão é que haja um bom inverno, com muita chuva, segundo os órgãos que medem a meteorologia. Por isso, segundo ele, é necessário que a população se mantenha em alerta e que o município também se mantenha em alerta através dos órgãos de monitoramento, para que não haja nenhum problema com os munícipes.

“Com relação aos rios, o único que pode trazer problemas para a população é o Rio Subaé, já o Rio Jacuípe vai aumentar o nível, porque aqui nas cidades da região, como Gavião, Riachão do Jacuípe, São José do Jacuípe estão chovendo, mas ele não representa risco. A gente só pede que as pessoas não tentem atravessar o Rio Jacuípe, como aconteceu na Ponte do Rio Branco, onde duas pessoas já vieram a óbito, por tentarem atravessar o rio cheio.”

Foto: Divulgação/ João Dias

Já com relação à barragem do distrito de Jaguara, ele informou que atualmente continua cheia e sangrando, porque o rio está passando por cima.

“Ela vai aumentar o volume de água, e aquela barragem tem problemas estruturais, segundo a fiscalização que foi feita pela Agência Nacional de Águas (ANA), mas até hoje não foram tomadas providências pelo governo do estado e o governo federal. Pela lei, é o governo do estado que rege os rios intermunicipais. Como o rio Jacuípe atravessa vários municípios vindo de Morro do Chapéu até aqui, a barragem de Jaguara deve ter a fiscalização e as obras necessárias realizadas pelo estado. O problema também desta barragem é com turistas e banhistas, mas se ela vier a se romper, não traz nenhum risco à população de Feira de Santana, visto que o bairro mais próximo do Rio Jacuípe é o Três Riachos, porém não chega a ser atingido com o volume de água”, esclareceu.

Foto: Divulgação/ João Dias

 

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade. 

 

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