O número de animais infectados com esporotricose, uma micose provocada pelo contato com um fungo, acendeu o alerta dos especialistas em saúde no município de Feira de Santana. A doença representa risco tanto para os gatos, principais hospedeiros da micose, quanto para os seres humanos.
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Na Bahia, os registros de contaminação com a micose são relativamente recentes. Os primeiros casos foram catalogados há cerca de cinco anos em Lauro de Freitas, Simões Filho e Salvador. Em 2022, o primeiro caso de contaminação foi registrado em Feira de Santana.
O que é a esporotricose?
A esporotricose é uma micose severa causada por fungos, geralmente encontrados na terra e em materiais em decomposição, como madeira, galhos e folhas. A doença pode ser contraída tanto por animais quanto por humanos.
A contaminação ocorre quando uma parte mais profunda da pele, como as que ficam expostas em casos de cortes, entra em contato com os fungos, que podem estar presentes na natureza.
A esporotricose é popularmente conhecida como a “doença do jardineiro”, pelo fato do profissional ter contato constante com os materiais onde os fungos normalmente estão presentes.
Transmissor, sim, vilão não!
Os gatos, animais que instintivamente têm o hábito de escavar e arranhar coisas, são os principais transmissores da esporotricose. Apesar dessa característica, Mirza Cordeiro, coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses de Feira de Santana (CCZ), destacou que os felinos não são os vilões da história.
“O gato é um reservatório da doença. Não é culpa do animal. Ele se acidenta assim como os humanos. O fato de remover a terra para depositar as fezes, arranhar alguma coisa ou ir para a rua representa riscos. Isso tudo favorece o aparecimento do fungo nas unhas dos animais”, disse Mirza Cordeiro ao Acorda Cidade.
Sinais da micose
Assim como em muitas doenças, o diagnóstico precoce é fundamental para a recuperação do paciente, seja ele animal ou humano. Por isso, é necessário ficar atento aos sinais. Nos animais, os principais sintomas da esporotricose são o surgimento de ferimentos no nariz, nas orelhas e na cabeça.
Diagnóstico e tratamento
Cordeiro sinalizou que o CCZ realiza, de forma gratuita, um exame que permite diagnosticar se o animal está contaminado com o fungo causador da esporotricose.
“O tutor pode vir fazer o exame. Após a realização, vamos orientar quanto à medicação. O tratamento é longo, dura cerca de 4 a 5 meses. Por conta do fungo, o animal precisa tomar essa medicação por um bom período”, disse a coordenadora do CCZ.
O Centro de Controle de Zoonoses está localizado na Avenida Eduardo Fróes da Mota, no bairro Muchila, em Feira de Santana.
O CCZ recolhe animais em situação de rua?
A coordenadora do CCZ aproveitou a entrevista ao Acorda Cidade para esclarecer a atuação do centro no recolhimento de animais. Mirza declarou que, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é atribuição do Centro realizar o recolhimento de animais em situação de rua.
“O controle de animais que ficam nas vias públicas deve ser feito por outro departamento. O Centro de Zoonoses não recolhe esses animais. Infelizmente, temos nas vias um excesso de animais. Cada cidade está tomando as providências necessárias. O Centro de Zoonoses é responsável pelo controle das zoonoses. Não podemos abrigar esses animais”, disse Mirza Cordeiro.
Em casos pontuais, os agentes do CCZ realizam o recolhimento dos animais. “Em algumas situações, recolhemos. Em um ambiente público, como uma escola ou um posto de saúde, temos que recolher para evitar a disseminação. Muitas vezes, as pessoas alimentam esses animais, formam colônias, e não temos como abrigar tantos animais. Quando há essas situações pontuais, recolhemos”, afirmou.
Políticas públicas para animais em situação de rua
A coordenadora finalizou afirmando que não é contra a atitude de alimentar os animais em situação de rua, mas reforçou que a questão é complexa. Ela defende a criação de políticas públicas que garantam mais do que apenas alimentação para os animais.
“A gente precisa sistematizar essas questões. Esses animais merecem assistência. Precisamos criar políticas de assistência para eles, como castração e vacinação contra raiva e viroses. É necessário ter políticas públicas para lidar com os animais que estão nas vias públicas”, concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão da jornalista Andrea Trindade
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