Meio Ambiente

Centenas de peixes morrem em riacho no bairro Mangabeira em Feira de Santana

Riacho passa por uma propriedade particular na localidade Agrovila.

centenas de peixes morrem em riacho da Mangabeira
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

Centenas de peixes estão morrendo, desde o último sábado (8), em um riacho que passa por uma propriedade particular na localidade da Agrovila, no bairro Mangabeira. As águas são do Riacho da Pindoba.

Peixe morto em Riacho da Pindoba
Foto: Reprodução/ Redes Sociais

De acordo com o criador dos peixes, Teógenes Silva Maciel, a maioria das mortes foi de tilápias. Ao perceber a mortandade, ele acionou a Secretaria de Meio Ambiente do município, para averiguar as causas.

“Os peixes começaram a morrer a partir de sábado, foram muitos. Deu cinco carrinhos de mão. Às vezes, eu comercializo esses peixes, mas com a morte deles, parei de vender”, disse o criador, o qual afirmou que irá aguardar o resultado das análises.

Bióloga e professora Hilda Talma_
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

A professora e bióloga Hilda Talma, que é doutora em Educação Ambiental e leciona na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), integrou a equipe de fiscalização do riacho e fez uma avaliação do que pôde observar do caso.

“A tilápia é um peixe resistente, e quando acontece a mortandade de um peixe como este, é principalmente pela alteração brusca de alguns parâmetros, como a temperatura, salinidade, aumento da quantidade de metais, que são os fatores que contribuem. O que pode ocasionar a mudança desses parâmetros da qualidade de água seria o recebimento, por exemplo, de uma carga orgânica alta. Isso acontece por uma reação química, que libera calor, altera a temperatura e diminui também o oxigênio. A oxigenação, que seria em torno de 8, aqui nesse riacho está em 2.2, então já demonstra que os parâmetros estão alterados e que o oxigênio, que é uma fonte de vida para os peixes, está comprometendo a vida deles, e aí acontece a mortandade”, observou.

Peixes mortos em riacho na Mangabeira
Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Ela salientou que os peixes mortos não podem ser consumidos, sobretudo, porque próximo ao riacho onde ocorreram as mortes, percebeu-se que há lançamento de esgoto, o que mais uma vez demonstra alteração dos parâmetros microbiológicos da água do riacho.

“Um peixe criado em águas poluídas pode levar a algumas doenças, sendo as mais comuns a desenteria, que é mais comum entre as crianças, a hepatite A, e até mesmo a febre tifóide. É muito perigoso, não se pode criar peixe em uma água sem qualidade adequada e muito menos consumir”, orientou.

Diretor do Departamento de Educação da Semman
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O diretor do Departamento de Educação Ambiental da Semman, João Dias, esclareceu que a equipe de fiscalização do órgão foi acionada através de uma denúncia e por isso foi ao local fazer uma averiguação do que está acontecendo.

“A gente sabe que aqui é o Riacho da Pindoba, o maior de Feira de Santana, que nasce no bairro Novo Horizonte, na Lagoa da Pindoba, passando por várias lagoas, por último passa em Berreca e vai para o Rio Pojuca. Esse riacho tem problemas de contaminação desde a saída, só que houve uma piora da qualidade de água aqui no Agrovila e agora vamos fazer uma coleta antes do local onde morreram os peixes e depois do local onde houve a mortandade, para que possam ser analisados os parâmetros da água e a gente possa identificar o que foi que matou os peixes”, explicou João Dias.

Ele alertou que todas as pessoas que criam peixes devem ter o cuidado de pedir a um profissional para que faça sempre uma avaliação da água.

“Quando se trabalha com comida, ela pode chegar a gestantes, crianças, pessoas doentes, idosos, então aqui vamos recomendar que o criador faça a análise e leve peixes daqui para o laboratório Lacen, para que possa ser analisada a carne, se pode ser consumida, e se não, vamos acionar a Vigilância Sanitária para proibir a criação de peixes aqui, para não colocar a saúde das pessoas em risco. A gente também aproveita a oportunidade para chamar a atenção do governo do estado, através da Embasa, para que faça intervenções de coleta e tratamento do esgoto na Bacia do Pojuca, porque a gente sabe que a ausência disso traz doenças.”

Riacho na Mangabeira
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

Conforme o diretor do Departamento de Educação, o lugar onde os peixes morreram é um muito bonito, mas que infelizmente dá para ver que a água está poluída.

“Para o período do ano, a temperatura da água está normal, deu 26 graus. Mas os peixes podem ser atingidos por fatores bióticos, que é algo que acontece no corpo hídrico, e fatores abióticos, que vêm de fora para dentro. E pela suspeita inicial da professora, que é bióloga, foi algo que veio de fora e piorou ainda mais a situação do riacho, que já era ruim. Mas as análises é que vão comprovar isso. A gente vai enviar para uma empresa com contrato com a Semman, e daqui a 10 ou 15 dias é que vamos ter a produção de um laudo, e vamos orientar como eles devem agir aqui. A gente orienta à população de Feira que quando for comprar peixe em qualquer lugar que fique atenta à procedência do peixe, porque Feira de Santana tem muitas lagoas. A gente não sabe o estado em que o peixe é criado, pois muitas vezes é pescado em lagoas, vendido, e a população não busca saber de onde é”, reforçou João Dias.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.

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