Até essa segunda-feira (1º), Feira de Santana registrou mais de 900 casos confirmados de dengue. Pelo país, a epidemia já matou mais de 600 pessoas que não suportaram o agravamento da doença. Além dessa enfermidade, outras arboviroses causadas pelo mosquito Aedes aegypti, como Zika e Chikungunya também fazem reféns. Pensando no alto índice de pacientes que precisam ser internados por conta dos sintomas da dengue, o Acorda Cidade conversou com a infectologista Melissa Falcão, que alertou sobre a importância da população doar sangue rotineiramente e, consequentemente, plaquetas para auxiliar no tratamento dos infectados.
Doar sangue, doar vida
Para a infectologista, o ato de doar sangue é um ato de amor, mas que está muito atrelado a necessidade de alguém próximo, um amigo ou parente, mas essa realidade dentro da sociedade precisa mudar, porque nunca se sabe quando você precisará de uma doação.
As dores no corpo, febre, cefaleia, mal-estar, dores nos olhos e manchas vermelhas sobre a pele são alguns sintomas da dengue. Todos eles podem levar à desidratação do paciente rapidamente; por isso, é fundamental a ingestão de água para se manter saudável e com um nível de plaquetas alto.
Para compreender melhor a importância delas na gravidade da doença, a infectologista explicou como as plaqueta reagem na recuperação do paciente.
“A plaqueta ajuda na coagulação do sangue, se a plaqueta está baixa tem um risco maior de sangramento. Então, se tem uma plaqueta baixa com risco de hemorragia (abaixo de 10 mil, que o risco de sangramento é muito grande), é indicado a transfusão de plaquetas. Vemos isso não só na dengue, mas em casos de leucemia e muitas outras condições que levam a baixa de plaquetas. Sempre que for necessário reduzir o sangramento com a presença de plaquetas baixas é necessária a transfusão”, informou.
A plaqueta não é o principal indicador de gravidade da dengue, mas a associada a desidratação, a concentração do sangue, ao baixo nível de hematócritos, anemia, levam a um maior risco de morte.
Segundo Melissa, um paciente que está sofrendo com a doença, terá uma maior dificuldade na hora de coletar sangue, justamente porque os componentes deste sangue estão reduzidos. Os glóbulos brancos (leucócitos), responsáveis pela defesa do corpo, os vermelhos que são as hemácias, responsáveis pela oxigenação, as plaquetas que ajudam na coagulação e o plasma que a parte mais líquida, sendo esta, fundamental porque quando ocorre a desidratação, ele fica reduzido, dificultando assim a coleta.
“A doação de sangue comum pega ele de uma forma bruta, os glóbulos brancos, vermelhos, plaquetas e plasmas e depois que é retirado do corpo é feita a separação dos componentes. Tem também outro tipo de transfusão que já com a máquina, faz esse tipo de separação para retirar as plaquetas”.
Ainda segundo Melissa, em casos de pacientes que tiveram dengue dentro de 30 dias não é possível doar sangue. Para pessoas vacinadas contra a doença neste período também. Se o caso da doença for grave, fica proibido a doação por 180 dias após a recuperação. Para casos da covid-19, é preciso esperar um intervalo de 10 dias para doar.
É importante lembrar que o diagnóstico clínico para dengue existe conforme os sintomas, mas para registrar como casos confirmados, é necessário realizar os exames laboratoriais. Ele pode ser feito logo nos primeiros dias do surgimento dos sintomas, ou após seis dias.
Feira de Santana, que já chegou a registrar, este ano, 98 pessoas internadas na cidade vítimas da doença, só deve reduzir essa realidade a partir do final de maio, explicou Melissa.
“A maioria das mortes por dengue poderia ter sido evitada se o diagnóstico correto, a suspeita clínica e o manejo desses pacientes fossem corretos desde o início. Para salvar uma vida de dengue é barato e é simples, só precisa de líquido, de hidratação. Começou a sentir os sintomas, começa a se hidratar, mesmo antes de procurar o atendimento médico. Claro que, se não tiver alguma contraindicação, tiver insuficiência renal, tiver problema cardíaco grave, começa a aumentar a ingestão de líquido. Chegando ao médico, ele detectando os sinais de alarme, internando o paciente por no mínimo dois dias com soro venoso, esse paciente, sem dúvida, terá sua vida preservada. Aqueles que já chegam graves, com choque, com sangramento importante, fica mais difícil de ser revertido”, alertou.
Ainda vale ressaltar que o estoque da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado da Bahia (Hemoba) da cidade está constantemente buscando doações. Com a aproximação de festividades em Feira, este mês, com a Micareta de Feira, é imprescindível que a população colabore reforçando os níveis de sangue nas unidades de saúde.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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