Daniela Cardoso
O casamento coletivo é uma atividade do programa Casamento Cidadão, que é realizado há algum tempo em Feira de Santana. Porém, este ano existe uma polêmica em torno do programa. O fato de casais homossexuais também poderem participar do casamento coletivo incomodou alguns casais heterosexuais, que reclamaram da situação.
Representantes da comunidade gay procuraram o secretário municipal de Desenvolvimento Social, Ildes Ferreira, para que o direito dos casais homossexuais fossem garantidos. Para tentar resolver o problema, o secretário sugeriu que duas cerimônias sejam realizadas; uma homossexual e outra heterosexual.
“Os casais heterosexuais reclamaram que não gostariam de fazer o casamento em conjunto, o que é uma atitude preconceituosa, mas também é fruto da nossa cultura conservadora, que eu também devo respeitar. Qual foi a alternativa? Eu discuti com o presidente da comunidade LGBT para a gente fazer dois momentos. Faremos o casamento hetero em um momento, e fazemos o homossexual em outro momento”, afirmou.
Para que as duas cerimônias aconteçam, de acordo com o secretário, terá que ser feito um acordo com o juiz, caso haja casais homossexuais inscritos no casamento coletivo. Ildes disse ainda que a lei atual assegura o casamento entre pessoas do mesmo sexo e que a lei será cumprida.
“Até agora não tem nenhum casal homossexual inscrito, mas a lei atual assegura aos casais homoafetivos o direito de participar. Se está na lei, não tem discussão. Todos somos obrigados a cumprir a lei. Independente de eu gostar ou não, independente da minha opção religiosa, a lei é para ser cumprida e será”, ressaltou.
As inscrições para o casamento coletivo seguem até o dia 25 de outubro e a cerimônia está programada para ser realizada no dia 10 de dezembro. Se houver inscrições de casais do mesmo sexo, a data será definida posteriormente.
Manifestação na Câmara Municipal
Na manhã de ontem (16), um grupo de homossexuais realizou uma manifestação contra a posição do vereador Edvaldo Lima, que na semana passada se mostrou contra a inclusão de casais gays no casamento coletivo. Leonardo Santana, que estava presente na manifestação, afirmou que estava reivindicando seus direitos.
“Estamos nos manifestando, pois temos um direito garantido por uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) com uma resolução do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que garante o casamento para pessoas do mesmo sexo. No entanto, esse direito vem sendo questionado pela bancada evangélica da Câmara de Vereadores, então viemos reivindicar esse direito”, disse.
O vereador Edvaldo disse que vê o movimento com naturalidade, mas que mantém a sua posição. “Eu sigo as leis divinas. Está escrito biblicamente. Deus constituiu a família homem e mulher. Não existe outro tipo de família, então eu vou ficar com as leis divinas”, destacou.
As informações são dos repórteres Ed Santos e Roberta Costa do Acorda Cidade
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