Os trabalhadores e trabalhadoras da Feira Livre da Marechal Deodoro, em Feira de Santana, entregaram uma Carta Aberta com pautas e reivindicações da categoria aos candidatos à prefeitura nestas eleições de 2024.
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A entrega do documento aconteceu durante o café da manhã realizado nesta terça-feira (27) em celebração ao Dia do Feirante, celebrado no último domingo (25).
O documento foi redigido pelos feirantes integrantes da Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Feira Livre da Marechal em parceria com o Movimento Feira da Marechal é Patrimônio, contendo 12 pontos de pautas.
Durante o evento participaram os candidatos José Neto (PT) e o vice-candidato Pablo Roberto (PSDB), da chapa de José Ronaldo (União Brasil). Também esteve presente a candidata a vereadora pelo PT, Sidinea Pedreira, entre outras autoridades.
Ao Acorda Cidade, José Neto falou sobre as demandas apresentadas na carta e o que poderá fazer, caso seja eleito prefeito de Feira de Santana.
“Primeiro ponto, a padronização de barracas e integração econômica, social e cultural. Eles têm uma lei que, inclusive, reconhece a Feira da Marechal como um Patrimônio Cultural e Econômico da cidade. Então é chegar aqui, ouvir, fazer o que a gente fez. E tem como sentar com os representantes dos feirantes, dos comerciantes e buscar uma solução racional, uma solução que não exclua, uma solução que integre”, disse Zé Neto.
Segundo o candidato, é preciso discutir a ordenação da feira para estudar a permanência dos feirantes no espaço, com organização.
“Eu acho que a gente ordenando, a gente tem como encontrar os espaços aqui na Marechal, reestruturando. Tem coisas aqui na Marechal que precisam também ser remodeladas. A gente tem que modernizar a cidade sem excluir. Com o poder municipal sendo o grande organizador. Claro que tem interesse de comerciantes, interesse de feirantes, claro que tem. Agora eu, por exemplo, com os feirantes, comerciantes que já me disseram, Zé Neto, dá para ordenar. Tenta um caminho e a gente quer ajudar. Então tem que sentar e ouvi-los como fizemos aqui hoje no Dia dos Feirantes”, afirmou.
Quem também apontou um direcionamento relacionado às pautas dos feirantes da Marechal, caso sua chapa seja eleita, foi Pablo Roberto. Ao Acorda Cidade, o vice-candidato disse que a coordenação de campanha recebeu o documento e deve analisar.
“São pontos que solicitam, eles argumentam que a reforma da praça no projeto Novo Centro foi feita, mas todos são unânimes em reconhecer que precisa ainda avançar muito no ponto de vista de reorganizar o espaço, como padronização das barracas, a criação de um comitê permanente de escuta, que todas as intervenções feitas na Marechal até por conta da lei que reconhece esse espaço como patrimônio imaterial e cultural da cidade, que qualquer intervenção que venha a se fazer seja antes dialogada e discutida com toda categoria”.
Pablo destacou alguns pontos que estavam na carta e confirmou que é possível atender algumas demandas como a instalação da creche, dos banheiros e a padronização das barracas.
“A organização das barracas é um ponto que eles solicitam, garantir a duração respeitosa de todas as abordagens feitas aqui na Marechal, disponibilização de banheiros, a criação de um espaço de creche para que os filhos dos comerciantes, dos feirantes tenham o direito de colocar os seus filhos enquanto eles trabalham. Nós avaliamos que são reivindicações que realmente fazem parte do cotidiano aqui, que realmente precisa que o governo dê uma atenção, possa vir, colocar e implementar algumas políticas dessas. É possível atender alguns pontos. A padronização todo mundo reconhece das barracas, todo mundo é unânime em falar da reorganização aqui da feira, a creche é importante também, então são reivindicações, à construção de banheiros, então tudo isso que eles colocam aqui são de fato pautas de que nós temos a sensibilidade e condições de implantar”, concluiu.
O candidato Carlos Medeiros, pelo Partido Novo, não esteve presente no café da manhã, mas recebeu o documento. Ao Acorda Cidade, ele também comentou sobre as solicitações.
“Por onde eu tenho passado, eu tenho falado com as pessoas, tenho conversado sobre nossa cidade. Nossa cidade que tem origem do comércio, das feiras. E hoje a gente tem o nosso comércio, as nossas feiras totalmente abandonadas. A gente precisa requalificar as nossas feiras, dar um melhor espaço, uma melhor condição para as pessoas trabalharem. E quando a gente fala do ambulante em si, é uma classe muitas vezes discriminada, onde as pessoas acham que é um grande problema para a nossa cidade. E aí, principalmente aqueles que trabalham no centro, especificamente na Marechal Deodoro, na Senhor dos Passos, na Praça do Lambe-Lambe. E para mim essas pessoas nunca foram e não são nenhum problema. Porque eu acho que o cidadão que acorda de manhã cedo, muitas vezes não tem o dinheiro, pega o dinheiro emprestado para poder comprar os seus produtos, vai ganhando crédito aos poucos, às vezes paga juros absurdos para poder estar ali trabalhando, porque não tem o capital de giro. Essa pessoa nunca foi e nunca vai ser um problema. O problema é aquele cidadão que fica em casa dormindo, aquele cidadão que se rende ao narcotráfico, que se rende à violência, à bandidagem. Esse, sim, é um grande problema”, afirmou.
Confira a carta na íntegra:
CARTA ABERTA DOS(AS) TRABALHADORES(AS) DA FEIRA DA MARECHAL AOS CANDIDATOS(AS) DAS ELEIÇÕES 2024
O Movimento Feira da Marechal é Patrimônio e a Associação de Trabalhadores e Trabalhadoras da Feira-livre da Marechal, vêm por meio desta Carta Aberta construída no dia 27 de julho de 2024, em reunião realizada por ocasião do Seminário As Lutas dos(as) Trabalhadores(as) da Marechal, ocorrido na Praça Mons. Renato Galvão, CDL, sala 5, apresentar (às) Candidatos(as) aos cargos de prefeito e vereador desde município as principais demandas da sua luta, pautando assim, os compromissos mínimos que esperamos que sejam assumidos perante nós:
1) padronização das barracas, devidamente custeadas pelo Município, adotando-se um modelo que respeite às características do trabalho dos(as) Feirantes e seja fruto de efetivo diálogo com a categoria;
2) garantia de atuação respeitosa e não violenta na abordagem da fiscalização com os feirantes, apurando-se e punindo-se os abusos cometidos pelos(as) fiscais;
3) disponibilização de banheiros para os(as) trabalhadores(as);
4) disponibilização de toldos ao longo da Feira;
5) garantia de transporte público em horário adequado para a locomoção dos(as) trabalhadores (as) para a Feira da Marechal e de volta para seus locais de moradia, sobretudo para aqueles(as) que residem na zona rural;
6) disponibilização de vagas em Creches e Escolas de ensino fundamental para os(as) filhos(as) dos Feirantes em local próximo à Av. Marechal Deodoro;
7) enquanto não for possível garantir o direito do item anterior, a disponibilização de transporte escolar para os(as) filhos(as) dos Feirantes a partir da Marechal, levando-os(as) e trazendo-(as) à Feira após o horários escolar;
8) criação de Restaurante Popular que sirva aos(às) trabalhadores(as) da Feira da Marechal ou, alternativamente, a criação de um espaço que sirva como refeitório, com condições dignas de higiene;
9) garantia de logística para o deslocamento das mercadorias para a Feira da Marechal, inclusive na hipótese de se concretizar futuramente a mudança do Centro de Abastecimento de Feira de Santana para local afastado do centro da cidade;
10) garantia do direito ao trabalho(a) aos(às) trabalhadores(as) que circulam com suas mercadorias em carrinhos de mão, com a devida organização e zoneamento;
11) investigação e auditoria do desvio dos recursos da emenda parlamentar que havia sido destinada à infraestrutura da Feira da Marechal, mas que nunca foi de fato executada;
12) o efetivo cumprimento da Lei Municipal n. 397/2022, que reconhece a Feira da Marechal como “patrimônio imaterial cultural de Feira de Santana”, obrigando “o respeito aos seus aspectos históricos, sociais, culturais, econômicos e urbanísticos”
Movimento Feira da Marechal é Patrimônio
Associação de Trabalhadores e Trabalhadoras da Feira-livre da Marechal
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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