Manifestação

Cadeirantes cobram acessibilidade durante deslocamento para realizar tratamento em Salvador

A falta de transporte adequado está causando transtorno para os pacientes e seus acompanhantes. Entenda o caso.

Cadeirantes realizam manifestação para cobrar acessibilidade durante deslocamento para realizar tratamento em Salvador
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Na manhã desta quarta-feira (28), mães, responsáveis e pessoas com deficiências, especificamente, pessoas que fazem o uso da cadeira de rodas, realizaram uma manifestação em frente a prefeitura de Feira de Santana para denunciar alguns requisitos que estão sendo solicitados quando as pacientes precisam se deslocar para realizar acompanhamento médico em Salvador. A falta de transporte adequado está causando transtorno para os pacientes e seus acompanhantes.

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Entenda o caso

Maria de Jesus dos Santos, mãe de uma das crianças, explicou a situação esclarecendo que os novos carros adquiridos pela prefeitura não comportam as cadeiras de rodas e que, elas são obrigadas a deixar o equipamento em casa, mas quando chega ao destino, para se deslocar com os pacientes fica complicado.

Cadeirantes realizam manifestação para cobrar acessibilidade durante deslocamento para realizar tratamento em Salvador
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“Do ano passado para cá, os carros que eles compraram é o MOB e este não comporta as cadeiras, e eles querem que a gente viaje para Salvador com essas crianças sem a cadeira. Deixar a cadeira em casa, sendo que a cadeira são as pernas de nossos filhos, então não é justo a gente viajar e ter que deixar a cadeira em casa”.

Cadeirantes realizam manifestação para cobrar acessibilidade durante deslocamento para realizar tratamento em Salvador
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Ela também relatou que já perdeu duas consultas médicas por falta de transporte e no próximo dia 9, se não resolver a situação, vai perder o atendimento novamente. Essa é mais uma reivindicação dos manifestantes.

“Desde o ano passado estamos com essa dificuldade. A gente não sabe direito a data, porque a gente sempre ia lá, batia na mesma tecla, eles arranjavam um carro e levava a gente. Mas depois, do ano passado para cá, nunca teve um carro fixo para levar a gente como era antes. No MOB não dá, porque eles são crianças de cadeira tetra. A cadeira tetra não fecha”.

Cadeirantes realizam manifestação para cobrar acessibilidade durante deslocamento para realizar tratamento em Salvador
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Segundo Maria, a secretaria explicou que substituiu os veículos porque precisou trocar de frota.

“Na lógica deles, seria mais barato pegar o MOB. Eles pensaram no bolso deles, mas não pensaram nessas crianças que fazem tratamento há mais de 10 anos em Salvador. Eu perdi uma consulta segunda-feira e a previsão de também no dia 9, eu tenho outra viagem, vou perder também e as outras mães a mesma coisa”.

Cadeirantes realizam manifestação para cobrar acessibilidade durante deslocamento para realizar tratamento em Salvador
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Angélica Nascimento dos Santos compartilha do mesmo sentimento. Ela também é mãe de uma cadeirante e está enfrentando transtornos para realizar o tratamento da filha.

“Eu especialmente tenho uma filha que se chama Camile Vitória Nascimento dos Santos, ela tem 16 anos, 52kg, eu sou uma mãe de 57 anos e não tenho condições de carregar 52kg em um atendimento que eu vou 5h da manhã, e às vezes o carro só volta para fazer o meu retorno na parte da tarde, 14h, 15h. A gente não tem condição de sair de dentro da instituição, fica eu e as crianças com fome o dia todo e essa é a situação de todas essas mães que vocês estão vendo aqui, fora as que não compareceram porque já estão depressivas em casa”.

Cadeirantes realizam manifestação para cobrar acessibilidade durante deslocamento para realizar tratamento em Salvador
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

De acordo com ela, para realizar o agendamento do transporte, é disponibilizado um período de 30 dias, mesmo assim, não conseguem o serviço.

“Aqui não tem neurocirurgião, que abrange a situação dessas crianças, não tem um médico especializado para a baixa visão, que é o atendimento que eles fazem. E também no Cepred (Centro de Prevenção e Reabilitação de Deficiências), a aplicação de butoxina, que não pode faltar. Também tem algumas mães que fazem o atendimento no Hospital Irmã Dulce, todos ficam em Salvador. Porém, fizeram uma licitação e fizeram uma compra, um contrato de uns carros que são MOB. Esse MOB não leva nenhuma cadeira”.

Angélica ainda ressaltou que desde 2022 um recurso para o lanche das mães e dos pacientes não está sendo disponibilizado. Ela, que só tem a renda do Benefício de Prestação Continuada (BPC), gasta em torno de R$ 340 apenas em fraldas e não tem condições de arcar com gastos extras de saúde.

“Uma pessoa como eu, que recebo o BBC, gasto 340 reais de fralda, tenho condições de quando chegar no final do mês, eu ainda ter dinheiro para fazer um lanche com ela em Salvador? Não tem”, explicou a mãe.

Cadeirantes realizam manifestação para cobrar acessibilidade durante deslocamento para realizar tratamento em Salvador
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

A reportagem também ouviu Giane Santos, outra mãe que estava indignada com a situação. Pela falta de acessibilidade, elas passam dificuldades em Salvador, mesmo quando o transporte adequado é oferecido.

“Muitas vezes, como já aconteceu comigo, a gente vai para hospitais e não tem cadeira de rodas e se a gente tem possibilidade de levar nossos filhos, somos obrigadas a ficar com eles no colo e muitas vezes, o dia todo naquela situação, dependendo do horário da consulta, porque se a consulta for à tarde, tem que ir no horário da manhã. É doloroso, então por esse motivo nós tiramos esse tempo para estar aqui pedindo ao prefeito, às autoridades que olhem por nós, porque se a gente vai para Salvador não é porque a gente gosta de passear. É necessidade da saúde dos nossos filhos”. 

A produção do Acorda Cidade solicitou retorno à prefeitura sobre as reclamações citadas na matéria e aguarda retorno.

Em resposta a manifestação, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) emitiu a seguinte nota:

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece que está empenhada em encontrar novos veículos para atender, de imediato, os pacientes cadeirantes que utilizam o serviço de transporte para Tratamento Fora do Domicílio (TFD). No entanto, é importante ressaltar que os veículos atualmente disponíveis são locados via processo licitatório. Estamos em busca de alternativas para substituir os veículos atuais por modelos que melhor atendam às necessidades específicas desses pacientes.

Atualmente, o programa TFD atende uma média de 17.500 pacientes cadastrados. A SMS conta com uma frota composta por quatro ônibus, quatro ambulâncias e dois carros, dedicada a garantir o transporte seguro e adequado para todos os que necessitam de atendimento especializado em outros municípios.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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