É recorrente o número de pacientes que dá entrada no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana, vítimas de algum tipo de acidente de trânsito. A diretora do hospital, Cristiana França, tem alertado a sociedade feirense sobre a gravidade desses índices nos últimos anos. O hospital fez um balanço do dia 21 até o dia 24 de junho, e revelou que a imprudência e os acidentes de motocicleta ainda são as maiores ocorrências.
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Em mais uma entrevista ao portal Acorda Cidade, a diretora falou sobre o período dos festejos juninos, que registrou diversos acidentes de trânsito por toda a Bahia e também falou sobre as ocorrências do período do São João, como as queimaduras, entre outros tipos de acidentes. Cristiana iniciou pontuando como o HGCA se preparou para o aumento dessas ocorrências, já previstas para a época.
“Antes da entrada propriamente dita dos festejos de São João nós tivemos uma reunião com a Secretaria de Saúde do Estado, que nos autorizou a contratação de profissionais, na realidade, quando a gente fala de contratação, eles autorizaram plantão extra para os profissionais de atendimento da porta de entrada do Clériston, que é emergência. Então nós aumentamos a equipe de todos os profissionais e também aumentamos os nossos insumos, quer seja de medicamentos, quer seja de insumos de almoxarifado. Tivemos uma reunião na sexta-feira na qual nós estivemos com todos os coordenadores da parte administrativa para ver se estava tudo certo para que a gente pudesse entrar nos festejos juninos com tranquilidade no trabalho”, explicou.
Acidentes de moto predominam
Assim como a diretora já tinha frisado ao Acorda Cidade, ela confirmou que mesmo no período do São João, a maior causa de pacientes que dão entrada vítima de acidentes, são causados com motocicletas.
“Do dia 21 até o dia 24 de junho, ou seja, no início do São João até o final, tivemos só acidentes de moto, 47. Para você ter uma ideia, dos nossos atendimentos, tivemos 47 por acidentes de motocicletas, dois por acidentes de carros e duas queimaduras. Inclusive, um dos pacientes que nos procurou foi uma queimadura na qual ele queimou o rosto e o tórax. Ele está bem, mas o que nos chama atenção, mais uma vez, são esses acidentes de moto”, frisou. Os dados são referentes à ala de ortotrauma do HGCA.
Bebida Alcoólica e Direção
Em média, a faixa etária desses pacientes que sofreram acidentes de motos foram jovens e adultos, de 16, 18 até 40 anos. Outro fator predominante para ocorrência dos sinistros é a alcoolemia dos acidentados.
“Teve muito acidente por motociclistas pilotando alcoolizados e muitos também sem carteira. É isso que chama a atenção da gente. Então são dois agravantes, além do quantitativo de acidente ser muito alto, tem chamado atenção a ingestão de bebida alcoólica e pilotando a motocicleta e também a falta da carteira da habilitação”, pontuou.
Pelo HGCA está localizado em Feira de Santana, Cristiana afirma que prevalecem muitos acidentes da cidade e da região, mas também, o hospital comporta ocorrências de outras partes do estado. De fora, pacientes da região centro-leste da Bahia são os que mais chegam à unidade.
Entre os acidentes de carro e moto, o alerta principal vai para as fraturas neurológicas que podem trazer danos irreversíveis. Para quem se acidenta de moto, os membros inferiores são os mais afetados, além da região da cabeça, até mesmo usando o principal equipamento de segurança, o capacete.
Queimaduras
Com a presença de fogueiras, das pessoas manuseando fogos de artifícios, o número de acidentes envolvendo o fogo tende a aumentar na época de São João. Este ano, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), registrou uma redução de 7% no número de atendimento a vítimas de queimaduras. Foram 66 ocorrências, contra 71 em 2023.
Como já mencionado por Cristiane, no Clériston foram duas vítimas. Ela falou sobre o caso de cada paciente.
“Um dos pacientes acendeu a fogueira com álcool e aí o álcool respingou e pegou uma parte da face, uma parte do tórax. E o segundo foi bomba, que causou uma lesão de mão, mas que não teve nenhum agravante, não perdeu falange. Ficou tudo bem”.
A diretora informou que o HGCA, apesar de não ser referência em queimadura, é um hospital preparado para lidar com essas lesões mais leves.
“Por isso mesmo durante esse período a gente aumenta, inclusive, a quantidade de curativos. É uma coisa interessante que a gente trabalha muito com curativos. Se houvesse necessidade de transferir para o HGE ou o Hospital de Santo Antônio de Jesus, eles atenderiam. Mas como não houve essa gravidade, nós atendemos e liberamos os pacientes”, acrescentou.
A diretora ainda reforçou o quanto o HGCA sempre tem uma alta demanda de vítimas de acidentes e o quanto a unidade está buscando o crescimento para melhor atender profissionais e pacientes da área de ortotrauma.
“Ainda é muito intensa, então a gente tem trabalhado, melhorando as condições de acomodação tanto para os pacientes como para os profissionais. Haja vista que aumentamos a área do acolhimento desses pacientes que tem ortotrauma, porque a gente sabe que a grande demanda do Clériston é de acidente”.
Retorno à Sociedade
Além dos serviços de atendimento médico, o Clériston Andrade tem também o objetivo de dialogar com a sociedade para frear o alto índice de acidentes na região. Segundo a diretora, há uma tentativa de se reunir com o Ministério Público para debater estratégias de contenção, assim como, com a Polícia Rodoviária Federal e os órgãos de trânsito.
“Depois desses festejos a gente vai sentar para ver. A gente entende também que é importante que esses órgãos chamem para si a responsabilidade. A gente não pode trabalhar só com a questão punitiva, a gente tem que trabalhar com a questão educativa. Volto a dizer, o problema não é o veículo em si. Mas o problema é quem dirige, a responsabilidade tem que ser de quem dirige. E a gente lembra também que não é só a questão da lesão do próprio condutor, mas as pessoas que estão à volta e que também muitas vezes se acidentam por isso”, explicou.
Nos finais de semana, o número de acidentes aumenta ainda mais, porque há um maior número de pessoas ingerindo bebidas alcoólicas, o que também afeta ainda mais a demanda de atendimentos do hospital.
“Quando chega essa demanda é ainda mais complicado para nós trabalharmos, porque a função do profissional de saúde atender. Mas a gente não quer atender por atender. A gente quer atender pela questão da qualidade, que é isso que o Clériston preza. Então muitas vezes quando tem muita gente, fica difícil a gente trabalhar. Às vezes os familiares não entendem, às vezes o próprio paciente não entende, então isso faz com que o plantão fique mais tenso, fique mais nervoso. Mas a função do Clériston é cada vez mais salvar e preservar vidas.”, ressaltou, pontuando também a importância de conscientizar os condutores e seus familiares.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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