Outubro Rosa

Auxiliar administrativa revela que sua vida mudou para melhor após vencer o câncer de mama

Ela conta que descobriu a doença em 2016 aos 33 anos e quase dois anos depois, se considera uma nova mulher.

Rachel Pinto

O outubro rosa é o mês que pauta com muita ênfase a conscientização e prevenção do câncer de mama. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é que 59.700 novos casos de câncer ocorram a cada ano do biênio 2018 – 2019. O risco estimado é de 56,33 casos a cada 100 mil mulheres. A incidência da doença é diretamente relacionada a idade das mulheres, o risco aumenta muito após os 50 anos de idade e cerca de 80% dos casos são diagnosticados nessa faixa etária. No entanto, mulheres jovens abaixo dos 40 anos também podem desenvolver a doença. A incidência é de 7% e cada vez mais as campanhas de prevenção chamam a atenção para que todas as mulheres façam o autoexame e percebam se há algum tipo de alteração nas mamas.

O tratamento do câncer de mama pode acontecer com a quimioterapia, radioterapia e também a mastectomia que é a retirada das mamas. Os estágios da doença e do tratamento são desafiadores para muitas mulheres e todas que passam por essa experiência relatam um processo doloroso, de muito aprendizado e transformação. O diagnóstico da doença leva muitas mulheres a acreditarem que pode ser o fim da vida, mas a cada fase, elas percebem que existe sim vida após o câncer, a saúde e a possibilidade da cura definitiva.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

A auxiliar administrativa Ana Paula Santos Melo, de 34 anos é um desses exemplos que existe vida após o câncer e uma vida muito melhor. Ela conta que descobriu a doença em 2016 aos 33 anos e quase dois anos depois, se considera uma nova mulher. Mais forte, mais madura e mais feliz. Ana teve um nódulo maligno na mama esquerda e passou por todas as etapas do tratamento, inclusive a mastectomia.

Segundo ela, por alguns momentos houve desânimo e pensamentos de que não iria coseguir vencer essa batalha, mas com fé, apoio da família, amigos e muita confiança ela nunca deixou de acreditar que ficaria curada.

“O câncer estava em estado avançado e tratamento foi muito doloroso. A ficha só começou a cair com o tempo. Mas, eu consegui. Passei pelo processo que não foi fácil e estou aqui, estou bem. Sei que tudo isso aconteceu e teve um propósito. Tive momentos que fiquei muito mal, fui internada, mas tive o meu momento. De saber que Deus tem um projeto para Paula. Agora eu quero ajudar outras pessoas”, afirmou.


Autoestima

Durante a quimioterapia Paula viu seus cabelos longos, loiros e platinados caírem. Ficou careca durante um bom tempo e após a retirada da mama sentiu que ficou com a autoestima abalada. O jeito extrovertido e a vontade que tem de viver foram fundamentais para que que reagisse e tirasse de todo o processo uma lição.

Foto: Arquivo Pessoal | Ana Paula durante o tratamento de quimioterapia

Paula relatou que era uma pessoa muita acelerada, tinha muitas preocupações e às vezes situações simples de conflito do dia a dia lhe tiravam o sossego e lhe afetavam bastante. Ao ponto de não dedicar o tempo para se cuidar, ter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas. O câncer da auxiliar administrativa não teve influência genética e para ela, os seus maus hábitos de vida foram os grandes desencadeadores da doença.

Agora vivendo a fase de uma nova Ana Paula, ela confirma a frase que existe vida após o câncer e uma vida diferente, mais tranquila, com mais cuidados, saúde e reflexões.

“Claro que tudo isso mexeu com a minha autoestima. Cheguei a pensar que nenhuma pessoa iria querer namorar comigo pelo fato de não ter o seio, por exemplo. Mas, depois que passa a gente vê o quando pequenas coisas têm valor. Eu era loira, tinhas os cabelos impecáveis e não ficava uma semana sem escová-los. Não saia de casa se eles não tivessem arrumados. Perdi todo o cabelo, fiquei carequinha e vi o quanto isso é pequeno. Hoje eles estão crescidos eu os acho lindos assim naturais, me acho linda do jeito que estou. Antes do câncer eu me estressava com tudo, reclamava, me chateava, tinha uma alimentação muito desregrada e não tinha os cuidados que eu mereço. Agora o que importa é ter saúde, estar bem e eu quero muito aproveitar essa oportunidade e fazer diferente. A vida é boa e a gente tem que olhar para ela com mais amor”, ressaltou.

Foto: Arquivo Pessoal | Ana Paula com os cabelos longos e loiros antes de descobrir o câncer de mama

Ensaio fotográfico sensual

Paula está curada e o seu próximo passo será passar pela cirurgia de reconstrução da mama. Com tudo encaminhado ela declara que está ansiosa para chegar logo a hora e depois de passar dois anos de colocar a prótese, segundo as recomendações médicas poderá realizar um de seus grandes sonhos que é ser mãe.

Durante o câncer Paula vivenciou ainda o término de um relacionamento amoroso de muitos anos. Passou por muito sofrimento e há quatro meses está redescobrindo o amor ao lado de outra pessoa que de acordo com ela, tem um melhor entendimento da sua personalidade e das suas vivências com câncer.

Passar pelo câncer, revelou a Paula uma mulher mais forte e segura de si e também com a sua aparência. Ela foi convidada por duas fotógrafas do Projeto Autêntica Dreams @autenticadreams, para protagonizar com mais 13 mulheres que também passaram pelo câncer de mama um ensaio fotográfico sensual.

Foto: Autêntica Dreams

“Eu nunca tinha feito um ensaio fotográfico. Foi maravilhoso e eu adorei. Me senti super linda. Sinto que eu estou renascendo. Hoje eu faço as coisas primeiramente para me agradar e não para agradar os outros”, frisou.

Foto: Autêntica Dreams

Reclamar não é mais o lema da vida de Paula. Muito alto astral ela transmite para as pessoas todo o seu sentimento de gratidão e de fazer cada instante valer a pena. O câncer lhe trouxe amizades, perdas, conquistas e lhe apresentou a chance de se enxergar uma pessoa muito melhor, capaz de transformar a si mesma e ao próximo.

Foto: Autêntica Dreams
 

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