Feira de Santana
Audiência Pública: deputado e secretário travam forte discussão sobre shopping popular
Representantes de entidades de vendedores ambulantes da cidade e pessoas interessadas no assunto lotaram a galeria da Casa da Cidadania.
Daniela Cardoso e Ney Silva
O deputado federal Fernando Torres e o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Trabalho, Antônio Carlos Borges Junior, travaram um intenso debate na manhã desta sexta-feira (4) durante audiência pública realizada na Câmara Municipal de Feira de Santana para debater a construção do Shopping Popular. Representantes de entidades de vendedores ambulantes da cidade e pessoas interessadas no assunto lotaram a galeria da Casa da Cidadania.
O deputado Fernando Torres defendeu que o terreno onde será construído o shopping popular deveria ser vendido ou colocado para leilão e não ser cedido a uma empresa privada, para funcionar com uma PPP (Parceria Público/Provado), como está previsto para ocorrer.
“O terreno é nosso, é do povo e a gente sabe que tem empresas que pagariam os 60 milhões reais que vale. O secretário enrolou e não disse nada. Estamos cansados. Eu saio mais preocupado ainda. Nada foi respondido. Acho que esse será o maior golpe imobiliário de Feira de Santana. Chame o cacique e diga que ele novamente errou. Espero que o prefeito volte atrás desse projeto, pois tudo indica que terá corrupção”, disse.
O secretário Carlos Borges Junior, em resposta ao deputado, disse que ele precisa se embasar, antes de entrar em uma discussão sobre o assunto, para não dar ‘tiro no próprio pé’. Ele defendeu que o projeto não deve virar palanque político.
“Estou aqui para responder a qualquer questionamento e para discutir projetos. Essa discussão foi boa para esclarecer a opinião pública. A gente quer que as pessoas se embasem melhor, para que essas discussões sejam para a cidade”, afirmou.
Carlos Borges Junior defendeu o modelo de administração PPP, mas informou que nenhuma empresa ainda está definida. “Se eu posso ter um modelo de concessão, onde tudo que for construído posteriormente ficará para o município, porque eu vou vender o terreno? Não se pode vender uma área pública, isso é inconstitucional. Mas se o senhor deputado tiver uma alternativa melhor, me apresente”, desafiou.
O empresário Elias Tergilene, da empresa Pio Investe, que está fazendo estudos para saber a viabilidade da construção do shopping popular na cidade, considerou que a audiência tratou de interesses políticos e não dos interesses dos vendedores ambulantes.
“É importante que de agora para a frente sejam tratados os interesses dos vendedores. Estão confundindo concessão com doação, interesse político com interesse coletivo. Isso é uma pena. As pessoas precisam vir para o debate fundamentadas, sabendo como funciona o processo, para que assim possam contribuir” opinou.
Elias Tergilene destacou que a empresa está na fase de estudos e que ainda não tem nada definido sobre quem vai assumir a administração do shopping popular. “Vamos participar de uma licitação e várias empresas que estejam habilitadas também podem participar. Nós não vamos assumir nada. Apenas estamos fazendo os estudos”, frisou.
O presidente do Sindicato dos Vendedores Ambulantes de Feira de Santana, Nelson Dias, também disse que não ia entrar em questões políticas. Ele afirmou que conhece bem a realidade dos vendedores ambulantes da cidade e que o projeto será muito bom para tirar esses camelôs das ruas. “A realidade do nosso centro hoje é vergonhosa e necessita de um projeto como esse”.
O vereador Beldes Ramos (PT), que é autor do requerimento que resultou na realização da audiência, afirmou que a proposta foi levar o debate para a sociedade, para que ela tenha conhecimento de como está sendo o processo da construção do shopping popular, que, segundo ele, é uma necessidade atual da cidade. “Partindo desse princípio, pois é algo que vai interferir na vida da sociedade, é um projeto que precisa ser discutido”, declarou.
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