
Na manhã deste 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, um ato realizado em Feira de Santana reafirmou o protagonismo feminino e as causas que mais afetam o grupo. Entre as diversas pautas do evento, que ocorreu na Praça de Alimentação da Avenida Getúlio Vargas, estão o combate à violência de gênero, ao machismo, à precarização de salários e o combate a todas as formas de opressão.
Além do grande número de mulheres, o evento contou com a participação de membros de diversos movimentos sociais da cidade, sindicatos e representantes partidários. Durante toda a manhã, foi possível ver diversas manifestações de apoio às causas femininas, com o único objetivo de fortalecer o “ser mulher” em todo o mundo.
Mulher: luta constante
Bianca Nunes, presidente do diretório municipal do PSOL em Feira de Santana, disse durante o evento que o Dia da Mulher é uma data que serve para lembrar as lutas históricas do grupo. Para ela, o evento foi uma oportunidade de amplificar vozes e dar mais visibilidade a questões sensíveis.
“A data é importante para a gente demarcar a resistência, inclusive aqui no Brasil, em que a gente vive violência política diariamente. Essa data é significativa justamente por isso, porque a gente utiliza esse espaço para dar voz, não só nas ruas, mas nas redes, escolas, universidades ou em qualquer âmbito que a gente puder, a todos esses direitos que sempre foram negados”, disse Bianca.
Mulher: jornadas exaustivas
Bianca lembrou que, no campo trabalhista, as mulheres já conseguiram ampliar muitos direitos, mas ainda assim as conquistas não foram suficientes para extinguir a desigualdade salarial em relação aos homens.
“Nós, mulheres, temos uma carga de trabalho maior, porque não é só esse trabalho remunerado, que é mal remunerado, mas também tem o trabalho doméstico, que sempre cai em cima das mulheres. Então, a gente é mal remunerada pelo trabalho que exercemos fora de casa e não somos remuneradas pelo trabalho que a gente exerce dentro de casa”, disse a presidente do PSOL.
Adriana Lima, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Feira de Santana, complementou a fala da colega, afirmando que ser mulher é quase como assinar um contrato para exercer uma jornada dupla.
“Eu não digo nem dupla, a mulher tem uma jornada tripla, porque é difícil a mulher parar para sentar, sempre ela está com disposição nos afazeres, não só domésticos. Ela está sempre em prol, não só da sua vida, mas de toda uma comunidade, de toda a sociedade. Sempre buscando o melhor onde ela está”, disse.
Mulher: dona de todos os dias
Lima reforçou que o 8 de Março é um dia importante, mas deve ser vivido sabendo que é uma data para reforçar a luta das mulheres. Para a presidente do sindicato dos trabalhadores rurais de Feira de Santana, o dia é para resistir e refletir sobre a importância da mulher na sociedade.
“A mulher é resistente, tem força, vibra, a mulher é a essência da sociedade. A mulher é pau para toda obra, em todos os espaços. Quando a gente chega a um espaço que não tem mulher, a gente sente a diferença. A mulher tem aquela maneira de acolher, a maneira de seus afazeres é diferente, isso é essência”, disse Adriana.
Mulher: história de resistência
O deputado federal Zé Neto (PT) também participou do ato. Em entrevista ao Acorda Cidade, o parlamentar lembrou que os movimentos sociais estão sempre abraçando as causas das mulheres. Muito feliz, por segundo ele, ter reencontrado amigas de longas datas, o deputado sinalizou que ainda há muito a se fazer pelo protagonismo feminino no Brasil.
“Ainda é uma luta muito consistente, por incrível que pareça. As mulheres ocuparam muito espaço, avançaram de forma muito contundente nas últimas décadas, mas ainda acabam recebendo salários menores. É sempre importante todos os dias, mas hoje, 8 de março, é um dia a mais para que essas reflexões sejam feitas e a gente possa externar, publicizar e dar relevância a esses temas”, disse o deputado.
Mulher: um símbolo
Ana Paula Alves, trabalhadora rural do distrito da Matinha, lembrou a diversidade de simbolismos que cada mulher carrega, ao reforçar também que a data é muito mais do que um dia para apenas comemorar.
“Esse ato reforça a importância de sermos fortes, resistentes, correr atrás de todos os nossos direitos e igualdade para todos e todas. Se tratando de ser uma mulher preta, quilombola, a gente tem uma missão ainda maior: enfrentar o racismo, o preconceito e não deixar de existir ou baixar a cabeça”, disse Ana Paula.
“Hoje é um dia de reflexão, um dia de luta e também para conquistas. Essa manifestação é contra o feminicídio, a violência doméstica, no trabalho e o assédio, que em muitas empresas ainda acontece. Falar sobre feminicídio é terrível, porque como é que um homem tira a vida de uma mulher que, em um determinado tempo, conviveu com ele? Às vezes tem filhos com ele. O agressor também veio de uma mulher que deu a vida a ele. Então, as mulheres são a luz do mundo”, completou a assistente social Sônia Passos.
Mulher: uma luta de todos
João Câncio foi um dos muitos homens que participaram do evento, dando apoio à causa das mulheres. O integrante do Pajéu, movimento estudantil da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), destacou o ato como uma ação necessária para combater todo tipo de violência de gênero.
“O 8 de Março não é um dia para dar flores às mulheres, mas para lutar por direitos. É uma data para que a gente coloque em mente que é um dia para reafirmar essa luta constante pelos direitos das mulheres. Diferente do que boa parte da sociedade capitalista impõe, que é um dia para celebrar, para dar flores, dar bombons, a gente está aqui para lutar por direitos e reafirmar que essa luta é cotidiana”, concluiu João.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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