Gabriel Gonçalves
A Associação de mães com filhos autistas foi criada em Feira de Santana a partir das dificuldades encontradas no tratamento dos autistas através do Sistema Único de Saúde (SUS). O autismo é considerado como um transtorno neurológico caracterizado por comprometimento da interação social, comunicação verbal e não verbal.
Como forma de melhorar a qualidade de vida e oferecer tratamentos adequados, Kamilly Alves Cundes, que é mãe de gêmeos autistas de apenas cinco anos de idade, teve a ideia de criar um espaço específico de interação e acolhimento para mães com filhos autistas. Em entrevista ao Acorda Cidade, a presidente da associação, explicou que levou em média dois anos para por a ideia em prática.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Eu tenho filhos gêmeos de cinco anos de idade e sempre tive muitas dificuldades para conseguir o tratamento para eles pelo SUS, foi quando eu tive a ideia de criar uma associação para as mães com filhos autistas, como forma de se unir e dar um tratamento adequado para eles. Eu fiquei dois anos buscando alguns parceiros para que esse projeto viesse a ser realizado, mas não consegui. Somente no ano passado através de um advogado que abraçou a causa, conseguimos abrir a instituição e hoje oferecemos vários atendimento a essas crianças do TEA [Transtorno do Espectro do Autismo]", explicou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Sem fins lucrativos, a Associação funciona três vezes na semana, às segundas, quartas e sextas, oferecendo atendimentos com profissionais de terapia ocupacional, fonoaudiologia, neuropediatra, nutrição e psicopedagogia. Mas para dar continuidade a todos os atendimentos, a unidade está realizando no dia 28 de fevereiro um bazar beneficente no sentido de arrecadar fundos para auxiliar no tratamento das crianças autistas.
"Nosso maior objetivo é dar um tratamento de qualidade a essas crianças e buscar mães que queiram dar esse tratamento adequado para os filhos, abraçando não só as crianças com autismo, mas também com síndrome de down. Estamos procurando parceiros não só para ajudar financeiramente, mas para manter a associação e por isso estamos realizando no mês de fevereiro um bazar beneficente como forma de arrecadar fundos na manutenção da instituição", destacou ao Acorda Cidade.
De acordo com a presidente da associação, cerca de 16 crianças são atendidas pelos profissionais. Para evitar aglomeração, todo tratamento está sendo realizado de forma agendada.
"Dentro dos três dias de atendimento na semana, chegamos a atender cerca de 16 crianças. Geralmente atendemos seis pela manhã, seis pela tarde, tem dias que ultrapassamos esse quantitativo para que nenhuma criança fique sem o atendimento, porque muitas mães estão vindo de longe e dos distritos. Quem desejar participar da nossa associação, pode entrar em contato e realizamos um cadastro. A mãe dessa criança precisa pagar uma mensalidade no valor de R$ 100,00", disse.
Inabella dos Santos Dias, mãe da pequena Sophia, faz parte da Associação e explicou quando começou a identificar o autismo na filha.
"Eu comecei a perceber a partir dos três anos de idade quando ela começou a se isolar na escola, teve regressão na fala e passou a deixar de falar as palavrinhas que costumava dizer. Apresentou balanço das mãos, andar nas pontas dos pés e a escola também começou a perceber. Foi muito difícil achar um diagnóstico. Infelizmente não temos esse amparo necessário, mas agora no finalzinho de 2020, o diagnóstico foi concluído como autismo moderado", explicou Inabella.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Após o início das terapias, Sophia melhorou nas interações principalmente com outras crianças. De acordo com Inabella a filha está tendo todo auxílio dentro da associação. Ela enfatizou que a rede de apoio é necessária para dar continuidade ao tratamento.
"É uma convivência árdua, mas com as terapias e com todo acompanhamento Sophia tem melhorado bastante na questão de interação, seja aqui na associação, ou com outras crianças, o que tem facilitado no desenvolvimento dela. Eu descobri a associação através das redes sociais e fomos bem acolhidas. Tem sido um grande aparo para ela enquanto paciente, como para mim, como mãe ter todo esse apoio jurídico, psicológico porque é necessário", finalizou.
Para realização do bazar beneficente, a Associação está precisando de doações como sapatos, roupas e utensílios para o lar. Para realizar a doação, os interessados podem entregar diretamente na instituição, localizada na rua Canto do Buriti, nº 25, bairro Conceição II.
Telefone para contato: (75) 99103-1339
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade