Feira de Santana

Associação de Engenheiros discute sistema BRT de Feira de Santana

A ideia é realizar um seminário e apresentar uma posição definida sobre esse transporte.

Daniela Cardoso e Ney Silva

A Associação Feirense de Engenheiros (Afeng) promoveu na noite de terça-feira (28), um debate sobre o BRT, novo modal de transporte proposto pela Prefeitura. A entidade pretende realizar um seminário e apresentar uma posição definida sobre esse transporte. Na opinião do professor de economia da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Antonio Rosevaldo Ferreira, é necessário observar a mobilidade urbana.

“Mobilidade urbana não é só carros e ônibus. Mobilidade urbana é um conceito que envolve deslocamento de pessoas pela cidade. Com nove quilômetros de BRT projetado é impossível dizer que vai resolver os problemas da cidade. Tem pessoas que moram no Sobradinho, no Campo Limpo, Feira X e que precisam se deslocar no dia a dia. Eu preciso identificar como será esse deslocamento, não só de ônibus, mas em diversos modais”, observou.

No Brasil inteiro, de acordo com Rosevaldo, existem problemas operacionais em alguns BRTs. Ele considera que o sistema pode ser sucesso, mas que também pode ser fracasso e destaca que o BRT precisa de um sistema alimentador, além de ser projetado para o futuro.

“Entre os problemas que são apontados nos BRTs já existentes no Brasil, está a logística de compra de passagem com aglomeração de pessoas em filas, o vandalismo que existe nas estações, além da questão dos acidentes. Recentemente uma criança de seis anos ficou com o braço preso na porta do BRT do Rio de janeiro. Se isso ocorre em outros locais, temos que evitar esses erros”, destacou.

O engenheiro Bruno Fernandes Araújo Sodré, que analisou o projeto BRT, diz que esse novo sistema de transporte não vai atender as necessidades de Feira de Santana. Ele afirma que o BRT parece uma repetição do SIT, pois não reformula as linhas.

“As linhas atuais de bairros que não são atendidos pelos corredores continuam sendo jogadas no terminal central. A principal questão técnica a ser pontuada sobre o corredor BRT e o sistema de transporte é que ele não foi desenhado para atender as necessidades da cidade. Eu tenho dois bairros populosos, que é o Tomba e o Campo Limpo, e esse grande público não é atendido pelo corredor Getúlio Vargas e nem pelo corredor João Durval, já que é só na parte norte da avenida. De maneira inicial se nota que não atende a geometria da cidade”, analisou.

Sobre a questão da possibilidade de acidentes, que foi destacada pelo professor Rosevaldo, o engenheiro Bruno Fernandes afirma que os estudos das normas técnicas que regem a questão de transporte rápido por ônibus, como é o caso do BRT, mostram vários gráficos onde relaciona a velocidade do modal com acidentes, inclusive com fatalidade. De acordo com ele, isso significa que quanto maior a velocidade, maiores as chances de acidentes e maior a fatalidade.

“Então se a gente está pensando em um transporte rápido para a Avenida Getúlio Vargas, parece que a princípio a tendência é ter acidentes. Porém existe uma responsabilidade nisso. Está sendo proposto um corredor de ônibus rápido, mas em uma avenida que vai ter, em sua totalidade, depois que for feita todas as intervenções, 13 cruzamentos. De fato, o ônibus não poderá ser rápido e, dessa forma, uma alternativa a esse corredor de ônibus rápido seria um BRS, que é um sistema com menos impacto ambiental, que não sacrificaria as árvores e atenderia a velocidade e a demanda do corredor”, explicou.

O presidente interino da Associação Feirense de Engenheiros, Sérgio Ricardo Dias Marques, diz que a preocupação da entidade é entender a proposta do BRT para Feira de Santana.

“A partir do momento que a gente compreende e entende um projeto, a gente vai analisar se ele é viável para a cidade e se ele vai realmente corresponder com a proposta que é de resolver o problema da mobilidade urbana do transporte. Nós mobilizamos a classe para fazer um estudo e trazer soluções junto com empresas e com entidades que se preocupam com o sistema. Analisando o projeto, a gente verifica que existem algumas inconformidades, então estamos nos aprofundando nesse estudo”, afirmou.
 

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