Neste 8 de maio, é celebrado o Dia do Artista Plástico, o responsável por dar vida às expressões artísticas que acompanham a humanidade. A arte visual é produto das relações humanas que transmitem percepções, culturas, modos e ações da sociedade. Nesse ramo lúdico de mostrar o mundo, o artista plástico é o criador do imaginário no passado, presente e até mesmo do que estar por vir.
No Brasil, a data foi instituída em 1950 para homenagear os artistas através da figura de José Ferraz de Almeida Júnior, grande pintor paulistano do século XIX, que se destacou trazendo a brasilidade regional através de suas telas.
Trazendo esse legado para Feira de Santana, o Acorda Cidade conversou com o Artista Plástico, Antônio Carvalho, que contou um pouco sobre sua trajetória como artista em Feira de Santana. Há 52 anos morando na cidade, ele já se considera feirense de coração.
Desde pequeno, ele se destacava nas aulas de artes através dos seus desenhos, tirando sempre as melhores notas e elogios das professoras. Seu primeiro quadro foi pintado aos 13 anos, uma obra de óleo sobre tela, que representava o interior de uma cidade em Pernambuco, onde passou parte de sua infância.
Durante a adolescência, ele passou em torno de 10 anos pintando, mas ao chegar à vida adulta parou de se dedicar à arte e entrou para academia. Se formou em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Feira de Santana e seguiu trabalhando na área. A vida caminhou e ele casou, teve duas filhas, virou concursado da Receita Federal no município e passou quase 27 anos sem produzir suas obras.
Mas a inquietação por recriar a vida através da arte não passou. Ao completar 50 anos, a arte retornou a sua vida, dando lugar a novos olhares e expressões que estão à sua volta. Em 2014 ele retomou sua produção.
“Aos 50 anos, a arte que pulsava em mim voltou e com toda força. Desde então, não parei mais de pintar, inclusive, no primeiro ano que retornei, enviei minhas obras para uma exposição na Holanda”.
Em Feira de Santana, Antônio Carvalho já conquistou o seu espaço entre as galerias e ambientes culturais da cidade. Já expôs suas obras na Galeria de Arte Carlos Barbosa e nos museus, MRA e MAC, respectivamente, Museu Regional de Arte e de Museu de Arte Contemporânea. Salvador também já foi palco das suas produções, assim como em outros lugares do país e do mundo.
“Em Salvador realizei exposições no Museu de Arte Sacra da Ufba e no Museu de Arte da Bahia. Tenho obras na biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, na Associação Comercial e Empresarial de Feira de Santana, na Mansão do Caminho, em Salvador, em Zwolle na Holanda e em breve teremos uma obra inédita no Fórum Desembargador Filinto Bastos”, revelou.
Criação
Emergido no que produz, Antônio destaca que para criar suas obras é preciso se sensibilizar com o que está a sua volta, a beleza, as cores e formatos definidos, próprios do estilo realista ou hiper realista como ele mesmo descreveu.
“Sinto-me bem em observar uma imagem, uma foto e conseguir reproduzir em tela todos os seus mínimos detalhes. As obras da exposição ‘Ocaso – Aleijadinho, Arte e Fé’ são exemplos dessa técnica”, explicou.
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, foi um dos maiores artistas plásticos barrocos do país. Nascido em Ouro Preto, Minas Gerais, o escultor, arquiteto e carpinteiro se destacou produzindo obras que revelam a religiosidade brasileira na mais pura leveza, simplicidade e perfeição.
Inspirado por Aleijadinho, Antônio Carvalho é influenciado por grandes mestres do realismo, desde os renascentistas, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Sandro Botticelli, Caravaggio, além de outros artistas que dominaram diversas técnicas como Gustav Klimt, Amedeo Modigliani, Van Gogh, Paul Gauguin, Tarsila do Amaral, entre muitos outros.
“Quanto aos temas das obras, minha arte tem um forte viés de arte sacra, além de temas relacionados à natureza e edificações”. Em 2016, ele produziu a exposição ‘Recortes de Feira de Santana’, emoldurando a Princesa do Sertão.
Vida, arte e trabalho
Apesar de se dedicar à arte, Antônio não deixou seu trabalho como servidor público de lado. Tarefa essa que ele também tem orgulho de desempenhar. Há 31 anos ele trabalha a serviço da sociedade.
“Antes eu me apresentava como servidor público e artista plástico, hoje, me apresento como artista plástico que também é um servidor público. Brincadeiras à parte, considero que viver somente da arte é bastante desafiador. Muitas vezes o artista vive intranquilo ou num dilema entre fazer sua arte de forma livre e espontânea, sem amarras comerciais ou produzir obras direcionadas às vendas, muitas vezes por encomenda para conseguir pagar suas contas”, observou.
É claro, que quando o trabalho do artista é valorizado, esse caminho é muito mais saudável. Do contrário, é um longo percurso entre o reconhecimento e o sustento do artista, esclareceu Antônio.
“Quando o artista é muito conhecido e suas obras são valorizadas no mercado, é muito mais fácil viver de arte. Mas para conseguir reconhecimento, o artista tem que trilhar um longo caminho e nem sempre consegue esse objetivo”.
Reforçando essa ideia de que falta valorização da arte, Antônio citou grandes artistas como Van Gogh e Paul Gauguin que só tiveram êxito em suas produções, quando não estavam mais fisicamente presentes na sociedade.
Pensando nas novas formas em que a arte dialoga com o mundo contemporâneo, Antônio contou que toda arte sempre será bem-vinda.
“A arte digital é um reflexo das mudanças que vêm ocorrendo na sociedade, graças ao crescimento exponencial da tecnologia. É algo inexorável, e não podemos dar de ombros, fechar os olhos quanto a essa nova forma de arte. Mas devemos lembrar que as ferramentas tecnológicas utilizadas para elaborar essas obras podem tanto ajudar o artista em suas produções de arte tradicional, como também serem utilizadas de forma sistemática em ambiente comercial, retirando os espaços que os artistas plásticos conseguiram a muito custo”, pontuou.
Além disso, Antônio destacou o quanto as ferramentas produzidas pela Inteligência Artificial são baseadas no que o ser humano produziu ao longo da humanidade. Ele ainda reforçou a importância de se celebrar o Dia do Artista Plástico.
“Não podemos esquecer que a máquina melhora, mas não tem a criatividade que o ser humano tem. Essa data comemorativa é um convite à reflexão sobre a importância do artista e das artes plásticas em nossa sociedade. Cada obra de um artista plástico é o reflexo de sua visão única, de sua técnica e da mensagem que deseja expressar com sua arte. Uma expressão singular de sentimentos. Neste dia cabe divulgar, expandir, conscientizar a sociedade quanto a importância do artista e da arte que produz”.
Confira mais imagens das obras de Antônio Carvalho:
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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