Setembro Surdo

Aprender Libras é o primeiro passo para contribuir com a comunidade dos surdos

Em Feira de Santana há cerca de três mil surdos que precisam do amparo da Lei Brasileira de Inclusão, nº 13.146/2015.

Foto: Freepik
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A primeira maneira que aprendemos a comunicar é através da linguagem de sinais. Desde a infância, mesmo antes de falar, os seres humanos usam gestos para expressar seus sentimentos e necessidades. Em todo o mundo, cada país tem sua própria língua de sinais única. No Brasil, esse idioma é a Libras.

Este mês, em comemoração ao Dia Nacional do Surdo, celebrado neste sábado (23), a campanha “Setembro Surdo” destaca a importância da inclusão das pessoas surdas na sociedade. Ela visa garantir que essas pessoas tenham acesso aos direitos fundamentais, como informação e saúde, e sejam plenamente integradas na sociedade.

Ao Acorda Cidade, a professora de Libras, Ana Alves, trouxe mais do papel das línguas na comunicação social, principalmente entre todas as pessoas. Para ela, sem a informação, deixamos de desfrutar os benefícios a que se tem direito.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Comunicar é transmitir o pensamento, porque uma vez que você não se consegue compreender o que o outro quer dizer e também não consegue exprimir seus sentimentos e ideias, desenvolver-se na vida familiar e social, participar da economia através do trabalho, você fica isolado e se torna um ser inexistente”, observou.

As dificuldades enfrentadas pelo público são gigantes quando pensamos na acessibilidade em escolas, nos lugares públicos, no mercado de trabalho, que não oferecem as mínimas condições para os surdos participarem efetivamente da sociedade.

“O mínimo viável da comunicação não existe, faltam profissionais intérpretes, recursos de comunicação visual, um letreiro, um mural, algo que o surdo tenha acesso à informação. Falta conscientização por parte dos serviços públicos. Algumas empresas na hora de contratar o chamado PCD, quando o surdo ele é bilateral total, ele tem surdez nos dois ouvidos, ele não é oralizado, ele não sabe o português escrito, não lhe é dada a oportunidade de trabalho”, pontuou.

Segundo a professora, em Feira de Santana há cerca de três mil surdos que precisam do amparo da lei nº 13.146/2015, Lei Brasileira de Inclusão e principalmente da empatia da sociedade para fazer valer esses direitos de igualdade e cidadania.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade | Na foto acima, a professora diz ‘eu te amo’ em libras.

Antes, a campanha era chamada de Setembro Azul, mas esse nome foi transformado. Na história, por volta de 1933, o governo nazista criou a “Lei de Prevenção de Doenças Hereditárias”, que autorizava a esterilização via genocídio de diversas pessoas com deficiências físicas e mentais. Atualmente, a comunidade está ressignificando para Setembro Surdo.

Este mês, diversos eventos estão acontecendo em igrejas, universidades e associações. No próximo dia 29, às 18h30, vai acontecer a 1ª edição do Libras e Café, promovido pelo Núcleo de Surdos Empreendedores (Nuse), na Associação Comercial e Empresarial de Feira de Santana (Acefs). O projeto é pioneiro no país, onde surdos são protagonistas de suas histórias, no empreendedorismo, na geração de empregos e empresas.

Foto: Freepik

Para a professora, o evento é uma oportunidade para que os ouvintes tenham um contato direto com a pessoa surda e a língua de sinais.

Foto: Divulgação

“O nosso principal papel é fomentar, incentivar as pessoas ouvintes a conhecerem a língua de sinais e principalmente instigar as pessoas ouvintes, a aprender em libras. É nosso compromisso defender o direito da pessoa surda, fazer com que ela tenha acesso à informação, à educação e fazer com que a língua materna, que é a de sinais, seja a primeira língua usada com essa pessoa”, explicou.

Segundo a professora, para que realmente haja a inclusão, as pessoas precisam enxergar os surdos na sociedade. Aprender a se comunicar com eles é fundamental nesse processo.

“Vamos pensar no básico, aprender Libras já é uma grande ajuda. Segundo, conhecer a comunidade surda, estando onde ele está, às igrejas, associações, shoppings, tem surdo em todo lugar, mas às vezes eles passam despercebidos, porque não usa uma bengala ou cão guia como o cego. É mais fácil a gente perceber a pessoa amputada ou com down, mas a surda não. Você pode estar no ponto, no banco, na fila, ele ser um surdo e você não ter a mínima noção, então começar a conviver e observar em volta, com certeza as pessoas vão perceber e esse é um momento de nós mostrarmos, existe um surdo. Venha aprender Libras!”, finalizou.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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AUREA LUCIA PIMENTEL GOMES DOS SANTOS

Sou Pedagoga, com pós em Libras, e agora faço o curso Técnico em Libras, o primeiro no Brasil, na escola Pedro II no Campus de Niterói -RJ. Mas antes de tudo isso, sou baiana, de Feira de Santana. Então, muito feliz com está iniciativa! A minha cidade está fazendo jus ao seu crescimento agindo dessa forma. Espero que as escolas TB estejam sendo agraciadas com seus devidos intérpretes, melhorando com isso, a comunicação dos nossos amigos surdos! Mas já este trabalho, meus parabéns!

Jocerlaine faete antunes

Gostaria de.aprender linha brasileira de sinais.

Danilo Dos Santos

“Excelente,essa matéria para a inclusão,E melhor ainda com a melhor Professora de libras e intérprete Ana Alves”…