Aos 35 anos de idade, a dona de casa Luciene da Silva Souza Rios relembra com alegria e muita gratidão a superação dos desafios que precisou enfrentar para continuar correndo atrás dos seus sonhos e realizando o que ama, que é jogar tênis.
Em 2018, a tenista amadora foi diagnosticada com câncer de mama e precisou se afastar da quadra de esporte. Além disso, por conta do tratamento e as implicações da doença, os médicos a alertaram que não poderia mais jogar tênis.
Em entrevista ao Acorda Cidade, Luciene Rios relatou como a fé e a vontade de continuar fazendo o que gosta a fez resistir e lutar pela cura.
“Comecei a praticar o tênis desde 2014, fui apresentada ainda garota, só que é um esporte elitizado e eu não tinha condições. Me apaixonei, mas não tinha como dar continuidade. Em 2014, eu retornei para poder jogar, já tinha me casado e tinha um poder aquisitivo melhor. Em 2018, fui acometida por um câncer de mama e fiquei impossibilitada de jogar, pois tive que fazer uma cirurgia e esvaziamento de axila. A primeira coisa que perguntei ao meu médico era se eu poderia voltar a jogar”, contou a atleta.
Amor ao esporte, mas à distância
Segundo Luciene Rios, ela ficou 4 anos afastada do esporte. Neste período, realizou a cirurgia de retirada da mama e todo o tratamento. Ainda em recuperação, a dona de casa percebeu que o sonho de ser jogadora profissional não estava perdido.
“Me afastei do tênis durante 4 anos, fiz a cirurgia e foi muito positiva. Nunca me esqueço que o mastologista que fez minha cirurgia foi me visitar e pediu para eu apertar a mão dele e levantar o braço. Eu suspendi e foi lá em cima. Ele disse: ‘Não acredito! Todo mundo que faz a cirurgia não aguenta pegar nem no cabelo’. E eu falei: ‘Doutor, tu vai ver que eu vou voltar a jogar.’ Eles não acreditavam, mas como a fé para muitos é loucura, eu nunca desisti e sempre acreditei no meu Deus.”
O sonho de competir
Agora recuperada da doença, a tenista decidiu que não queria mais só fazer aulas e jogar por jogar, gostaria de participar de torneios.
“Primeiro, porque eu quero competir, e segundo, para que eu leve minha história para outras mulheres. Eu só tinha duas coisas a fazer: sentar, chorar e morrer, ou lutar para viver, e foi isso que eu fiz, lutei para viver. Eu posso dizer com propriedade que venci o câncer. O triplo negativo ainda não tem cura, mas meu médico me disse que se em dois ou três anos se ele não voltar, há uma chance de não retornar mais, mas se acontecer, é metástase. Graças a Deus, estou aqui hoje para honra e glória do meu Deus.”
Descoberta da doença
Ainda conforme a dona de casa, que é mãe de duas filhas adolescentes, foi através do tênis que ela descobriu que tinha câncer.
“Essa descoberta ocorreu através do tênis. Saí da minha casa com minhas duas mamas perfeitas, em um jogo de raquete, num movimento, o nódulo subiu. O câncer foi o triplo negativo, mas eu reagi com muita positividade. Hoje em dia faço acompanhamento a cada seis meses e em agosto do ano passado que fui liberada para jogar, foi uma alegria tão grande, que jamais imaginei.”
A tenista ainda se sente grata por todas as pessoas que a ajudaram a retomar os treinos, pois devido ao tempo que ficou afastada precisou relembrar as jogadas.
“Quando eu voltei era como se eu não soubesse jogar nada, peguei na raquete com aquele receio e não acertei uma bola. O tênis em si é um esporte de damas e cavalheiros e, graças a Deus, tive muitas pessoas que me apoiaram”, contou.
Autoestima
O processo de retirada da mama na cirurgia também não a impediu de continuar seguindo seus objetivos, nem diminuiu sua autoestima.
“Eu não deixei de ser mulher por conta do câncer de mama. Quando eu fiz a cirurgia, tive que fazer a retirada total da mama. Mas sou feliz como mulher, e realizada. Quando as mulheres vêem que tem algo de errado, porque a gente conhece o nosso corpo, que procurem ajuda de imediato,” alerta.
Desafios
Nesta sexta, 10 de março, Luciene Rios irá participar de um evento de tênis em Vitória da Conquista. Ela pediu também o apoio de patrocinadores para continuar se mantendo no esporte, rumo à carreira profissional.
“Quem estiver me ouvindo e for empresário, que possa me ajudar com patrocínios, porque estou indo agora para Vitória da Conquista. Eu não sabia que era tão difícil viver de patrocínio através do esporte, então que invistam. E sou feliz também porque o tênis está sendo conhecido em Feira.”
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram