Feira de Santana

Após suspensão de greve, secretário interino expõe os déficits do transporte público de Feira de Santana

De acordo com Sérgio Carneiro, a sociedade precisa diferenciar o que é público e o que é gratuito.

Foto: Divulgação/Secom
Foto: Divulgação/Secom

A greve dos rodoviários de Feira de Santana que estava prevista para esta sexta-feira (16), foi cancelada ainda no final da tarde de ontem (15), após um acordo para ter reajuste salarial.

A informação foi passada pelo presidente do Sindicato dos Rodoviários, Alberto Nery (veja mais aqui).

Na manhã desta sexta-feira, a reportagem do Acorda Cidade conversou com o secretário interino da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) e secretário de desenvolvimento urbano Sérgio Carneiro, que explicou como foi possível evitar que o município estivesse com apenas 1/3 da frota de ônibus circulando.

Secretário Interino da SMTT
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Eu fui apenas um facilitador entre todos os atores envolvidos, sobre o comando do prefeito Colbert Martins, ele sim foi a liderança determinante para que este acordo fosse feito, contamos com uma equipe, até porque não fui sozinho, tive o apoio do ex-procurador do município Moura Pinho, teve a participação de Andrews Pedra Branca, que possui uma grande experiência na área do transporte, juntamente com o Nery e com o Lima, que é o presidente e o diretor, respectivamente do Sindicato. Todos conhecem o meu histórico de vida e a minha contribuição foi justamente no sentido de resolver o problema. Estamos aqui para tentar resolver os déficits do sistema”, relatou.

De acordo com Sérgio Carneiro, a sociedade precisa diferenciar o que é público e o que é gratuito.

“O povo brasileiro precisa entender que não existe comida grátis, nada é gratuito. Existe o público, que é diferente do gratuito e o público todos pagam. Quando você dá meia passagem para o estudante, a outra metade é a prefeitura que tem que pagar, quando você faz uma tarifa expressa de R$ 0,50, a prefeitura tem que pagar o restante, quando você faz a tarifa de R$ 2, a prefeitura paga a diferença, então todos nós estamos pagando e não há uma vantagem, mesmo para aqueles que pagam R$ 2 pois ele estão pagando de uma outra forma a outra metade, ou seja, estão pagando com o dinheiro do IPTU, do ISS que ele paga, os tributos municipais, estão pagando pelo fundo de participação que o município recebe do governo federal, dos impostos federais que ele pagou, pagando pelos impostos de ICMS que pagou, então este dinheiro é tirado de algum lugar para ser aplicado no transporte”, declarou.

SMTT
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Ainda segundo o secretário interino, o município dispõe de 170 ônibus e após a pandemia, o número de passageiros não foi atingindo como tinha antes.

“Nós temos um sistema de transporte com 170 ônibus e existe um custo para operar, mas que custos são estes? Óleo diesel, salário, vale-transporte, ticket refeição do rodoviário, os encargos sociais, manutenção, depreciação da frota, tudo isso gera custo. Nós tínhamos 55 mil passageiros antes da pandemia e caiu para 13 mil. Com isso, houve um espaço para o transporte clandestino, surgiram os aplicativos, tem gente que faz transporte de carro particular, mesmo sem ser de carro por aplicativo e não estou falando de carona solidária, a pessoa realmente cobra por isso, há os serviços de mototáxi, então tudo isso colaborou para tirar os passageiros dos ônibus, o que interfere no sistema operacional”, disse.

Questionado se pode assumir a pasta definitivamente, Sérgio Carneiro brincou que tem apenas uma semana e já debelou duas chamas, mas parabenizou a Secretaria de Desenvolvimento Urbano.

“Ontem eu completei uma semana que estou aqui e já tive que debelar duas chamas, que foram as duas greves. Estamos administrando as duas secretarias e felizmente depois de dois anos e meio, nós conseguimos colocar no piloto automático, é uma das melhores secretarias que o prefeito Colbert Martins tem, nós percebemos o nível de satisfação dos requerentes, é uma secretaria informatizada, então isso permitiu acumular a de Transporte também, mas eu estou aos poucos tendo esta capacidade de ‘assobiar e chupar cana’ aos poucos, estou me inteirando do que a gente pode fazer, eu sou um advogado, mas também sou administrador de empresas, então temos que atacar as questões estruturais do sistema”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

Leia também: Após reajuste salarial, greve dos rodoviários está suspensa

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LUANA

Só faltou falar da ma qualidade do transporte,nos que dependemos de ônibus penamos,passamos horas no ponto,pegamos ônibus super lotado,ponto de ônibus sem cobertura sem lugar para sentar,seria interessante o pessoal da secretaria de transporte público,fazer um tur pela cidade em horários de pico,nos ônibus Rosa ou Sao Joao,para dai saber o que realmente a população passa todos os dias.

Tiago

Faço uma pergunta. Quem gosta de ficar 30 a 40 minutos ou até mais por um ônibus que com toda certeza vai estar superlotado? Se não tem gente qualificada para administrar uma cidade como Feira de Santana, então não entre na política. A única razão para ter essas opções de transporte citada na reportagem é devido a péssima qualidade no serviço de transporte pública da cidade.

AJENILSON PEREIRA MARTINS

Se os ônibus cumprisse os horários certo ao pé da letra ninguém ia pegar os ligerinhos da vida todo mundo procura uma via alternativa quando alguma coisa não funciona

GERSON SILVA DE ALMEIDA SOUZA

Ajenilson, eu ia comentar exatamente isso.
É uma coisa tão óbvia, mas parece que os gestores e empresários não conseguem (ou fazem de conta que não conseguem) ver isso… 🤦